Engana-se quem pensa que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é o grande vitorioso na queda de Jean Paul Prates do comando da Petrobras. Apesar de ele ter protagonizado os maiores embates públicos com o ex-presidente da estatal, os atritos também envolviam o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que é o mais fortalecido nessa disputa, garantem interlocutores do governo Lula.
É fato que a troca no comando da Petrobras interessava aos dois ministros, mas há uma avaliação de que o Planalto e o PT dificilmente permitirão que o mineiro do PSD amplie sua influência na estatal, com indicações para a diretoria, por exemplo. Pelo menos dois motivos contribuem para esse diagnóstico: os interesses políticos de Rui com a retomada do poder do PT baiano na empresa, 12 anos após a saída de Sérgio Gabrielli, e os ciúmes petistas com a crescente influência do ministro de Minas e Energia no governo Lula.
Como mostrou a Coluna do Estadão, petistas de Minas Gerais estão irritadas com essa aproximação. Na avaliação desses interlocutores, o ex-senador mineiro, presidente do PSD no Estado, conquistou uma força “desproporcional” e já fez movimentos políticos que vão na contramão dos interesses petistas. Eles lembram que Silveira foi cotado para ser líder de Jair Bolsonaro no Senado e que o PSD lançará à reeleição o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, enquanto o PT tem o deputado federal Rogério Correia como pré-candidato.
A força de Rui Costa tampouco está imune a disputas internas no próprio PT. Integrantes do Congresso ressaltam que o ministro da Casa Civil é um dos cotados para a sucessão de Lula e dizem que “avançar seus tentáculos” sobre a Petrobras é uma estratégia para ganhar mais influência. Porém, há outros nomes cotados como possíveis sucessores do presidente da República. Um deles é o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Embora o chefe da equipe econômica não tenha o perfil de entrar em briga do partido para se cacifar como eventual candidato à Presidência, o PT da Bahia e a ala paulista do partido são rivais históricos, e Rui e Haddad têm posições divergentes dentro do governo, o que reforça o componente político da disputa na empresa.