Apesar dos sinais de blindagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Ministério do Esporte, o Centrão ainda não desistiu de ocupar a Pasta e viu na Medida Provisória (MP) das apostas, editada hoje pelo governo, como oportunidade de requentar a demanda.
A hipótese de entregar o Ministério do Esporte ao deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) voltou a circular em Brasília e será discutida hoje por Lula com auxiliares políticos em uma reunião durante a tarde no Palácio do Planalto.
“Silvinho”, como é chamado por Lula, tende a virar ministro no contrato de casamento do governo com o Centrão. A discussão se dá em torno da Pasta e do “timing” do embarque. Pesa contra ele a resistência do presidente em demitir mais uma mulher, após trocar Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo.
Apetite
Como mostrou o Estadão, a MP das apostas estabelece taxa de 18% sobre a receita bruta dos jogos com repasse de 3% para o Ministério do Esporte, turbinando, assim, o caixa da Pasta.
O porcentual passa a valer imediatamente e fez crescer o olho do Centrão, que também planeja colocar mais emendas no Ministério do Esporte ao longo das negociações do orçamento de 2024. “A receita perfeita para fazer política na ponta em ano de eleição”, resumiu uma fonte do governo a par das negociações.
Para uma ala do governo, ter Silvinho à frente do Esporte seria a solução ideal para evitar tanta dança das cadeiras na Esplanada. A atual ministra do Esporte, Ana Moser, poderia ser nomeada no Comitê Olímpico. “Uma função mais estratégica e menos política, o que combina com o perfil dela”, acrescenta o mesmo interlocutor.
Outro deputado com passaporte para a Esplanada é André Fufuca (PP-MA), correligionário do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Um desenho à mesa é entregar a ele o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), como demanda o Centrão, mas sem o Bolsa Família - o programa social que é marca do PT seria realocado em outra Pasta controlada pelo partido. A possibilidade de fatiar o Ministério do Desenvolvimento Social foi antecipada pela Coluna.
Completaria o pacote do PP a presidência da Caixa com a ex-governadora do Piauí Margarete Coelho, nome bem avaliado nas fileiras do PT. A ideia original era ter Gilberto Occhi, ex-presidente do banco público, mas Lula não quer diminuir ainda mais a presença feminina no Executivo.
Nesse formato de reforma ministerial, o atual ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, ficaria sem cargo na Esplanada e assumiria sua cadeira no Senado. Ele é amigo pessoal de Lula, mas tem desagradado ao presidente no comando da Pasta.