Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Chance de Milei vencer causa preocupação na esquerda de que onda no poder dure pouco


Candidato que xingou Lula de “comunista raivoso” e defendeu saída da Argentina do Mercosul desponta como favorito na eleição do país vizinho, mas pesquisas indicam segundo turno

Por Roseann Kennedy e Vera Rosa
Atualização:

A eleição deste domingo, 22, na Argentina é motivo de preocupação para a esquerda. O favorito é Javier Milei, que prega o libertarianismo e defende a saída do país vizinho do Mercosul, além do rompimento com o governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pesquisas indicam que haverá segundo turno, em 19 de novembro, mas a dúvida é quem enfrentará Milei: se o atual ministro da Economia, Sergio Massa, ou a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich.

Embora a possível vitória do deputado provoque temor de uma “onda curta” da esquerda na América Latina, cientistas políticos avaliam que, caso ele chegue à Casa Rosada, não se envolverá em campanhas para impulsionar a extrema-direita na região porque terá graves problemas domésticos para resolver. A lista é extensa: vai da hiperinflação à violência, passando por pobreza e desemprego.

De qualquer forma, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro já pegam carona no discurso de Milei, conhecido como “El Loco”. “Javier Gerardo Milei é defensor de pautas como a redução do Estado, a limitação da máquina pública, a liberdade econômica, a defesa da propriedade privada e do livre mercado”, diz trecho de uma carta pública de apoio ao candidato, assinada por 69 deputados federais brasileiros, alguns deles de partidos da base aliada do governo Lula, como PSD, PP, União Brasil e Republicanos.

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O candidato libertário Javier Milei é visto como versão piorada do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Agustin Marcarian/File Photo 

Para o cientista político argentino Leandro Gabiati, um eventual triunfo de Milei, no entanto, em nada influenciará o eleitor no Brasil, na disputa de 2026. “A direita brasileira pode até entrar em efervescência, mas isso é mais retórica”, disse Gabiati à Coluna. “Há uma dinâmica interna que prevalece sobre o contexto regional.”

Na avaliação de Valdir Pucci, mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UNB), a possível vitória de “El Loco” seria importante para a imagem da direita, que nos últimos tempos enfrentou reveses na América Latina, principalmente com a derrota de Bolsonaro. “Mas quem vencer estará preocupado em solucionar as questões econômicas”, afirmou Pucci. “Não vejo que um eventual triunfo de Milei venha a ter impacto na situação de países latino-americanos com governos de esquerda, a não ser que ele consiga resolver os problemas da Argentina.”

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Como mostrou o Estadão, marqueteiros que fizeram campanhas eleitorais de Lula e de Fernando Haddad, hoje titular da Fazenda, estão em Buenos Aires desde agosto, ajudando Sergio Massa, o candidato do peronismo. No diagnóstico de petistas, Milei é a versão piorada de Bolsonaro e seu triunfo seria um desastre.

“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. Preocuparia qualquer um”, admitiu Haddad, em entrevista à agência Reuteurs. “Porque em geral, nas relações internacionais, você não ideologiza a relação.”

Na volta de viagem ao Brasil, no fim de agosto, Massa chamou Lula de ‘gênio’

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Ministro da Economia do governo Alberto Fernández, Massa continua em situação difícil por causa da crise sem trégua na Argentina, com o peso enfraquecido e o custo de vida cada vez mais alto. Publicitários ligados a Lula e ao PT têm trabalhado sem descanso para levá-lo ao segundo turno e montaram um núcleo especialmente voltado para o monitoramento das redes sociais.

“Um gênio, Lula. Ele prometeu que nos ajudaria a vencer (Javier) Milei”, disse Massa durante voo de volta de Brasília a Buenos Aires, em 28 de agosto, de acordo com relato do próprio candidato a jornais argentinos, como La Nación e Página 12.

Horas antes, Massa havia se reunido com Lula e com Haddad. O presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Sergio Díaz-Granados, também estava em Brasília.

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A linha de financiamento de US$ 600 milhões para assegurar exportações do Brasil à Argentina, anunciada no Palácio do Planalto naquele dia – com o compromisso de contragarantia do CAF ao Banco do Brasil –, acabou não saindo do papel. Motivo: até agora, nem o CAF nem o país vizinho apresentaram a modelagem da proposta.

Três dias antes da vinda de Massa ao Brasil, porém, a Argentina conseguiu receber, em 25 de agosto, uma parcela de US$ 7,5 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). O desembolso do FMI só foi possível porque, naquele mês de agosto, o CAF liberou recursos de um empréstimo-ponte de US$ 1 bilhão para a Argentina, aprovado em 28 de julho.

O governo Lula negou interferência política e sustentou que o empréstimo do CAF foi apenas para ajudar o país, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, com escassez de reservas.

A eleição deste domingo, 22, na Argentina é motivo de preocupação para a esquerda. O favorito é Javier Milei, que prega o libertarianismo e defende a saída do país vizinho do Mercosul, além do rompimento com o governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pesquisas indicam que haverá segundo turno, em 19 de novembro, mas a dúvida é quem enfrentará Milei: se o atual ministro da Economia, Sergio Massa, ou a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich.

Embora a possível vitória do deputado provoque temor de uma “onda curta” da esquerda na América Latina, cientistas políticos avaliam que, caso ele chegue à Casa Rosada, não se envolverá em campanhas para impulsionar a extrema-direita na região porque terá graves problemas domésticos para resolver. A lista é extensa: vai da hiperinflação à violência, passando por pobreza e desemprego.

De qualquer forma, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro já pegam carona no discurso de Milei, conhecido como “El Loco”. “Javier Gerardo Milei é defensor de pautas como a redução do Estado, a limitação da máquina pública, a liberdade econômica, a defesa da propriedade privada e do livre mercado”, diz trecho de uma carta pública de apoio ao candidato, assinada por 69 deputados federais brasileiros, alguns deles de partidos da base aliada do governo Lula, como PSD, PP, União Brasil e Republicanos.

O candidato libertário Javier Milei é visto como versão piorada do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Agustin Marcarian/File Photo 

Para o cientista político argentino Leandro Gabiati, um eventual triunfo de Milei, no entanto, em nada influenciará o eleitor no Brasil, na disputa de 2026. “A direita brasileira pode até entrar em efervescência, mas isso é mais retórica”, disse Gabiati à Coluna. “Há uma dinâmica interna que prevalece sobre o contexto regional.”

Na avaliação de Valdir Pucci, mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UNB), a possível vitória de “El Loco” seria importante para a imagem da direita, que nos últimos tempos enfrentou reveses na América Latina, principalmente com a derrota de Bolsonaro. “Mas quem vencer estará preocupado em solucionar as questões econômicas”, afirmou Pucci. “Não vejo que um eventual triunfo de Milei venha a ter impacto na situação de países latino-americanos com governos de esquerda, a não ser que ele consiga resolver os problemas da Argentina.”

Como mostrou o Estadão, marqueteiros que fizeram campanhas eleitorais de Lula e de Fernando Haddad, hoje titular da Fazenda, estão em Buenos Aires desde agosto, ajudando Sergio Massa, o candidato do peronismo. No diagnóstico de petistas, Milei é a versão piorada de Bolsonaro e seu triunfo seria um desastre.

“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. Preocuparia qualquer um”, admitiu Haddad, em entrevista à agência Reuteurs. “Porque em geral, nas relações internacionais, você não ideologiza a relação.”

Na volta de viagem ao Brasil, no fim de agosto, Massa chamou Lula de ‘gênio’

Ministro da Economia do governo Alberto Fernández, Massa continua em situação difícil por causa da crise sem trégua na Argentina, com o peso enfraquecido e o custo de vida cada vez mais alto. Publicitários ligados a Lula e ao PT têm trabalhado sem descanso para levá-lo ao segundo turno e montaram um núcleo especialmente voltado para o monitoramento das redes sociais.

“Um gênio, Lula. Ele prometeu que nos ajudaria a vencer (Javier) Milei”, disse Massa durante voo de volta de Brasília a Buenos Aires, em 28 de agosto, de acordo com relato do próprio candidato a jornais argentinos, como La Nación e Página 12.

Horas antes, Massa havia se reunido com Lula e com Haddad. O presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Sergio Díaz-Granados, também estava em Brasília.

A linha de financiamento de US$ 600 milhões para assegurar exportações do Brasil à Argentina, anunciada no Palácio do Planalto naquele dia – com o compromisso de contragarantia do CAF ao Banco do Brasil –, acabou não saindo do papel. Motivo: até agora, nem o CAF nem o país vizinho apresentaram a modelagem da proposta.

Três dias antes da vinda de Massa ao Brasil, porém, a Argentina conseguiu receber, em 25 de agosto, uma parcela de US$ 7,5 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). O desembolso do FMI só foi possível porque, naquele mês de agosto, o CAF liberou recursos de um empréstimo-ponte de US$ 1 bilhão para a Argentina, aprovado em 28 de julho.

O governo Lula negou interferência política e sustentou que o empréstimo do CAF foi apenas para ajudar o país, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, com escassez de reservas.

A eleição deste domingo, 22, na Argentina é motivo de preocupação para a esquerda. O favorito é Javier Milei, que prega o libertarianismo e defende a saída do país vizinho do Mercosul, além do rompimento com o governo comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pesquisas indicam que haverá segundo turno, em 19 de novembro, mas a dúvida é quem enfrentará Milei: se o atual ministro da Economia, Sergio Massa, ou a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich.

Embora a possível vitória do deputado provoque temor de uma “onda curta” da esquerda na América Latina, cientistas políticos avaliam que, caso ele chegue à Casa Rosada, não se envolverá em campanhas para impulsionar a extrema-direita na região porque terá graves problemas domésticos para resolver. A lista é extensa: vai da hiperinflação à violência, passando por pobreza e desemprego.

De qualquer forma, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro já pegam carona no discurso de Milei, conhecido como “El Loco”. “Javier Gerardo Milei é defensor de pautas como a redução do Estado, a limitação da máquina pública, a liberdade econômica, a defesa da propriedade privada e do livre mercado”, diz trecho de uma carta pública de apoio ao candidato, assinada por 69 deputados federais brasileiros, alguns deles de partidos da base aliada do governo Lula, como PSD, PP, União Brasil e Republicanos.

O candidato libertário Javier Milei é visto como versão piorada do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Agustin Marcarian/File Photo 

Para o cientista político argentino Leandro Gabiati, um eventual triunfo de Milei, no entanto, em nada influenciará o eleitor no Brasil, na disputa de 2026. “A direita brasileira pode até entrar em efervescência, mas isso é mais retórica”, disse Gabiati à Coluna. “Há uma dinâmica interna que prevalece sobre o contexto regional.”

Na avaliação de Valdir Pucci, mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UNB), a possível vitória de “El Loco” seria importante para a imagem da direita, que nos últimos tempos enfrentou reveses na América Latina, principalmente com a derrota de Bolsonaro. “Mas quem vencer estará preocupado em solucionar as questões econômicas”, afirmou Pucci. “Não vejo que um eventual triunfo de Milei venha a ter impacto na situação de países latino-americanos com governos de esquerda, a não ser que ele consiga resolver os problemas da Argentina.”

Como mostrou o Estadão, marqueteiros que fizeram campanhas eleitorais de Lula e de Fernando Haddad, hoje titular da Fazenda, estão em Buenos Aires desde agosto, ajudando Sergio Massa, o candidato do peronismo. No diagnóstico de petistas, Milei é a versão piorada de Bolsonaro e seu triunfo seria um desastre.

“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. Preocuparia qualquer um”, admitiu Haddad, em entrevista à agência Reuteurs. “Porque em geral, nas relações internacionais, você não ideologiza a relação.”

Na volta de viagem ao Brasil, no fim de agosto, Massa chamou Lula de ‘gênio’

Ministro da Economia do governo Alberto Fernández, Massa continua em situação difícil por causa da crise sem trégua na Argentina, com o peso enfraquecido e o custo de vida cada vez mais alto. Publicitários ligados a Lula e ao PT têm trabalhado sem descanso para levá-lo ao segundo turno e montaram um núcleo especialmente voltado para o monitoramento das redes sociais.

“Um gênio, Lula. Ele prometeu que nos ajudaria a vencer (Javier) Milei”, disse Massa durante voo de volta de Brasília a Buenos Aires, em 28 de agosto, de acordo com relato do próprio candidato a jornais argentinos, como La Nación e Página 12.

Horas antes, Massa havia se reunido com Lula e com Haddad. O presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Sergio Díaz-Granados, também estava em Brasília.

A linha de financiamento de US$ 600 milhões para assegurar exportações do Brasil à Argentina, anunciada no Palácio do Planalto naquele dia – com o compromisso de contragarantia do CAF ao Banco do Brasil –, acabou não saindo do papel. Motivo: até agora, nem o CAF nem o país vizinho apresentaram a modelagem da proposta.

Três dias antes da vinda de Massa ao Brasil, porém, a Argentina conseguiu receber, em 25 de agosto, uma parcela de US$ 7,5 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). O desembolso do FMI só foi possível porque, naquele mês de agosto, o CAF liberou recursos de um empréstimo-ponte de US$ 1 bilhão para a Argentina, aprovado em 28 de julho.

O governo Lula negou interferência política e sustentou que o empréstimo do CAF foi apenas para ajudar o país, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, com escassez de reservas.

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