O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avisou a seus auxiliares que precisa ouvir as lideranças do União Brasil para selar o destino do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, indiciado nesta quarta-feira pela Polícia Federal.
A investigação encontrou supostos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O caso foi revelado pelo Estadão em janeiro de 2023. Juscelino alega “ação política e previsível” da PF.
Nos bastidores, Lula manifestou desconforto com o indiciamento, mas lembrou que o ministro das Comunicações é uma indicação do União Brasil. Portanto, na visão do petista, a bancada precisa ser ouvida antes de qualquer decisão. O presidente, contudo, está fora de Brasília e só retorna no domingo, após compromissos oficiais no Rio, na Suíça e na Itália.
Auxiliares palacianos entendem que o melhor caminho seria o próprio partido manifestar interesse na substituição de Juscelino Filho ao menos até o fim das investigações, de modo a evitar rusgas entre o governo e o União Brasil.
Lula já não tem vida fácil no Congresso, e uma troca mal costurada politicamente tem o potencial de piorar esse cenário, avaliam fontes.
Até agora, porém, o União Brasil não deu sinais de que vai abandonar Juscelino. Recém-empossado, o presidente da legenda afirmou ao ministro que a bancada está unida a ele. O mesmo recado, segundo apuração da Coluna do Estadão, foi dado pelo líder do União na Câmara, Elmar Nascimento, que constrói sua pré-candidatura à presidência da Câmara. Juscelino Filho é deputado licenciado e tem boa interlocução entre parlamentares.