A Câmara deve votar nesta terça-feira, 19, a proposta do novo ensino médio, a despeito do esforço do governo para atrasar a análise da proposta, diante de divergências com o relatório do deputado Mendonça Filho (União-PE). Antecipando a esperada derrota no plenário da Casa, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), se reúne com o relator antes da votação, enquanto aposta suas fichas na análise do projeto no Senado, sinalizando mudanças na sua forma de articulação.
Nos bastidores, adversários analisam que Camilo não teve habilidade política e por isso criou e enfrentou dificuldades na Câmara. Observam que o ex-governador do Ceará está desacostumado a enfrentar dificuldades no Legislativo, pois quando estava no Executivo cearense a oposição a ele na Assembleia do Estado era diminuta.
Como mostrou a Coluna, integrantes da base do governo reclamaram do timing para o envio da proposta do novo ensino médio e também do pedido, em cima da hora, para retirar a urgência constitucional da matéria, o que irritou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A aliados, Camilo demonstra que não deve repetir os mesmos erros no Senado. Tem falado sobre a expectativa de um melhor diálogo com os senadores, visto que ele mesmo é senador licenciado.
O ministro também espera uma maior convergência com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em comparação a Lira. Ele quer construir um relatório que contemple as ideias do governo, principalmente sobre a carga horária da formação básica. Camilo quer o mínimo de 2.400 horas para a formação básica e o relatório de Mendonça prevê 2.100.
Interlocutores de Camilo descartam, por exemplo, que Pacheco escolha para a relatoria da matéria alguém tão antagônico às atuais ideologias do MEC quanto Mendonça Filho. O deputado foi o ministro da Educação durante o governo Temer, que implementou o atual sistema de ensino. Sua escolha como relator, bancada por Lira, causou profunda irritação na base governista. Tanto que a votação deverá ser recheada de destaques para alterar a proposta.