Nome favorito do governo Lula (PT) para presidir a Câmara a partir do ano que vem, o deputado Antonio Brito (PSD-BA) tem procurado se aproximar também do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na última quinta-feira, 4, o parlamentar esteve com Bolsonaro em Brasília, na sede do PL, e recebeu do líder da direita a medalha de “imbrochável”.
Segundo apurou o Broadcast Político/Coluna, a conversa girou em torno principalmente das Santas Casas – assunto comum entre os dois. O líder do PSD na Câmara já presidiu entidades ligadas aos hospitais na Bahia e tem atuação forte no setor.
O tema é particularmente sensível para Bolsonaro: o ex-presidente foi internado na Santa Casa de Juiz de Fora (MG), em 2018, após sofrer uma facada na campanha eleitoral. Desde então, nutre gratidão pelo hospital.
Logo na chegada para o encontro, Brito tratou de explicar a Bolsonaro uma das principais críticas à sua candidatura na Câmara: o fato de ser visto como governista. O deputado disse que a alcunha é verdadeira, mas vale para todos os governos. Além disso, afirmou que precisa ter proximidade com as gestões federais por conta da defesa das Santas Casas.
O líder do PSD mostrou ao ex-presidente um levantamento do “Basômetro”, uma ferramenta de dados do Estadão sobre o nível de apoio de parlamentares ao Executivo. O que agradou a Bolsonaro foi que Brito apareceu com 87% de governismo durante sua gestão.
No governo Temer, Brito marcou 81%. No segundo mandato de Dilma Rousseff, 69%. Na primeira gestão Dilma, 83%. O “Basômetro” não fez essa medição no atual governo, mas nos bastidores o líder do PSD calcula uma taxa próxima a 95%. Ou seja, é fiel a Lula, mas também cooperou com o governo Bolsonaro.
“Olha, Brito, você está agora com os três is”, disse Bolsonaro, ao entregar a medalha. Os “três is” citados pelo ex-presidente são os adjetivos “imbrochável”, “imorrível” e “incomível”, que ele costuma usar para se referir a si próprio. O ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara, foi um dos que acompanharam a conversa.
No fim de semana, Bolsonaro também deu a medalha ao presidente da Argentina, Javier Milei, seu aliado na região. Também já foram condecorados o jogador Neymar Jr., o coach Pablo Marçal (PRTB) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que deve ter o apoio do ex-presidente para a reeleição.
Procurado pela reportagem, Brito não comentou o encontro com Bolsonaro, mas disse que “para presidir a Câmara, é necessário ter independência, dialogar com todos os deputados de esquerda, direita e centro e garantir igualdade nas pautas de todos no Parlamento.”
Como mostrou o Broadcast Político em junho, Bolsonaro tem dito que apoiará para o comando da Câmara o candidato que o atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), escolher. O deputado alagoano, por sua vez, tem afirmado que indicará um nome ainda em agosto. Com a maior bancada da Casa, com 95 deputados, o PL de Bolsonaro terá papel decisivo.
Além de Brito, os principais pré-candidatos são o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), e o líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (BA), que é o mais próximo de Lira. A eleição ocorre em fevereiro de 2025.
Como mostrou a Coluna do Estadão em maio, Brito ganhou a simpatia de aliados de Bolsonaro ao sugerir um projeto de resolução para dar o nome de Amália Barros ao prêmio de inclusão da Câmara. A deputada, aliada dos bolsonaristas, morreu naquele mês.