Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Oposição está dividida e quer debate mais amplo sobre PEC do BC, diz novo líder no Senado


‘Existem posições diferentes na oposição. Vou levar para a próxima reunião para termos um posicionamento’, afirmou Marcos Rogério à Coluna do Estadão, em sua primeira entrevista após assumir o posto

Por Augusto Tenório e Eduardo Gayer
Atualização:
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No momento em que o governo Lula faz ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e trabalha para derrotar a PEC que dá autonomia financeira à instituição, o novo líder da oposição no Senado, Marcos Rogério (PL-RO), afirmou à Coluna do Estadão que a bancada quer um debate mais amplo sobre o texto. “Existem posições diferentes na oposição. Vou levar [o tema] para a próxima reunião para termos um posicionamento”, disse o parlamentar, em sua primeira entrevista após receber o bastão de Rogério Marinho (PL-RN), que tirou licença do Senado para se dedicar às eleições municipais. O líder da oposição assegura, contudo, que a bancada não abre mão da autonomia institucional do Banco Central, conquistada durante o governo de Jair Bolsonaro. “Isso é unânime”.

Rogério diz que vai liderar a oposição “pelo período mais curto possível” — Marinho deve retomar o posto em 120 dias. “Pretendo dar sequência ao trabalho dele, um enfrentamento respeitoso ao governo, mas muito firme”, declarou.

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O novo líder da oposição aproveitou para fazer cobranças ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas sem subir o tom. “Eu compreendo a limitação, ele é presidente de todo o colegiado. mas falta uma atuação mais firme na defesa das prerrogativas parlamentares”.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Abaixo, a entrevista na íntegra.

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O senhor é um “líder-tampão” e ficará no cargo só até o retorno de Rogério Marinho ao Senado?

Espero que seja pelo período mais curto possível. Quero voltar à minha pauta corriqueira, em defesa dos interesses do Estado de Rondônia, os temas nacionais que eu tenho enfrentado. Enfim, eu espero ser um líder eventual, temporário. O bastão está à disposição dele.

Haverá mudança de perfil na liderança?

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Acho que não. O líder Rogério Marinho é preparado, habilidoso, mas também ponderado. Não há extremismo na sua atuação. Não se faz oposição por oposição. Eu gosto dessa característica e tenho a mesma visão. Pretendo dar sequência ao trabalho que ele vinha fazendo. Fazer o enfrentamento ao governo, fazer um enfrentamento respeitoso, mas muito firme.

Rogério Marinho é crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal. Na liderança do senhor, haverá andamento de pautas de enfrentamento ao STF?

O ambiente de tensão que foi criado não é bom para ninguém. O papel da oposição é buscar a estabilização institucional. Não há nenhuma predisposição para movimentos abruptos durante a minha liderança.

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Quais pautas são prioritárias para a oposição neste ano?

Ainda farei, na próxima semana, um levantamento com todos os colegas senadores. Mas há a defesa dos avanços que tivemos do governo do presidente Bolsonaro e do próprio governo do presidente Temer, como a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, a independência do Banco Central. Esse é um tema muito caro para a oposição.

A oposição é a favor da PEC que dá autonomia financeira para o Banco Central?

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Esse é um tema que a oposição discutirá na próxima reunião da bancada. Aconteceu uma audiência pública esta semana, e percebi que existem posições diferentes dentro da bancada. Não vi uma unanimidade. É um tema que eu vou levar para a próxima reunião da bancada para a gente tentar tirar um posicionamento. Agora, a defesa unânime dentro da oposição é a autonomia do Banco Central, a manutenção como está. Vamos fazer um debate mais amplo.

Qual sua avaliação sobre o trabalho do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco?

O presidente Rodrigo Pacheco tem buscado contribuir com a governabilidade do país e para isso, às vezes, a atuação dele cria mais dificuldade para a oposição. O governo se auto-sabota, pelo famoso bate-cabeça. Então, às vezes, o papel da oposição é de não atrapalhar o próprio governo na sua auto-sabotagem.

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Ele tem se esforçado para ajudar o governo em matérias que são estruturantes, mas ao mesmo tempo existem outras matérias que são importantes para o País, e defendidas pela oposição, que ele teve a coragem de pautar.

Mas a oposição está satisfeita com Pacheco?

Não vou cravar se está ou não. Eu compreendo a limitação, considerando que ele é o presidente do colegiado, não é o dono do plenário do Senado. Mas falta uma atuação mais firme na defesa dos senadores, das prerrogativas parlamentares. Por exemplo, existem senadores hoje sem o passaporte. Até pouco tempo atrás, alguns senadores estavam impedidos de usar as redes sociais. Eu não estou entrando no mérito do que fez o congressista, mas são prerrogativas parlamentares garantidas pela Constituição.

Outra figura que se equilibra na política é o senador Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para assumir a presidência do Senado em 2025. A oposição vai apoiá-lo?

Essa questão ainda não foi decidida pela bancada. O presidente Davi é um senador que dialoga com todos os senadores, não tem inimigos. Ele é muito habilidoso, não é movido por rancor ou ressentimento, é da política e isso facilita o trânsito dele nos dois lados.

Bolsonaro será candidato à Presidência da República em 2026?

Acredito que será. Se a gente olhar no retrovisor, vemos que o atual presidente, a esse mesmo tempo (antes da eleição) estava preso, condenado. Então, o Bolsonaro sofreu uma condenação política, algo sem precedentes na história do Brasil. Acho que é uma questão de tempo (para reverter a inelegibilidade).

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No momento em que o governo Lula faz ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e trabalha para derrotar a PEC que dá autonomia financeira à instituição, o novo líder da oposição no Senado, Marcos Rogério (PL-RO), afirmou à Coluna do Estadão que a bancada quer um debate mais amplo sobre o texto. “Existem posições diferentes na oposição. Vou levar [o tema] para a próxima reunião para termos um posicionamento”, disse o parlamentar, em sua primeira entrevista após receber o bastão de Rogério Marinho (PL-RN), que tirou licença do Senado para se dedicar às eleições municipais. O líder da oposição assegura, contudo, que a bancada não abre mão da autonomia institucional do Banco Central, conquistada durante o governo de Jair Bolsonaro. “Isso é unânime”.

Rogério diz que vai liderar a oposição “pelo período mais curto possível” — Marinho deve retomar o posto em 120 dias. “Pretendo dar sequência ao trabalho dele, um enfrentamento respeitoso ao governo, mas muito firme”, declarou.

O novo líder da oposição aproveitou para fazer cobranças ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas sem subir o tom. “Eu compreendo a limitação, ele é presidente de todo o colegiado. mas falta uma atuação mais firme na defesa das prerrogativas parlamentares”.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Abaixo, a entrevista na íntegra.

O senhor é um “líder-tampão” e ficará no cargo só até o retorno de Rogério Marinho ao Senado?

Espero que seja pelo período mais curto possível. Quero voltar à minha pauta corriqueira, em defesa dos interesses do Estado de Rondônia, os temas nacionais que eu tenho enfrentado. Enfim, eu espero ser um líder eventual, temporário. O bastão está à disposição dele.

Haverá mudança de perfil na liderança?

Acho que não. O líder Rogério Marinho é preparado, habilidoso, mas também ponderado. Não há extremismo na sua atuação. Não se faz oposição por oposição. Eu gosto dessa característica e tenho a mesma visão. Pretendo dar sequência ao trabalho que ele vinha fazendo. Fazer o enfrentamento ao governo, fazer um enfrentamento respeitoso, mas muito firme.

Rogério Marinho é crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal. Na liderança do senhor, haverá andamento de pautas de enfrentamento ao STF?

O ambiente de tensão que foi criado não é bom para ninguém. O papel da oposição é buscar a estabilização institucional. Não há nenhuma predisposição para movimentos abruptos durante a minha liderança.

Quais pautas são prioritárias para a oposição neste ano?

Ainda farei, na próxima semana, um levantamento com todos os colegas senadores. Mas há a defesa dos avanços que tivemos do governo do presidente Bolsonaro e do próprio governo do presidente Temer, como a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, a independência do Banco Central. Esse é um tema muito caro para a oposição.

A oposição é a favor da PEC que dá autonomia financeira para o Banco Central?

Esse é um tema que a oposição discutirá na próxima reunião da bancada. Aconteceu uma audiência pública esta semana, e percebi que existem posições diferentes dentro da bancada. Não vi uma unanimidade. É um tema que eu vou levar para a próxima reunião da bancada para a gente tentar tirar um posicionamento. Agora, a defesa unânime dentro da oposição é a autonomia do Banco Central, a manutenção como está. Vamos fazer um debate mais amplo.

Qual sua avaliação sobre o trabalho do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco?

O presidente Rodrigo Pacheco tem buscado contribuir com a governabilidade do país e para isso, às vezes, a atuação dele cria mais dificuldade para a oposição. O governo se auto-sabota, pelo famoso bate-cabeça. Então, às vezes, o papel da oposição é de não atrapalhar o próprio governo na sua auto-sabotagem.

Ele tem se esforçado para ajudar o governo em matérias que são estruturantes, mas ao mesmo tempo existem outras matérias que são importantes para o País, e defendidas pela oposição, que ele teve a coragem de pautar.

Mas a oposição está satisfeita com Pacheco?

Não vou cravar se está ou não. Eu compreendo a limitação, considerando que ele é o presidente do colegiado, não é o dono do plenário do Senado. Mas falta uma atuação mais firme na defesa dos senadores, das prerrogativas parlamentares. Por exemplo, existem senadores hoje sem o passaporte. Até pouco tempo atrás, alguns senadores estavam impedidos de usar as redes sociais. Eu não estou entrando no mérito do que fez o congressista, mas são prerrogativas parlamentares garantidas pela Constituição.

Outra figura que se equilibra na política é o senador Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para assumir a presidência do Senado em 2025. A oposição vai apoiá-lo?

Essa questão ainda não foi decidida pela bancada. O presidente Davi é um senador que dialoga com todos os senadores, não tem inimigos. Ele é muito habilidoso, não é movido por rancor ou ressentimento, é da política e isso facilita o trânsito dele nos dois lados.

Bolsonaro será candidato à Presidência da República em 2026?

Acredito que será. Se a gente olhar no retrovisor, vemos que o atual presidente, a esse mesmo tempo (antes da eleição) estava preso, condenado. Então, o Bolsonaro sofreu uma condenação política, algo sem precedentes na história do Brasil. Acho que é uma questão de tempo (para reverter a inelegibilidade).

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No momento em que o governo Lula faz ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e trabalha para derrotar a PEC que dá autonomia financeira à instituição, o novo líder da oposição no Senado, Marcos Rogério (PL-RO), afirmou à Coluna do Estadão que a bancada quer um debate mais amplo sobre o texto. “Existem posições diferentes na oposição. Vou levar [o tema] para a próxima reunião para termos um posicionamento”, disse o parlamentar, em sua primeira entrevista após receber o bastão de Rogério Marinho (PL-RN), que tirou licença do Senado para se dedicar às eleições municipais. O líder da oposição assegura, contudo, que a bancada não abre mão da autonomia institucional do Banco Central, conquistada durante o governo de Jair Bolsonaro. “Isso é unânime”.

Rogério diz que vai liderar a oposição “pelo período mais curto possível” — Marinho deve retomar o posto em 120 dias. “Pretendo dar sequência ao trabalho dele, um enfrentamento respeitoso ao governo, mas muito firme”, declarou.

O novo líder da oposição aproveitou para fazer cobranças ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas sem subir o tom. “Eu compreendo a limitação, ele é presidente de todo o colegiado. mas falta uma atuação mais firme na defesa das prerrogativas parlamentares”.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Abaixo, a entrevista na íntegra.

O senhor é um “líder-tampão” e ficará no cargo só até o retorno de Rogério Marinho ao Senado?

Espero que seja pelo período mais curto possível. Quero voltar à minha pauta corriqueira, em defesa dos interesses do Estado de Rondônia, os temas nacionais que eu tenho enfrentado. Enfim, eu espero ser um líder eventual, temporário. O bastão está à disposição dele.

Haverá mudança de perfil na liderança?

Acho que não. O líder Rogério Marinho é preparado, habilidoso, mas também ponderado. Não há extremismo na sua atuação. Não se faz oposição por oposição. Eu gosto dessa característica e tenho a mesma visão. Pretendo dar sequência ao trabalho que ele vinha fazendo. Fazer o enfrentamento ao governo, fazer um enfrentamento respeitoso, mas muito firme.

Rogério Marinho é crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal. Na liderança do senhor, haverá andamento de pautas de enfrentamento ao STF?

O ambiente de tensão que foi criado não é bom para ninguém. O papel da oposição é buscar a estabilização institucional. Não há nenhuma predisposição para movimentos abruptos durante a minha liderança.

Quais pautas são prioritárias para a oposição neste ano?

Ainda farei, na próxima semana, um levantamento com todos os colegas senadores. Mas há a defesa dos avanços que tivemos do governo do presidente Bolsonaro e do próprio governo do presidente Temer, como a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, a independência do Banco Central. Esse é um tema muito caro para a oposição.

A oposição é a favor da PEC que dá autonomia financeira para o Banco Central?

Esse é um tema que a oposição discutirá na próxima reunião da bancada. Aconteceu uma audiência pública esta semana, e percebi que existem posições diferentes dentro da bancada. Não vi uma unanimidade. É um tema que eu vou levar para a próxima reunião da bancada para a gente tentar tirar um posicionamento. Agora, a defesa unânime dentro da oposição é a autonomia do Banco Central, a manutenção como está. Vamos fazer um debate mais amplo.

Qual sua avaliação sobre o trabalho do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco?

O presidente Rodrigo Pacheco tem buscado contribuir com a governabilidade do país e para isso, às vezes, a atuação dele cria mais dificuldade para a oposição. O governo se auto-sabota, pelo famoso bate-cabeça. Então, às vezes, o papel da oposição é de não atrapalhar o próprio governo na sua auto-sabotagem.

Ele tem se esforçado para ajudar o governo em matérias que são estruturantes, mas ao mesmo tempo existem outras matérias que são importantes para o País, e defendidas pela oposição, que ele teve a coragem de pautar.

Mas a oposição está satisfeita com Pacheco?

Não vou cravar se está ou não. Eu compreendo a limitação, considerando que ele é o presidente do colegiado, não é o dono do plenário do Senado. Mas falta uma atuação mais firme na defesa dos senadores, das prerrogativas parlamentares. Por exemplo, existem senadores hoje sem o passaporte. Até pouco tempo atrás, alguns senadores estavam impedidos de usar as redes sociais. Eu não estou entrando no mérito do que fez o congressista, mas são prerrogativas parlamentares garantidas pela Constituição.

Outra figura que se equilibra na política é o senador Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para assumir a presidência do Senado em 2025. A oposição vai apoiá-lo?

Essa questão ainda não foi decidida pela bancada. O presidente Davi é um senador que dialoga com todos os senadores, não tem inimigos. Ele é muito habilidoso, não é movido por rancor ou ressentimento, é da política e isso facilita o trânsito dele nos dois lados.

Bolsonaro será candidato à Presidência da República em 2026?

Acredito que será. Se a gente olhar no retrovisor, vemos que o atual presidente, a esse mesmo tempo (antes da eleição) estava preso, condenado. Então, o Bolsonaro sofreu uma condenação política, algo sem precedentes na história do Brasil. Acho que é uma questão de tempo (para reverter a inelegibilidade).

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No momento em que o governo Lula faz ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e trabalha para derrotar a PEC que dá autonomia financeira à instituição, o novo líder da oposição no Senado, Marcos Rogério (PL-RO), afirmou à Coluna do Estadão que a bancada quer um debate mais amplo sobre o texto. “Existem posições diferentes na oposição. Vou levar [o tema] para a próxima reunião para termos um posicionamento”, disse o parlamentar, em sua primeira entrevista após receber o bastão de Rogério Marinho (PL-RN), que tirou licença do Senado para se dedicar às eleições municipais. O líder da oposição assegura, contudo, que a bancada não abre mão da autonomia institucional do Banco Central, conquistada durante o governo de Jair Bolsonaro. “Isso é unânime”.

Rogério diz que vai liderar a oposição “pelo período mais curto possível” — Marinho deve retomar o posto em 120 dias. “Pretendo dar sequência ao trabalho dele, um enfrentamento respeitoso ao governo, mas muito firme”, declarou.

O novo líder da oposição aproveitou para fazer cobranças ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas sem subir o tom. “Eu compreendo a limitação, ele é presidente de todo o colegiado. mas falta uma atuação mais firme na defesa das prerrogativas parlamentares”.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Abaixo, a entrevista na íntegra.

O senhor é um “líder-tampão” e ficará no cargo só até o retorno de Rogério Marinho ao Senado?

Espero que seja pelo período mais curto possível. Quero voltar à minha pauta corriqueira, em defesa dos interesses do Estado de Rondônia, os temas nacionais que eu tenho enfrentado. Enfim, eu espero ser um líder eventual, temporário. O bastão está à disposição dele.

Haverá mudança de perfil na liderança?

Acho que não. O líder Rogério Marinho é preparado, habilidoso, mas também ponderado. Não há extremismo na sua atuação. Não se faz oposição por oposição. Eu gosto dessa característica e tenho a mesma visão. Pretendo dar sequência ao trabalho que ele vinha fazendo. Fazer o enfrentamento ao governo, fazer um enfrentamento respeitoso, mas muito firme.

Rogério Marinho é crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal. Na liderança do senhor, haverá andamento de pautas de enfrentamento ao STF?

O ambiente de tensão que foi criado não é bom para ninguém. O papel da oposição é buscar a estabilização institucional. Não há nenhuma predisposição para movimentos abruptos durante a minha liderança.

Quais pautas são prioritárias para a oposição neste ano?

Ainda farei, na próxima semana, um levantamento com todos os colegas senadores. Mas há a defesa dos avanços que tivemos do governo do presidente Bolsonaro e do próprio governo do presidente Temer, como a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, a independência do Banco Central. Esse é um tema muito caro para a oposição.

A oposição é a favor da PEC que dá autonomia financeira para o Banco Central?

Esse é um tema que a oposição discutirá na próxima reunião da bancada. Aconteceu uma audiência pública esta semana, e percebi que existem posições diferentes dentro da bancada. Não vi uma unanimidade. É um tema que eu vou levar para a próxima reunião da bancada para a gente tentar tirar um posicionamento. Agora, a defesa unânime dentro da oposição é a autonomia do Banco Central, a manutenção como está. Vamos fazer um debate mais amplo.

Qual sua avaliação sobre o trabalho do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco?

O presidente Rodrigo Pacheco tem buscado contribuir com a governabilidade do país e para isso, às vezes, a atuação dele cria mais dificuldade para a oposição. O governo se auto-sabota, pelo famoso bate-cabeça. Então, às vezes, o papel da oposição é de não atrapalhar o próprio governo na sua auto-sabotagem.

Ele tem se esforçado para ajudar o governo em matérias que são estruturantes, mas ao mesmo tempo existem outras matérias que são importantes para o País, e defendidas pela oposição, que ele teve a coragem de pautar.

Mas a oposição está satisfeita com Pacheco?

Não vou cravar se está ou não. Eu compreendo a limitação, considerando que ele é o presidente do colegiado, não é o dono do plenário do Senado. Mas falta uma atuação mais firme na defesa dos senadores, das prerrogativas parlamentares. Por exemplo, existem senadores hoje sem o passaporte. Até pouco tempo atrás, alguns senadores estavam impedidos de usar as redes sociais. Eu não estou entrando no mérito do que fez o congressista, mas são prerrogativas parlamentares garantidas pela Constituição.

Outra figura que se equilibra na política é o senador Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para assumir a presidência do Senado em 2025. A oposição vai apoiá-lo?

Essa questão ainda não foi decidida pela bancada. O presidente Davi é um senador que dialoga com todos os senadores, não tem inimigos. Ele é muito habilidoso, não é movido por rancor ou ressentimento, é da política e isso facilita o trânsito dele nos dois lados.

Bolsonaro será candidato à Presidência da República em 2026?

Acredito que será. Se a gente olhar no retrovisor, vemos que o atual presidente, a esse mesmo tempo (antes da eleição) estava preso, condenado. Então, o Bolsonaro sofreu uma condenação política, algo sem precedentes na história do Brasil. Acho que é uma questão de tempo (para reverter a inelegibilidade).

Entrevista por Augusto Tenório

Jornalista recifense e torcedor do Sport. Foi residente do Projeto Comprova e checador no Publique-se, da Abraji. Além de Política, escreve crônicas sobre o Recife. Foi repórter na coluna de Jamildo Melo, do Jornal do Commercio, cobriu as eleições de 2022 em Pernambuco para o Estadão e foi setorista de Congresso Nacional no Metrópoles, em Brasília.

Eduardo Gayer

Repórter da Coluna do Estadão em Brasília. É formado em Jornalismo pela PUC-SP e em História pela USP. Tem extensão em jornalismo econômico pela FGV. No Grupo Estado desde 2018, já cobriu política, mercado financeiro e cultura. Foi enviado especial à guerra da Ucrânia e fóruns multilaterais no exterior, como G-7, G-20, CELAC e Mercosul.

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