Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) e autor da PEC da autonomia administrativa e financeira do Banco Central, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) mandou um recado direto ao presidente do Senado: “Se Rodrigo Pacheco não puser a proposta em votação, vamos acabar com o sossego dele”.
Nos bastidores do Congresso, é crescente a leitura de que a proposta “subiu no telhado”, diante do alinhamento de Pacheco com o Planalto, ao ponto de ter o nome ventilado para ocupar um ministério em 2025, e sempre lembrado para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal ou Superior Tribunal de Justiça.
Em conversa com a Coluna do Estadão, Vanderlan revelou a estratégia. “Temos uns 50 senadores que defendem a proposta. Ele não vai aguentar esses parlamentares buzinando no seu cangote, e eu também. Vou ficar em cima. Pacheco quer fazer o sucessor (na presidência do Senado), quer ter paz”, afirmou.
Vanderlan diz haver um compromisso do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União), para apreciar a matéria no colegiado no próximo dia 5 de junho. “Não faria sentido votar na CCJ, presidida por um grande aliado de Pacheco, e não levar a matéria a plenário”, avaliou.
“Além disso, o relator Plínio Valério fez concessões ao governo Lula”, complementou. As mudanças no texto às quais ele se refere são deixar clara a submissão do BC às metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), controlado pelo Executivo, e garantir estabilidade aos servidores. Vanderlan e Plínio fazem uma dobradinha nas discussões da PEC do BC desde o início da tramitação da proposta.
“Não faz sentido o governo não querer votar por questões ideológicas ou porque não gosta do Roberto Campos Neto que foi eleito o melhor presidente de Banco Central”, ressaltou.
A revista Central Banking anunciou, em março, o Banco Central do Brasil como o “BC do ano de 2024″. A publicação destacou os efeitos positivos da autonomia de decisões da instituição estabelecida em lei sancionada no fim de 2021.
Destacou, ainda, a rapidez da reação do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar os juros para combater a alta da inflação após a pandemia de covid-19, diferentemente de outros países que levaram mais tempo para iniciar o processo de aperto monetário.