O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi o principal articulador da prorrogação da isenção de vistos para entrada no Brasil de cidadãos australianos, canadenses e americanos. O prazo que se esgotaria em 10 de janeiro, foi estendido para 10 de abril após uma rodada de negociações capitaneadas pelo vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O fim da isenção de vistos foi uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para seguir a tradição de reciprocidade da diplomacia brasileira. Como esses três países exigem vistos de brasileiros, o País faria o mesmo de seus cidadãos, revertendo a política unilateral adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar da tradição diplomática, Alckmin decidiu articular uma nova extensão do prazo de isenção, uma estratégia apenas temporária, para evitar impactos sobre o setor de turismo, que fica aquecido durante o verão pela chegada de estrangeiros ao País. A decisão foi tomada após ele receber alertas de representantes da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA).
O vice-presidente conversou sobre o assunto com os ministros Celso Sabino (Turismo) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que concordaram com a ideia de estender os prazos. As ministras substitutas Maria Laura da Rocha (Relações Exteriores) e Miriam Belchior (Casa Civil) também foram consultadas, e o assunto avançou na reta final do ano passado.
Na última quarta-feira (3), Alckmin recebeu no gabinete o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA), Marco Ferraz, que fez um apelo final pela prorrogação do prazo, para evitar impactos na temporada de verão. O vice-presidente procurou Lula, que estava em recesso na Restinga da Marambaia (RJ), e foi autorizado a divulgar uma nova data para o retorno da obrigatoriedade dos vistos.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, que a princípio era contrário à ideia, o adiamento tem por objetivo concluir o processo de implementação do sistema de vistos eletrônicos, que vai conferir mais celeridade à entrega do documento.
“Em atenção aos interesses dos cidadãos brasileiros, o governo seguirá pronto a negociar, com os três mencionados países, acordos de isenção de vistos baseados nos princípios da reciprocidade e da igualdade entre os Estados”, disse o Itamaraty em nota, em uma sinalização de que não abrirá mão do princípio da reciprocidade – ou seja, de que a isenção seja realmente temporária e não definitiva, como gostariam setores do empresariado.