Muito tempo antes de ser conhecido como “picolé de chuchu”, por sua fala mansa mesmo em palanques políticos e pesadas disputas eleitorais, Geraldo Alckmin chegou a ganhar “fama de briguento”. Tudo não passou de um engano, mas a história ficou marcada na memória do agora vice-presidente e ministro da Indústria.
Ele contou a anedota recentemente em um evento na Câmara dos Deputados: um dia na década de 1990, quando era deputado federal, foi flagrado por um programa de TV ao apartar uma briga entre os colegas Luiz Carlos Hauly e Cicote, no plenário. Na semana seguinte, em Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal, um frentista lhe disse: “Doutor o senhor é bom de briga, hein”.
Era uma sessão praticamente vazia, segundo Alckmin. “O deputado federal Luiz Carlos Hauly, do Paraná, economista especialista em área tributária, foi ao microfone defender a URV e o Plano Real. Na outra tribuna, foi um deputado federal do PT de São Paulo, Cicote, sindicalista, 1 metro e 90 mais ou menos, fortão. E o Hauly também, grandão”, contou o vice.
“E os dois começam a debater, e a coisa esquentou, e partiram para vias de fato. Sexta-feira. Cinco horas da tarde. Ninguém no plenário. Aí me vi no dever de apartar, né. Só que entrar lá, magrinho, pequenininho perto daqueles dois gigantes...”, emendou.
Alckmin contou que apartou a briga e foi embora. Na segunda-feira seguinte, quando foi pôr gasolina no carro, em Pindamonhangaba, ficou surpreso com a observação do frentista. “Doutor, o senhor é bom de briga, hein. Eu vi na televisão. O senhor deu bordoada para todo lado, chute”, relatou Alckmin, sem esconder o riso diante do exagero em relação à cena original.
Hauly, que hoje exerce novamente o cargo de deputado federal, também lembra do episódio. Segundo o parlamentar, que era então vice-líder do governo Itamar Franco na Câmara, a briga ocorreu após ele encerrar a sessão em que poderia ser votado um relatório que desfiguraria o Plano Real. Os petistas queriam a votação porque eram contra as medidas. “Salvei o Plano Real e eu e o Alckmin fomos tomar cafezinho. Só que o Alckmin gosta de contar este causo em verso e prosa”, afirmou à Coluna do Estadão.