Após dois meses de instalação e 11 reuniões de trabalho, a CPI do MST na Câmara dos Deputados ainda não mostrou seu potencial explosivo, tão anunciado pela oposição. Os encontros serviram, principalmente, de palco para embates entre o relator, Ricardo Salles (PL), e a deputada Sâmia Bomfim (PSOL), evidenciando a rivalidade dos grupos políticos adversários que eles representam em São Paulo. Não houve quebras de sigilo e foram realizados, apenas, quatro depoimentos.
O relator avalia que as oitivas e os documentos colhidos, até agora, expõem irregularidades na atuação do MST, como apropriação da função do Estado na indicação de locais de assentamento e também desvio de recursos destinados aos assentados.
“Foi mostrado que eles agem de certa forma coagindo e extorquindo, e até ameaçando, como foi dito pelo casal de sem-terra que aqui veio”, disse Ricardo Salles à Coluna.
Na base aliada ao governo Lula, o entendimento é bem diferente. O deputado Alencar Santana (PT-SP) avalia que a CPI não mostrou a que veio e que parte dos seus integrantes foca em criar confusões e desinformação.
“Querem criminalizar o MST, criminalizando todos os movimentos sociais, a política. É uma atitude muito perigosa para a democracia”, afirmou.
Oposição quer agosto tenso para o governo Lula na CPI do MST
O relator planeja para agosto os depoimentos do presidente do MST, João Pedro Stédile, e do líder da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), José Rainha Junior.
Também já foi aprovada a convocação do ex-minsitro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. A CPI, porém, não tirou o olho e ainda busca a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Como mostrou a Coluna, governo Lula está tenso com a possibilidade de Rui Costa ser chamado à CPI do MST. A base foi mobilizada para fazer todos os acordos possíveis e evitar a convocação. O motivo é pragmático: o ex-governador da Bahia tem histórico conflituoso do com o movimento e pode municiar a oposição.