O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) deve presidir a Frente Parlamentar Evangélica a partir de 2025. O cargo é ocupado hoje por Silas Câmara (Republicanos-AM). A possível mudança no comando da bancada é vista como um movimento discreto, mas significativo, de aproximação entre parte do segmento evangélico e o governo Lula.
À Coluna do Estadão, Otoni afirma que sua postura não será de enfrentamento ao governo. “Não vou fazer um cavalo de batalha contra o governo”, disse o deputado, sugerindo que deve tentar buscar um equilíbrio entre sua base evangélica e um tom mais conciliador na política nacional.
Conhecido por sua atuação como aliado do bolsonarismo, Otoni surpreendeu recentemente ao elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de sanção do Dia Nacional da Música Gospel, em outubro, no Palácio do Planalto. Ele também liderou uma oração pelo presidente, gesto que gerou críticas de líderes evangélicos nas redes sociais.
Seis dias antes da cerimônia no Planalto, Otoni tinha dito que o governo do PT era antissemita por não querer fazer negócios com Israel. Como mostrou a Coluna do Estadão, a declaração deixou auxiliares de Lula surpresos, já que ele é considerado ponte entre o governo e o mundo evangélico. Nas eleições municipais no Rio, por exemplo, o deputado apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PSD), aliado de Lula, contra Alexandre Ramagem (PL), candidato do bolsonarismo.