Um dia depois de fazer afagos aos militares e dizer que tem “carinho” pelas Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu no Palácio do Planalto o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes do Exército, Tomás Paiva; da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno. Pelo relato dos participantes, a conversa foi agradável e Lula, mais uma vez, deu sinais de que não quer tratar do golpe de 1964, que completa 60 anos neste domingo, 31.
Os comandantes levaram para o presidente, nesta quinta-feira, 28, a lista com os nomes dos oficiais das três Forças, que serão promovidos em março.
Na véspera, durante o lançamento e batismo do submarino Tonelero, em Itaguaí, na Costa Verde do Rio, Lula já havia aproveitado a presença do presidente da França, Emmanuel Macron, para elogiar os militares. Animado, ele pregou a valorização das estratégias de defesa diante de “um processo de animosidade” contra a democracia no Brasil e no mundo e disse que as Forças Armadas brasileiras eram “altamente qualificadas”.
Ministros e dirigentes do PT não gostaram da decisão de Lula para que o governo barrasse manifestações programadas com o objetivo de marcar os 60 anos do golpe de 1964. Antes, Múcio já havia garantido ao presidente que os quartéis não farão a leitura da Ordem do Dia relativa à data. Mesmo assim, o PT e outros partidos de esquerda, além de movimentos sociais, preparam uma série de atos, a maioria para o dia 1.º de abril, segunda-feira, e vão defender nas ruas a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.
No fim de fevereiro, Lula disse que queria tocar o País para frente, e não ficar remoendo o passado. “Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64″, afirmou ele ao programa É Notícia, da RedeTV!, numa referência aos ataques que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Os generais que estão hoje no poder eram crianças naquele tempo”, completou.
O que poucos sabem é que, cerca de um mês antes daquela entrevista, Lula também havia se reunido com os comandantes das Forças Armadas. Ao cumprimentá-los, perguntou a idade de cada um e prestou bastante atenção. Só agora se sabe o motivo.