O presidente da CPMI do 8 de janeiro, Arthur Maia (União-BA) surpreendeu a base governista ao pautar, nesta terça (3), o requerimento para convocar o coronel Sandro Augusto Sales Queiroz. O militar comandou o Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional de Segurança Pública durante os ataques golpistas. A convocação foi rejeitada.
Dias antes, Maia já demonstrava a aliados sua insatisfação com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a quem atribui a pressão para que ninguém da Força Nacional seja convocado. O deputado avisou a interlocutores que iria pautar o requerimento, sabendo que seria rejeitado.
Maia deixou claro, nos bastidores, que sua intenção foi constranger os colegas governistas que dependem do voto ideológico para se eleger, obrigando-os a explicar o porquê de não quererem escutar o militar na elucidação do que os eles próprios chamam tentativa de golpe. Também foi uma forma de Maia reforçar sua posição de isenção na disputa entre a base governista e a oposição.
No dia dos ataques golpistas, o fotógrafo Adriano Machado registrou imagens de guardas da Força Nacional parados no Ministério da Justiça. A oposição tenta colocar parte da culpa da destruição no próprio governo Lula da Silva, o que é visto como teoria da conspiração pela base governista.
Como mostrou a Coluna, Maia tentou, em diversos momentos, construir um acordo entre a base governista, que tem maioria na CPMI, e a oposição. Chegou a colocar a convocação de um representante da Força Nacional como uma condição para pautar acareação do ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Nem assim a base governista cedeu.