A derrota amarga de Guilherme Boulos (PSOL) para Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo deve levá-lo ao divã. Depois de chegar a Brasília como o deputado federal mais votado do Estado e convencer o PT a abrir mão da cabeça de chapa pela primeira vez na história paulistana, o parlamentar sequer conseguiu expandir porcentualmente a votação municipal de quatro anos atrás.
A estagnação reflete, entre outros fatores, sua perda de identidade política ao longo da campanha: no início, um candidato “paz e amor”, que depois perdeu a paciência com Pablo Marçal (PRTB), e no fim retomou o tom ameno com o rival. “Nunes manteve a trajetória, Boulos teve idas e vindas. A crise de identidade é um elemento explicativo”, avaliou à Coluna do Estadão o cientista político Rodrigo Prando, professor do Mackenzie.
Para o docente, a imagem construída e a imagem comunicada são coisas importantes em uma eleição. “No segundo turno, ao atacar no Ricardo Nunes, Boulos entrou em uma contradição. É muito difícil fazer as críticas sem gerar a imagem de radicalidade”, afirmou Prando. “Com essas idas e vindas, foi muito difícil conquistar os indecisos.”