A crise no PSDB de São Paulo chegou a tal ponto que até a comemoração dos 35 anos da sigla teve de ser adiada porque foi boicotada. O ato seria realizado na Assembleia Legislativa (Alesp), neste domingo. Não há indicativo de que será marcada outra data.
A sabotagem ao evento foi articulada num grupo de WhatsApp que reúne os chamados “cabeças brancas”, filiados desde a fundação da sigla. Também contou com a participação da ala ligada ao atual presidente nacional do partido, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
A Coluna teve acesso às mensagens que deixam claro o motivo. O evento havia sido convocado pelo presidente do diretório estadual do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi. “O ‘encontro’ que está sendo chamado na Alesp é do Vinholi, que participou da desfiliação do PSDB do prefeito de Jundiaí e filiação ao PL, junto com Bolsonaro, Tarcísio e Valdemar Costa Neto”, escreveu o ex-senador José Aníbal ao anunciar o adiamento.
Marco Vinholi já não era reconhecido como um tucano raiz e, nos últimos dias virou ‘persona non grata’ na sigla porque participou de encontro do PL que marcou a filiação de cinco prefeitos tucanos ao partido de Jair Bolsonaro.
Em outro trecho da troca de mensagens, um dos filiados reclama que o partido “foi invadido por pessoas que nenhuma identidade tinham com a social democracia”. E mais um integrante do grupo ressalta que é preciso repensar o partido, pois da forma como está “não existe nada a comemorar”.
As mensagens também expõem o projeto de intervenção no diretório paulista. Na conversa, militantes do partido fazem críticas ao ex-governador de São Paulo João Doria, a quem se referem como “corvo”. Eles o responsabilizam por ter colocado pessoas sem identidade com a social democracia dentro do partido.
Vinholi nega que o adiamento tenha relação com a insatisfação de correligionários. Segundo ele, diretórios municipais previam celebrações locais no mesmo dia para o qual o evento na Alesp havia sido marcado. Por isso, preferiu realizá-lo em outra data.