A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não nega internamente a preocupação com o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira, 01. A atenção maior entre técnicos da pasta, porém, não está voltada à definição da taxa básica de juros, a Selic, mas ao que dirá o comunicado do Banco Central.
Conforme apurou a Coluna, o entendimento majoritário na equipe econômica é de que a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que o governo dificilmente cumprirá a meta fiscal de déficit zero em 2024, não vai influenciar no corte a ser anunciado nesta quarta, cuja previsão de mercado é de redução de 12,75% para 12,25% ao ano. Mas, o temor é de que o descompromisso fiscal do presidente Lula interrompa mais rapidamente a trajetória de queda da Selic, nos próximos meses.
“No último Copom o comunicado já trazia uma preocupação com as metas fiscais estabelecidas. Agora pode dar um tom adicional e acentuar a preocupação com o risco fiscal”, alerta um economista.
O olhar técnico da equipe econômica sabe que não vai adiantar a área política do governo e as vozes mais estridentes do PT no Congresso tentarem transferir para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, eventual desaceleração da redução dos juros, e corre em outras frentes para tentar evitar danos maiores.
Um das preocupações é fazer os ajustes na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para não gerar risco de bloqueios no orçamento no ano que vem, em pleno período de eleições municipais. Mas a conversa precisa antes de alinhamento com o presidente Lula, sobre qual meta será apresentada como ajuste na LDO.
O ministro Fernando Haddad está com um olho no Copom e outro na articulação no Congresso Nacional. Afinal, deputados e senadores também têm em mãos as outras pautas econômicas que foram anunciadas como fundamentais para o reequilíbrio das contas públicas, como a reforma tributária e o projeto de lei das subvenções.