A operação da Polícia Federal realizada nesta quinta (08) atinge diretamente as articulações políticas do PL para as eleições municipais deste ano. Por determinação judicial, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que está preso, e o ex-presidente Jair Bolsonaro não podem se comunicar. Os dois atuais caciques da legenda são os responsáveis por bater o martelo na escolha de prefeitos e vice-prefeitos da sigla. Após a ação da PF, em conversa com a Coluna do Estadão, Bolsonaro desabafou: “O que esses caras querem? Eu não sei. O que eles querem com o partido?”, questionou.
Lideranças do PL admitem o potencial de implosão dos planos da sigla que quer eleger mais de mil prefeitos, e a dificuldade para alinhar a indicação do vice de Ricardo Nunes, em São Paulo.
Para além da ação dessa quinta-feira, a tensão do PL é reforçada pelo histórico de embates e derrotas na Justiça. O ex-presidente lembrou, por exemplo, a multa de R$ 22 millhões que o PL pagou em 2022, após o TSE entender que a sigla agiu de má fé ao questionar o resultado das urnas no segundo turno. Na ocasião, o PL não recorreu por temer punição maior.
“Certamente as defesas irão peticionar para que esse ponto seja revisto. Bolsonaro e Valdemar precisam se falar. Daqui a 30 dias começa a janela eleitoral. Não há como decidir quais candidatos apoiar, quais virão pro PL, em quais agendas o Bolsonaro vai”, resume o deputado Filipe Barros (PL-PR).
O ex-vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Sanderson (PL-RS), considera que proibir Bolsonaro e Valdemar de conversar é uma medida “absurda e ilegal”.
“Se os fatos a que se referem as investigações ocorreram há mais de ano, e durante um ano todo, Bolsonaro e Valdemar tiveram relações normais, qual a razão para agora proibir contato entre eles. Arbitrariedade pura”, diz.