A piora da relação entre o Palácio do Planalto e aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aferida em pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 22, fortalece o Centrão na eleição interna da Casa.
De acordo com o levantamento, 64% dos deputados dizem que o governo dá menos atenção a eles do que deveria, ante 67% da pesquisa anterior. A insatisfação, contudo, saltou de 67% a 83% entre os independentes, categoria que o diretor da Quaest, Felipe Nunes, classifica como majoritariamente aliado a Lira e representa cerca de 26% do plenário. O porcentual dos independentes supera o da oposição, grupo em que 74% reprovam a atenção do Planalto.
Para Leandro Consentino, cientista político do Insper, os números mostram que o governo chega mais fragilizado na disputa interna da Câmara. “Agora é ver como o Centrão negociará com a oposição. Ter um presidente da Câmara hostil ao governo no último biênio é uma ameaça à reeleição de Lula”, avaliou à Coluna do Estadão.
Embora Arthur Lira nunca tenha falado abertamente quem vai apoiar na eleição interna da Câmara, o deputado Elmar Nascimento (União-BA) é visto como favorito para a vaga. O Palácio do Planalto, porém, não quer ver o parlamentar baiano na linha sucessória da Presidência, e prefere Antônio Brito (PSD-BA) ou Marcos Pereira (Republicanos-SP), outros dois pré-candidatos competitivos. Corre por fora o líder do MDB na Casa, Isnaldo Bulhões (AL).
Os bolsonaristas ainda estão divididos sobre quem apoiar, e assim como o governo Lula, podem se unir ao nome de Lira, para ampliar as chances de vitória. Uma ala do PL defende o lançamento de candidatura própria, e Altineu Côrtes (RJ) desponta nesse cenário. Como revelou a Coluna do Estadão, o único nome vetado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro é o de Marcos Pereira.
A pesquisa Quaest ouviu 183 deputados federais em exercício entre os dias 29 de abril e 20 de maio. A ,argem de erro da pesquisa é de 4,8 pontos porcentuais para mais ou para menos.