O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está disposto a construir um entendimento com Arthur Lira (PP-AL) para a eleição ao comando da Casa. “Evidentemente, os nomes precisam ser analisados. Não se trata de o governo encaminhar um nome para fazer disputa”, afirmou o deputado, em entrevista ao programa Papo com Editor, do Broadcast Político.
O sucessor de Lira somente será eleito em fevereiro de 2025, mas as articulações estão a todo vapor. O candidato mais próximo ao presidente da Câmara, expoente do Centrão, é o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). Mas ele enfrenta resistências no PT por ter feito campanha chamando Lula de “ladrão”. Estão na corrida, ainda, os deputados Marcos Pereira (Republicanos) e Antonio Brito (PSD), favorito do Palácio do Planalto.
Guimarães destacou que o atual Congresso é conservador, ao contrário do governo federal, e avaliou a direita como muito mais organizada. “Sempre digo em reuniões com o presidente: o País e o Congresso não são os mesmos de 2003, quando ele assumiu pela primeira vez. O Brasil mudou muito”, afirmou.
Na entrevista, o líder do governo na Câmara também disse que os indicados por Lula para a diretoria Banco Central têm “sintonia” com o governo. A declaração ocorre no auge da desconfiança do mercado sobre a autonomia do BC, após os indicados por Lula terem votado para cortar a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, enquanto os nomeados por governos anteriores, ala vencedora no Comitê de Política Monetária (Copom), cravaram 0,25 ponto.
”O BC não é um mundo à parte. Mesmo tendo autonomia, o País tem um novo governo, que tem um programa. O presidente do BC não é superior às urnas”, disse o líder.
Petista tem bandeira própria para emendas de comissão
José Guimarães defenderá que as emendas de comissão, atualmente usadas como moeda de troca no Congresso, passem a ser vinculadas a ações do Executivo. Ele afirmou que fará essa proposta em 2025 ao próximo presidente da Casa. A mudança teria de ser incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A declaração de Guimarães vem em um contexto de disputa entre o governo e o Legislativo pelo controle do Orçamento. Nos últimos anos, o Congresso tem aumentado cada vez mais seu poder sobre a destinação das verbas públicas, o que gerou um empoderamento inédito de deputados e senadores, que passaram a depender menos do Palácio do Planalto.”O governo anterior deformou a relação com o Congresso. O Bolsonaro não governava o País”, criticou o líder do presidente Lula.