A atividade garimpeira na Terra Indígena Yanomami teve redução de 78,51%, de 23 de janeiro a 12 setembro deste ano. A área atingiu 214,84 ha. No mesmo período em 2022, ocupava 999,91 ha. Os dados compilados pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) do Ministério da Defesa (MD) foram obtidos com exclusividade pela Coluna do Estadão.
O documento conclui que a redução é resultado da Operação Ágata Fronteira Norte, que envolve Forças Armadas, Censipam, Polícia Federal, Ibama, Funai, além de órgãos que atuam na ajuda humanitária no Estado de Roraima. “As grandes áreas de garimpo existentes até o final do ano de 2022 estão desmobilizadas, restando apenas os garimpeiros que ainda insistem em exercer essa atividade ilegal espalhados por pequenas áreas da região”, diz o texto.
A redução do garimpo também pode ser observado por meio da presença dos resíduos químicos encontrados nos rios Uraricoera e Mucajaí, os principais da região. Houve mudança na coloração, na comparação com a imagem de 2020.
Como os dados são compilados
Os dados são compilados pelo Censipam por meio de ferramentas próprias de monitoramento e também com o auxílio das plataformas Brasil M.A.I.S. (Meio Ambiente Integrado e Seguro) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), e Terra Brasilis do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Crise humanitária na Terra Yanomami
No início deste ano, o governo federal declarou emergência em saúde pública no território indígena Yanomami, após identificar uma alta de casos de malária, desnutrição infantil e problemas de abastecimento. Entre os motivos que levaram à crise estava o avanço do garimpo ilegal.
Por exemplo, os rios recebem um volume muito grande de mercúrio, metal pesado que piora a qualidade da água e da biota (por exemplo peixes, que podem servir de alimento para os indígenas). Além disso, a inalação do gás emitido pelo mercúrio ou o consumo de água e peixes contaminados com o produto pode causar distúrbios graves, como problemas neurológicos e insuficiência renal.
O governo federal prometeu ações para acabar com o garimpo ilegal. Liberou R$ 140,2 milhões em créditos extraordinários para ações das Forças Armadas na defesa e proteção de terras indígenas.