Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Iander Porcella

Ideologia do PT tem se sobreposto à política externa do Estado, critica presidente de comissão


O deputado Lucas Redecker comandará a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara em 2024 e cobra mudanças na postura do governo, para o Brasil se reposicionar no mundo

Por Augusto Tenório

Recém empossado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) avalia que o pensamento do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se sobreposto à política externa de Estado. Ele reclama que a ideologia petista inviabiliza o reposicionamento do Brasil como mediador de conflitos internacionais e cobra mudanças. O parlamentar critica as “declarações desastradas” de Lula sobre Israel e o flerte com o regime autoritário de Nicolás Maduro, na Venezuela.

“Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa política externa terá de ser ajustada”, afirmou Lucas Redecker, em entrevista à Coluna do Estadão.

Para Redecker, o Mercosul sofre um dos reflexos dessa interferência. “Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez”, observou.

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O deputado gaúcho defende a prerrogativa do Parlamento de fiscalizar as ações do Poder Executivo, incluindo a política externa. Seu tom deixa claro que o perfil oposicionista da Comissão de Relações Exteriores continua. Apesar do embate ideológico, ele diz que seu objetivo é votar todas as matérias sobre acordos internacionais no colegiado.

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Confira a entrevista completa:

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Onde o governo Lula acertou em questões de política externa?

Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez.

No âmbito regional, o ressurgimento da Unasul e da Celac, enfraquecem o Mercosul que cobra modernização e profundidade. Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa Política Externa terá de ser ajustada.

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A comissão continua sob comando do PSDB. Qual deve ser o papel do colegiado?

O PSDB sempre teve compromisso com uma Política Externa equilibrada, baseada nas melhores tradições da nossa diplomacia, na solução pacífica dos conflitos e sustentada no diálogo franco e aberto. Fui indicado pelo meu partido para contribuir com o fortalecimento dessa política. Além disso, é prerrogativa do Parlamento, fiscalizar todas as ações do Poder Executivo, incluindo a Política Externa que implementa.

Como ressaltei em minha posse, a forma como o Brasil se insere no mundo, as parcerias que firma e os alinhamentos que adota no tabuleiro geopolítico produz consequências políticas e econômico-comerciais para o nosso País. É, portanto, nossa obrigação, trabalhar em sintonia com os interesses nacionais e os impactos que as nossas escolhas venham a produzir no cenário internacional. Procuraremos sempre, de forma transparente, construir as melhores pautas para o Brasil.

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Como o senhor encara as declarações do presidente Lula sobre Israel, lembrando o episódio do Holocausto?

Foram declarações desastradas que em nada contribuem com a busca de uma solução para o conflito. A forma como o presidente se expressou afasta o Brasil do centro de gravidade das grandes decisões mundiais, além de nos inviabilizar como ator capaz de promover e mediar uma paz duradoura naquela região.

O Hamas é uma organização terrorista que invadiu um país soberano para cometer crimes horrendos contra uma população civil inocente e desarmada. Lamentavelmente, o Brasil não respondeu à altura e o atual governo tem sido frequentemente elogiado pela organização palestina.

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Nos preocupa que declarações como estas possam, no médio e longo prazos, provocar prejuízos ao nosso País, sejam políticos ou econômicos. Obviamente, todos devemos exigir que a resposta de Israel, esteja dentro da legalidade, poupe civis e minimize ao máximo a tragédia humanitária. Esta é uma guerra de Israel contra uma organização terrorista, não contra os palestinos.

O presidente Lula recentemente deu novas declarações em apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, minimizando a perseguição à oposição. O posicionamento é correto?

De forma alguma. O Brasil, no caso específico da Venezuela, flerta com um regime autoritário que persegue, prende, tortura e assassina, opositores. A crise venezuelana transbordou as fronteiras do país convertendo-se em uma séria ameaça à segurança regional. Lamentavelmente, o Brasil mostra-se alinhado com esse regime, incapaz de exercer pressão para que se respeitem os direitos humanos (eleições livres) na Venezuela. Observamos o Brasil assistir, inerte à sucessão de violações cometidas naquele país.

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Quais projetos o senhor avalia que são imprescindíveis para a comissão analisar neste ano?

A nossa meta é discutirmos e votarmos todos os acordos internacionais que se encontram tramitando e aqueles que ainda devem ser enviados para a comissão. Por exemplo, temos vários acordos para pôr fim à dupla tributação com diferentes países, instrumento que produz impacto direto nas nossas relações econômicas e comerciais. Além disso, temos vários acordos de cooperação em matéria de Defesa, Serviços Aéreos, Ciência e Tecnologia e Facilitação de Comércio, que iremos pautar logo que possível. O meu objetivo principal é fazer a pauta andar para termos produtividade.

Como o senhor avalia o desempenho do ministro da Defesa, José Múcio?

Logo que assumi, apresentei requerimentos para que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores venham à CREDN expor as prioridades de suas pastas para este ano. Pretendo, antes, conversar com ambos sobre o estado atual das nossas políticas externa e de defesa, para avaliarmos como a comissão poderá contribuir com as duas áreas. O ministro José Múcio é um ex-parlamentar com muita vivência na política, uma pessoa séria e que tem trabalhado para desenvolver as capacidades das nossas Forças Armadas.

Recém empossado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) avalia que o pensamento do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se sobreposto à política externa de Estado. Ele reclama que a ideologia petista inviabiliza o reposicionamento do Brasil como mediador de conflitos internacionais e cobra mudanças. O parlamentar critica as “declarações desastradas” de Lula sobre Israel e o flerte com o regime autoritário de Nicolás Maduro, na Venezuela.

“Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa política externa terá de ser ajustada”, afirmou Lucas Redecker, em entrevista à Coluna do Estadão.

Para Redecker, o Mercosul sofre um dos reflexos dessa interferência. “Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez”, observou.

O deputado gaúcho defende a prerrogativa do Parlamento de fiscalizar as ações do Poder Executivo, incluindo a política externa. Seu tom deixa claro que o perfil oposicionista da Comissão de Relações Exteriores continua. Apesar do embate ideológico, ele diz que seu objetivo é votar todas as matérias sobre acordos internacionais no colegiado.

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Confira a entrevista completa:

Onde o governo Lula acertou em questões de política externa?

Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez.

No âmbito regional, o ressurgimento da Unasul e da Celac, enfraquecem o Mercosul que cobra modernização e profundidade. Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa Política Externa terá de ser ajustada.

A comissão continua sob comando do PSDB. Qual deve ser o papel do colegiado?

O PSDB sempre teve compromisso com uma Política Externa equilibrada, baseada nas melhores tradições da nossa diplomacia, na solução pacífica dos conflitos e sustentada no diálogo franco e aberto. Fui indicado pelo meu partido para contribuir com o fortalecimento dessa política. Além disso, é prerrogativa do Parlamento, fiscalizar todas as ações do Poder Executivo, incluindo a Política Externa que implementa.

Como ressaltei em minha posse, a forma como o Brasil se insere no mundo, as parcerias que firma e os alinhamentos que adota no tabuleiro geopolítico produz consequências políticas e econômico-comerciais para o nosso País. É, portanto, nossa obrigação, trabalhar em sintonia com os interesses nacionais e os impactos que as nossas escolhas venham a produzir no cenário internacional. Procuraremos sempre, de forma transparente, construir as melhores pautas para o Brasil.

Como o senhor encara as declarações do presidente Lula sobre Israel, lembrando o episódio do Holocausto?

Foram declarações desastradas que em nada contribuem com a busca de uma solução para o conflito. A forma como o presidente se expressou afasta o Brasil do centro de gravidade das grandes decisões mundiais, além de nos inviabilizar como ator capaz de promover e mediar uma paz duradoura naquela região.

O Hamas é uma organização terrorista que invadiu um país soberano para cometer crimes horrendos contra uma população civil inocente e desarmada. Lamentavelmente, o Brasil não respondeu à altura e o atual governo tem sido frequentemente elogiado pela organização palestina.

Nos preocupa que declarações como estas possam, no médio e longo prazos, provocar prejuízos ao nosso País, sejam políticos ou econômicos. Obviamente, todos devemos exigir que a resposta de Israel, esteja dentro da legalidade, poupe civis e minimize ao máximo a tragédia humanitária. Esta é uma guerra de Israel contra uma organização terrorista, não contra os palestinos.

O presidente Lula recentemente deu novas declarações em apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, minimizando a perseguição à oposição. O posicionamento é correto?

De forma alguma. O Brasil, no caso específico da Venezuela, flerta com um regime autoritário que persegue, prende, tortura e assassina, opositores. A crise venezuelana transbordou as fronteiras do país convertendo-se em uma séria ameaça à segurança regional. Lamentavelmente, o Brasil mostra-se alinhado com esse regime, incapaz de exercer pressão para que se respeitem os direitos humanos (eleições livres) na Venezuela. Observamos o Brasil assistir, inerte à sucessão de violações cometidas naquele país.

Quais projetos o senhor avalia que são imprescindíveis para a comissão analisar neste ano?

A nossa meta é discutirmos e votarmos todos os acordos internacionais que se encontram tramitando e aqueles que ainda devem ser enviados para a comissão. Por exemplo, temos vários acordos para pôr fim à dupla tributação com diferentes países, instrumento que produz impacto direto nas nossas relações econômicas e comerciais. Além disso, temos vários acordos de cooperação em matéria de Defesa, Serviços Aéreos, Ciência e Tecnologia e Facilitação de Comércio, que iremos pautar logo que possível. O meu objetivo principal é fazer a pauta andar para termos produtividade.

Como o senhor avalia o desempenho do ministro da Defesa, José Múcio?

Logo que assumi, apresentei requerimentos para que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores venham à CREDN expor as prioridades de suas pastas para este ano. Pretendo, antes, conversar com ambos sobre o estado atual das nossas políticas externa e de defesa, para avaliarmos como a comissão poderá contribuir com as duas áreas. O ministro José Múcio é um ex-parlamentar com muita vivência na política, uma pessoa séria e que tem trabalhado para desenvolver as capacidades das nossas Forças Armadas.

Recém empossado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) avalia que o pensamento do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se sobreposto à política externa de Estado. Ele reclama que a ideologia petista inviabiliza o reposicionamento do Brasil como mediador de conflitos internacionais e cobra mudanças. O parlamentar critica as “declarações desastradas” de Lula sobre Israel e o flerte com o regime autoritário de Nicolás Maduro, na Venezuela.

“Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa política externa terá de ser ajustada”, afirmou Lucas Redecker, em entrevista à Coluna do Estadão.

Para Redecker, o Mercosul sofre um dos reflexos dessa interferência. “Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez”, observou.

O deputado gaúcho defende a prerrogativa do Parlamento de fiscalizar as ações do Poder Executivo, incluindo a política externa. Seu tom deixa claro que o perfil oposicionista da Comissão de Relações Exteriores continua. Apesar do embate ideológico, ele diz que seu objetivo é votar todas as matérias sobre acordos internacionais no colegiado.

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Confira a entrevista completa:

Onde o governo Lula acertou em questões de política externa?

Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez.

No âmbito regional, o ressurgimento da Unasul e da Celac, enfraquecem o Mercosul que cobra modernização e profundidade. Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa Política Externa terá de ser ajustada.

A comissão continua sob comando do PSDB. Qual deve ser o papel do colegiado?

O PSDB sempre teve compromisso com uma Política Externa equilibrada, baseada nas melhores tradições da nossa diplomacia, na solução pacífica dos conflitos e sustentada no diálogo franco e aberto. Fui indicado pelo meu partido para contribuir com o fortalecimento dessa política. Além disso, é prerrogativa do Parlamento, fiscalizar todas as ações do Poder Executivo, incluindo a Política Externa que implementa.

Como ressaltei em minha posse, a forma como o Brasil se insere no mundo, as parcerias que firma e os alinhamentos que adota no tabuleiro geopolítico produz consequências políticas e econômico-comerciais para o nosso País. É, portanto, nossa obrigação, trabalhar em sintonia com os interesses nacionais e os impactos que as nossas escolhas venham a produzir no cenário internacional. Procuraremos sempre, de forma transparente, construir as melhores pautas para o Brasil.

Como o senhor encara as declarações do presidente Lula sobre Israel, lembrando o episódio do Holocausto?

Foram declarações desastradas que em nada contribuem com a busca de uma solução para o conflito. A forma como o presidente se expressou afasta o Brasil do centro de gravidade das grandes decisões mundiais, além de nos inviabilizar como ator capaz de promover e mediar uma paz duradoura naquela região.

O Hamas é uma organização terrorista que invadiu um país soberano para cometer crimes horrendos contra uma população civil inocente e desarmada. Lamentavelmente, o Brasil não respondeu à altura e o atual governo tem sido frequentemente elogiado pela organização palestina.

Nos preocupa que declarações como estas possam, no médio e longo prazos, provocar prejuízos ao nosso País, sejam políticos ou econômicos. Obviamente, todos devemos exigir que a resposta de Israel, esteja dentro da legalidade, poupe civis e minimize ao máximo a tragédia humanitária. Esta é uma guerra de Israel contra uma organização terrorista, não contra os palestinos.

O presidente Lula recentemente deu novas declarações em apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, minimizando a perseguição à oposição. O posicionamento é correto?

De forma alguma. O Brasil, no caso específico da Venezuela, flerta com um regime autoritário que persegue, prende, tortura e assassina, opositores. A crise venezuelana transbordou as fronteiras do país convertendo-se em uma séria ameaça à segurança regional. Lamentavelmente, o Brasil mostra-se alinhado com esse regime, incapaz de exercer pressão para que se respeitem os direitos humanos (eleições livres) na Venezuela. Observamos o Brasil assistir, inerte à sucessão de violações cometidas naquele país.

Quais projetos o senhor avalia que são imprescindíveis para a comissão analisar neste ano?

A nossa meta é discutirmos e votarmos todos os acordos internacionais que se encontram tramitando e aqueles que ainda devem ser enviados para a comissão. Por exemplo, temos vários acordos para pôr fim à dupla tributação com diferentes países, instrumento que produz impacto direto nas nossas relações econômicas e comerciais. Além disso, temos vários acordos de cooperação em matéria de Defesa, Serviços Aéreos, Ciência e Tecnologia e Facilitação de Comércio, que iremos pautar logo que possível. O meu objetivo principal é fazer a pauta andar para termos produtividade.

Como o senhor avalia o desempenho do ministro da Defesa, José Múcio?

Logo que assumi, apresentei requerimentos para que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores venham à CREDN expor as prioridades de suas pastas para este ano. Pretendo, antes, conversar com ambos sobre o estado atual das nossas políticas externa e de defesa, para avaliarmos como a comissão poderá contribuir com as duas áreas. O ministro José Múcio é um ex-parlamentar com muita vivência na política, uma pessoa séria e que tem trabalhado para desenvolver as capacidades das nossas Forças Armadas.

Recém empossado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) avalia que o pensamento do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se sobreposto à política externa de Estado. Ele reclama que a ideologia petista inviabiliza o reposicionamento do Brasil como mediador de conflitos internacionais e cobra mudanças. O parlamentar critica as “declarações desastradas” de Lula sobre Israel e o flerte com o regime autoritário de Nicolás Maduro, na Venezuela.

“Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa política externa terá de ser ajustada”, afirmou Lucas Redecker, em entrevista à Coluna do Estadão.

Para Redecker, o Mercosul sofre um dos reflexos dessa interferência. “Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez”, observou.

O deputado gaúcho defende a prerrogativa do Parlamento de fiscalizar as ações do Poder Executivo, incluindo a política externa. Seu tom deixa claro que o perfil oposicionista da Comissão de Relações Exteriores continua. Apesar do embate ideológico, ele diz que seu objetivo é votar todas as matérias sobre acordos internacionais no colegiado.

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Confira a entrevista completa:

Onde o governo Lula acertou em questões de política externa?

Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez.

No âmbito regional, o ressurgimento da Unasul e da Celac, enfraquecem o Mercosul que cobra modernização e profundidade. Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa Política Externa terá de ser ajustada.

A comissão continua sob comando do PSDB. Qual deve ser o papel do colegiado?

O PSDB sempre teve compromisso com uma Política Externa equilibrada, baseada nas melhores tradições da nossa diplomacia, na solução pacífica dos conflitos e sustentada no diálogo franco e aberto. Fui indicado pelo meu partido para contribuir com o fortalecimento dessa política. Além disso, é prerrogativa do Parlamento, fiscalizar todas as ações do Poder Executivo, incluindo a Política Externa que implementa.

Como ressaltei em minha posse, a forma como o Brasil se insere no mundo, as parcerias que firma e os alinhamentos que adota no tabuleiro geopolítico produz consequências políticas e econômico-comerciais para o nosso País. É, portanto, nossa obrigação, trabalhar em sintonia com os interesses nacionais e os impactos que as nossas escolhas venham a produzir no cenário internacional. Procuraremos sempre, de forma transparente, construir as melhores pautas para o Brasil.

Como o senhor encara as declarações do presidente Lula sobre Israel, lembrando o episódio do Holocausto?

Foram declarações desastradas que em nada contribuem com a busca de uma solução para o conflito. A forma como o presidente se expressou afasta o Brasil do centro de gravidade das grandes decisões mundiais, além de nos inviabilizar como ator capaz de promover e mediar uma paz duradoura naquela região.

O Hamas é uma organização terrorista que invadiu um país soberano para cometer crimes horrendos contra uma população civil inocente e desarmada. Lamentavelmente, o Brasil não respondeu à altura e o atual governo tem sido frequentemente elogiado pela organização palestina.

Nos preocupa que declarações como estas possam, no médio e longo prazos, provocar prejuízos ao nosso País, sejam políticos ou econômicos. Obviamente, todos devemos exigir que a resposta de Israel, esteja dentro da legalidade, poupe civis e minimize ao máximo a tragédia humanitária. Esta é uma guerra de Israel contra uma organização terrorista, não contra os palestinos.

O presidente Lula recentemente deu novas declarações em apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, minimizando a perseguição à oposição. O posicionamento é correto?

De forma alguma. O Brasil, no caso específico da Venezuela, flerta com um regime autoritário que persegue, prende, tortura e assassina, opositores. A crise venezuelana transbordou as fronteiras do país convertendo-se em uma séria ameaça à segurança regional. Lamentavelmente, o Brasil mostra-se alinhado com esse regime, incapaz de exercer pressão para que se respeitem os direitos humanos (eleições livres) na Venezuela. Observamos o Brasil assistir, inerte à sucessão de violações cometidas naquele país.

Quais projetos o senhor avalia que são imprescindíveis para a comissão analisar neste ano?

A nossa meta é discutirmos e votarmos todos os acordos internacionais que se encontram tramitando e aqueles que ainda devem ser enviados para a comissão. Por exemplo, temos vários acordos para pôr fim à dupla tributação com diferentes países, instrumento que produz impacto direto nas nossas relações econômicas e comerciais. Além disso, temos vários acordos de cooperação em matéria de Defesa, Serviços Aéreos, Ciência e Tecnologia e Facilitação de Comércio, que iremos pautar logo que possível. O meu objetivo principal é fazer a pauta andar para termos produtividade.

Como o senhor avalia o desempenho do ministro da Defesa, José Múcio?

Logo que assumi, apresentei requerimentos para que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores venham à CREDN expor as prioridades de suas pastas para este ano. Pretendo, antes, conversar com ambos sobre o estado atual das nossas políticas externa e de defesa, para avaliarmos como a comissão poderá contribuir com as duas áreas. O ministro José Múcio é um ex-parlamentar com muita vivência na política, uma pessoa séria e que tem trabalhado para desenvolver as capacidades das nossas Forças Armadas.

Recém empossado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) avalia que o pensamento do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se sobreposto à política externa de Estado. Ele reclama que a ideologia petista inviabiliza o reposicionamento do Brasil como mediador de conflitos internacionais e cobra mudanças. O parlamentar critica as “declarações desastradas” de Lula sobre Israel e o flerte com o regime autoritário de Nicolás Maduro, na Venezuela.

“Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa política externa terá de ser ajustada”, afirmou Lucas Redecker, em entrevista à Coluna do Estadão.

Para Redecker, o Mercosul sofre um dos reflexos dessa interferência. “Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez”, observou.

O deputado gaúcho defende a prerrogativa do Parlamento de fiscalizar as ações do Poder Executivo, incluindo a política externa. Seu tom deixa claro que o perfil oposicionista da Comissão de Relações Exteriores continua. Apesar do embate ideológico, ele diz que seu objetivo é votar todas as matérias sobre acordos internacionais no colegiado.

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Confira a entrevista completa:

Onde o governo Lula acertou em questões de política externa?

Nós observamos uma grande movimentação em termos de política externa, com uma agenda internacional intensa, muitos eventos e a presidência do Brasil no G20. No entanto, precisamos nos deter nos resultados objetivos. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, parece ter sido sepultado de vez.

No âmbito regional, o ressurgimento da Unasul e da Celac, enfraquecem o Mercosul que cobra modernização e profundidade. Nos preocupa que, muitas vezes, a política externa de um partido se sobreponha à política externa do País. Se o Brasil quiser realmente sentar-se à mesa das grandes decisões mundiais e cobrar as reformas que se fazem necessárias há alguns anos, como do Conselho de Segurança da ONU, a nossa Política Externa terá de ser ajustada.

A comissão continua sob comando do PSDB. Qual deve ser o papel do colegiado?

O PSDB sempre teve compromisso com uma Política Externa equilibrada, baseada nas melhores tradições da nossa diplomacia, na solução pacífica dos conflitos e sustentada no diálogo franco e aberto. Fui indicado pelo meu partido para contribuir com o fortalecimento dessa política. Além disso, é prerrogativa do Parlamento, fiscalizar todas as ações do Poder Executivo, incluindo a Política Externa que implementa.

Como ressaltei em minha posse, a forma como o Brasil se insere no mundo, as parcerias que firma e os alinhamentos que adota no tabuleiro geopolítico produz consequências políticas e econômico-comerciais para o nosso País. É, portanto, nossa obrigação, trabalhar em sintonia com os interesses nacionais e os impactos que as nossas escolhas venham a produzir no cenário internacional. Procuraremos sempre, de forma transparente, construir as melhores pautas para o Brasil.

Como o senhor encara as declarações do presidente Lula sobre Israel, lembrando o episódio do Holocausto?

Foram declarações desastradas que em nada contribuem com a busca de uma solução para o conflito. A forma como o presidente se expressou afasta o Brasil do centro de gravidade das grandes decisões mundiais, além de nos inviabilizar como ator capaz de promover e mediar uma paz duradoura naquela região.

O Hamas é uma organização terrorista que invadiu um país soberano para cometer crimes horrendos contra uma população civil inocente e desarmada. Lamentavelmente, o Brasil não respondeu à altura e o atual governo tem sido frequentemente elogiado pela organização palestina.

Nos preocupa que declarações como estas possam, no médio e longo prazos, provocar prejuízos ao nosso País, sejam políticos ou econômicos. Obviamente, todos devemos exigir que a resposta de Israel, esteja dentro da legalidade, poupe civis e minimize ao máximo a tragédia humanitária. Esta é uma guerra de Israel contra uma organização terrorista, não contra os palestinos.

O presidente Lula recentemente deu novas declarações em apoio a Nicolás Maduro na Venezuela, minimizando a perseguição à oposição. O posicionamento é correto?

De forma alguma. O Brasil, no caso específico da Venezuela, flerta com um regime autoritário que persegue, prende, tortura e assassina, opositores. A crise venezuelana transbordou as fronteiras do país convertendo-se em uma séria ameaça à segurança regional. Lamentavelmente, o Brasil mostra-se alinhado com esse regime, incapaz de exercer pressão para que se respeitem os direitos humanos (eleições livres) na Venezuela. Observamos o Brasil assistir, inerte à sucessão de violações cometidas naquele país.

Quais projetos o senhor avalia que são imprescindíveis para a comissão analisar neste ano?

A nossa meta é discutirmos e votarmos todos os acordos internacionais que se encontram tramitando e aqueles que ainda devem ser enviados para a comissão. Por exemplo, temos vários acordos para pôr fim à dupla tributação com diferentes países, instrumento que produz impacto direto nas nossas relações econômicas e comerciais. Além disso, temos vários acordos de cooperação em matéria de Defesa, Serviços Aéreos, Ciência e Tecnologia e Facilitação de Comércio, que iremos pautar logo que possível. O meu objetivo principal é fazer a pauta andar para termos produtividade.

Como o senhor avalia o desempenho do ministro da Defesa, José Múcio?

Logo que assumi, apresentei requerimentos para que os ministros da Defesa e das Relações Exteriores venham à CREDN expor as prioridades de suas pastas para este ano. Pretendo, antes, conversar com ambos sobre o estado atual das nossas políticas externa e de defesa, para avaliarmos como a comissão poderá contribuir com as duas áreas. O ministro José Múcio é um ex-parlamentar com muita vivência na política, uma pessoa séria e que tem trabalhado para desenvolver as capacidades das nossas Forças Armadas.

Entrevista por Augusto Tenório

Jornalista recifense e torcedor do Sport. Foi residente do Projeto Comprova e checador no Publique-se, da Abraji. Além de Política, escreve crônicas sobre o Recife. Foi repórter na coluna de Jamildo Melo, do Jornal do Commercio, cobriu as eleições de 2022 em Pernambuco para o Estadão e foi setorista de Congresso Nacional no Metrópoles, em Brasília.

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