O futuro ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pode sentar na cadeira em 1º de fevereiro sem empossar um dos auxiliares mais importantes, o secretário nacional de Segurança Pública. Confirmado nesta quarta-feira (18) para a função, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, não deve ter tempo hábil para concluir os trâmites de sua aposentadoria do Ministério Público até essa data, apostam interlocutores do governo e da Procuradoria.
Antes de assumir o posto na Esplanada, Sarrubbo vai renunciar ao cargo de procurador-geral e, em seguida, se aposentar, por determinações legais. Em Brasília, a expectativa é que isso não aconteça antes da segunda quinzena de fevereiro. Há quem fale em posse apenas em 1º de março.
Uma solução para o impasse burocrático seria o atual secretário de Segurança Pública, Tadeu Alencar, adiar sua exoneração. Mas aliados do ex-deputado dizem que ele não pretende ficar na pasta após a saída de Flávio Dino.
A resistência em “esticar” a transição, e evitar um vácuo na área, reflete a irritação com o futuro ministro da Justiça, após Lewandowksi ter confirmado à imprensa a nomeação de Sarrubbo sem avisá-lo previamente.
No entorno de Flávio Dino, tampouco se nota a vontade de estender novamente seu período na pasta. Pelas contas iniciais, o ministro já teria deixado o Palácio da Justiça, e até seus santos de devoção já foram recolhidos do gabinete. Além disso, ele quer assumir o cargo de senador — e apresentar um projeto de lei — antes de precisar renunciar definitivamente ao mandato para assumir a cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), em 22 de fevereiro.
O combate à criminalidade tornou-se uma questão central na política brasileira e ganhará mais espaço na gestão Lewandowski, afirmam aliados. Como mostrou a Coluna do Estadão, o perfil “linha-dura” de Sarrubbo à frente do Ministério Público de São Paulo foi determinante para sua escolha.
O futuro ministro quer passar à sociedade e ao próprio governo Lula a mensagem de que será implacável no combate ao crime organizado. A segurança pública é o calcanhar de Aquiles do governo, e foco das críticas ao Executivo em pesquisas.