Apesar de ter crescido a pressão interna e da militância para que o PT expulse de forma rápida o vice-presidente Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), integrantes do partido têm dito que a decisão de tomar uma medida drástica como essa não é tão simples. As críticas ao dirigente, que acumula polêmicas na sigla, cresceu após ele se reunir com familiares de Chiquinho e Domingos Brazão, presos por ordem do Supremo por suspeita de terem encomendado o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) em 2018.
Petistas ouvidos sob reserva pela Coluna do Estadão chamam as atitudes de Quaquá de “erradas e erráticas”, mas ressaltam que é preciso respeitar o “devido processo legal”. Essa se tornou uma das bandeiras da legenda depois da prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, considerada no PT como um atropelo das leis. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, disse que entrará com uma ação contra Quaquá na Comissão de Ética da sigla. “Nenhum cabimento”, respondeu ele sobre a queixa. Pelo estatuto do partido, um processo como esse passa por várias etapas, com amplo direito de defesa.
Em entrevista ao Estadão no último sábado, 11, Quaquá defendeu sugeriu a criação de uma comissão de juristas para reavaliar o caso Marielle e atestar a inocência de Chiquinho e Domingos. Na quinta-feira, 9, ele publicou foto nas redes sociais ao lado de familiares dos Brazão e falou em prisões injustas. O gesto foi criticado não só por Anielle, mas também pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Não é a primeira vez que Quaquá se envolve em polêmicas no partido. Em fevereiro de 2023, ele publicou foto nas redes sociais com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que fez parte do governo Bolsonaro e foi amplamente criticado pelo PT e outros setores da sociedade por sua atuação na pandemia de covid-19. Em dezembro de 2021, ele afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff não tinha mais relevância eleitoral para a sigla.