O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é pressionado a instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre tráfico infantil após denúncias sobre exploração sexual de menores na Ilha do Marajó, no Pará, repercutirem as redes sociais, principalmente no meio evangélico. O pedido de abertura de CPI é do deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), que colheu as 171 assinaturas necessárias no fim do ano passado e agora cobra o chefe da Casa pelo funcionamento do colegiado.
“Temos o compromisso do presidente Arthur Lira de que a CPI será instaurada brevemente. Estamos só aguardando”, afirmou Fernando Rodolfo à Coluna do Estadão. Procurada, a equipe do presidente da Câmara não confirmou se há, de fato, comprometimento do deputado em instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito.
Fernando argumentou que o Legislativo precisa investigar a situação na Ilha de Marajó. “São muitas as denúncias de exploração sexual de crianças e de adolescentes. Não é só lá, obviamente, mas é um ponto de partida para tentarmos mudar essa triste realidade que existe no Brasil todo, e parece que muita gente prefere ignorar a combater”, disse o parlamentar.
Em outra ofensiva no Congresso, o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) apresentou um projeto que aumenta a pena para os crimes de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança, adolescente ou de vulnerável e pressiona para que ele seja analisado nas comissões da Casa. A atual legislação prevê pena de 4 a 10 anos e a proposta aumenta a pena de reclusão para 6 a 12 anos.
Denúncias na Ilha de Marajó repercutem nas redes sociais e mobilizam políticos da direita
As denúncias de abuso e exploração sexual infantil na Ilha do Marajó repercutiram nas redes sociais neste mês, após o assunto ser mencionado num reality show gospel e compartilhado por políticos e influenciadores. Mas a situação na ilha já foi assunto entre políticos de direita.
Durante a campanha eleitoral de 2022, o assunto chegou a ser abordado pela então candidata Damares Alves (Republicanos-DF), hoje senadora. Ela fez uma denúncia sem provas, descrevendo tipos de abusos contra jovens no local. O Ministério Público entendeu que a medida foi “sensacionalista” e cobrou R$ 2,5 milhões como indenização.
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, reagiu à campanha e afirmou que “oportunistas” utilizam os problemas na Ilha do Marajó para criar “pânico moral” e associar os moradores com o problema da exploração sexual de crianças e adolescentes. O titular da pasta é alvo de um pedido de convocação na Câmara para explicar as ações do governo federal no local.