Ao discursar na solenidade de posse de Luís Roberto Barroso como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes fez críticas veladas a Jair Bolsonaro (PL) na frente de ex-ministros do ex-presidente. “Esta Corte suportou, durante um par de anos, as ameaças de um populismo autoritário, desprovido de qualquer decoro democrático. Quem o confirma são os fatos”, afirmou o decano do Supremo.
Acompanhavam o discurso, por exemplo, André Mendonça, magistrado indicado por Bolsonaro ao STF; o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura na gestão passada; e Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa.
Fernando Azevedo e Silva, inclusive, foi demitido por Bolsonaro — então seu amigo de décadas — após recusar alinhamento das Forças Armadas ao governo.
“O 8 de janeiro ocupa o ápice nesse inventário das infâmias golpistas, a nota conclusiva de um movimento mais amplo e antigo. Por tudo isso que se viu e se viveu, a presente cerimônia simboliza mais que a continuidade de uma linhagem sucessória institucional, assume um colorido novo. Ministro Roberto Barroso, a posse de vossa excelência na presidência deste tribunal, torna palpável a certeza que sim, o STF sobreviveu”, acrescentou Gilmar Mendes.
Barroso tomou posse como presidente do STF com um discurso recheado de recados ao Congresso Nacional. Ele negou que a Corte faça ativismo judicial; “O Judiciário deve ser técnico e imparcial, mas não isolado da sociedade”, destacou. “A virtude de um tribunal jamais poderá ser medida em pesquisa de opinião”, ponderou, em seguida.