O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta se aproximar do agronegócio, mas, ao retomar a prática petista de dividir o anúncio do Plano Safra 2023/24 entre a agropecuária empresarial e a agricultura familiar, provocou um novo desconforto entre parte dos ruralistas. Nos bastidores, parlamentares dizem que a decisão é ideológica e não técnica, e que o governo usa recursos do Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para atender a questões sociais e incentivar a segregação do setor.
“A Frente Parlamentar da Agropecuária informa que a agropecuária nacional é uma só, apesar de estarem separadas em duas estruturas de governo”, diz a primeira frase de uma nota divulgada, nesta terça, pela FPA. Mas, o colegiado não quer confusão com o governo e destaca que reconhece o esforço da gestão Lula para constituir o Plano.
“Temos enorme sintonia com a fala da FPA, de que a agropecuária é uma só”, disse o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) à Coluna. Ele acrescentou que a divisão dos anúncios “sempre foi assim nos governos Lula e Dilma Rousseff.
A FPA ainda aguarda o anúncio do Plano Safra para o pequeno produtor, que será anunciado nesta quarta pelo MDA. O volume de recursos para equalização de juros é a maior preocupação da bancada. Efetivamente, é o valor que o governo investe no setor.
Os ruralistas solicitaram um total de R$ 25 bilhões para juros menores. Até agora, nos bastidores, circula que o Ministério da Agricultura só teria autorizado com a Fazenda o valor R$ 5 bilhões, fazendo com que o recurso com juros menor seja consumido rapidamente e faltem recursos.
Nas redes sociais, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) expôs o desconforto. “O Plano Safra é sempre um momento de valorização de nossos produtores rurais. Que bom que os recursos estão, enfim, a caminho dos bancos. Somente amanhã teremos o quadro completo do Plano Safra 2023/24, com a divulgação do Pronaf, pois infelizmente a agricultura familiar foi separada dos médios e grandes produtores. Mas a agropecuária é uma só, todos são igualmente importantes!”, escreveu.