As próximas etapas das investigações da Polícia Federal devem trazer à tona a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Além disso, a PF está convencida de que havia uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) paralela atuando no governo, sob ordens de Bolsonaro, para atingir quem ele considerasse adversário.
Em fase adiantada, uma parte dessas diligências sobre as ações clandestinas que misturam Abin, kids pretos e milícias digitais era para ter sido divulgada no mês passado, mas a PF preferiu aguardar o término das eleições municipais e agora está coletando novos depoimentos.
Nesta terça-feira, 19, a PF deflagrou a Operação Contragolpe e prendeu quatro militares do Exército e um policial federal suspeitos de montar um plano para matar Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, será ouvido nesta quinta, 21, por Moraes, que vai avaliar se manterá ou não a delação premiada feita por ele.
Aliados de Bolsonaro dizem não haver provas de seu envolvimento em articulações para a abolição do estado democrático de direito e insistem no discurso da “perseguição política”. Embora a situação do ex-presidente esteja cada vez mais complicada – com a perspectiva de um novo indiciamento –, ele bate na tecla de que conseguirá derrubar sua inelegibilidade para impedir que um nome como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tome o seu lugar antes da hora.
Diretor da Abin no governo Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) não fala sobre as investigações da PF. No mês passado, mesmo com o apoio do ex-presidente, Ramagem perdeu a disputa para prefeito do Rio. No último dia 5, ele prestou depoimento de duas horas à PF no inquérito sobre os ataques do 8 de janeiro.