O presidente do Partido Verde (PV), José Luiz Penna, compara a campanha de Pablo Marçal (PRTB) à Prefeitura de São Paulo à de Jânio Quadros à Presidência da República, em 1960. À Coluna do Estadão, Penna argumenta que o ex-presidente se considerava um candidato “antissistema” e fez uma campanha teatral, assim como o influenciador. “Não podemos conviver com campanhas desse tipo”, afirma o dirigente partidário, para quem Marçal “rebaixa e desmoraliza” a disputa em São Paulo.
O PV integra a Federação Brasil da Esperança com PT e PCdoB, que na capital paulista apoia a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). Procurado para comentar as declarações de Penna, o candidato do PRTB não respondeu.
Prefeito de São Paulo entre 1953 e 1955, Jânio Quadros foi eleito presidente da República em 1960 com o jingle “Varre, varre, vassourinha”, uma metáfora sobre a suposta “limpeza” que faria na corrupção do governo. Ele renunciou no ano seguinte, Em 1986, voltou ao comando da capital paulista ainda com a vassoura como símbolo.
Para Mayra Goulart, professora de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a teatralidade é um ponto que aproxima Jânio Quadros, um político experiente que se apresentou como um outsider, e Pablo Marçal, ex-coach que nunca teve um mandato eletivo. “Mas é algo muito comum, sempre tem na eleição”, pondera. “O Pablo Marçal é o antipolítico da vez. Sempre há em processos eleitorais”.
O cientista político da Universidade de São Carlos (UFSCar) Filipe Vicentini Faeti entende que o contexto da eleição de Jânio é muito diferente do atual, o que dificulta um paralelo. “Não consigo fazer esse parâmetro. Atualmente, além da polarização política, temos o desenvolvimento dos meios de comunicação e da internet, que mudou o jeito de se fazer política”.