A repercussão negativa de que o Planalto lavaria as mãos na votação sobre a prisão do deputado Chiquinho Brazão (RJ), como revelado pela Coluna do Estadão, fez o Planalto mudar a estratégia. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, interveio e chamou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), para uma conversa para dizer que a base deveria ser orientada a votar para que o parlamentar continue preso.
Ao longo dessa terça-feira, 9, Guimarães havia afirmado aos pares no Congresso que o governo não tinha relação alguma com o assunto, que o foco deve ser na pauta econômica, e sinalizou a liberação da bancada na votação.
Integrantes da bancada do PSOL ficaram irritados. Nos bastidores, classificaram de desrespeito o governo Lula não se posicionar num caso que diz respeito ao assassinato de Marielle Franco. A líder do partido, Erika Hilton (SP), procurou Padilha ainda na noite da terça-feira.
Os governistas também observaram que a ausência de posicionamento do Planalto poderia, inclusive, gerar impacto negativo entre eleitores da esquerda, em pleno ano de corrida municipal.
Brazão foi preso no dia 24 de março, suspeito de ser um dos mandantes do crime. Ele nega. Nesta quarta-feira, 10, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o plenário da Câmara decidem se a prisão será mantida. Para mantê-lo preso, são necessários 257 votos favoráveis.
Ontem, na reunião do Colégio de Líderes da Câmara, os partidos avisaram ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que não conseguiriam dar uma sinalização clara de como os seus deputados votariam.
Como revelou a Coluna, o Centrão montou a estratégia de esvaziar o plenário e soltar Chiquinho Brazão. O grupo se preocupa em abrir um precedente para prisões preventivas sem flagrante por outros crimes. União Brasil e PP, legendas que fazem parte da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vão liberar as bancadas.