A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, não precisou de aval dos pares para cancelar o envio de técnicos do tribunal para acompanhar as eleições da Venezuela, no próximo domingo, mas sua decisão ganhou respaldo entre integrantes atuais e passados da Corte eleitoral.
Ex-presidente do TSE, Marco Aurélio Mello ressaltou que a postura do tribunal é resposta à crítica do presidente venezuelano Nicolás Maduro ao sistema eleitoral brasileiro. “Então, não cabe ao órgão de cúpula da Justiça eleitoral, ao TSE, fazer-se presente, com observadores. Há um protocolo a ser observado. Paciência”, afirmou à Coluna do Estadão. Durante comício na terça-feira, 23, Maduro disse, sem provas, que os boletins de urna no Brasil não são auditáveis.
Interlocutores de ministros da atual composição avaliaram ser uma resposta política imediata em respeito ao eleitor que reconhece o valor do sistema brasileiro das urnas eletrônicas para a democracia. Para um ministro do Supremo Tribunal Federal ouvido pela Coluna, a situação expõe que “estamos diante de um país (a Venezuela) doente”. Ele disse porém, não ter condições de avaliar se a decisão foi acertada.
No Palácio do Planalto, o clima é de tensão e dúvida sobre o que ocorrerá neste domingo. Enviado a Caracas para acompanhar as eleições venezuelanas, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, terá um papel decisivo na reação do Brasil. Amorim será os “olhos de Lula” na Venezuela, e seu relato sobre o que terá ocorrido no país vizinho dará respaldo ao governo brasileiro em seu posicionamento — reconhecer o candidato eleito, seja ele qual for, ou classificar o pleito como fraudulento.