Mesmo se o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, não for indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), o PT vai insistir em assumir a Segurança Pública. Desde a transição, uma ala da sigla defende que a área seja separada da Justiça. E, claro, já há briga pela eventual vaga. Como mostrou a Coluna, petistas avisaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o governo perdeu o debate sobre o tema.
O coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho; a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; e o advogado-geral da União, Jorge Messias, têm os nomes ventilados. No fogo amigo contra Dino, os petistas deixam claro que não querem deixar o ministério com o PSB do atual gestor. Consideram que se trata de uma escolha pessoal de Lula.
O presidente da República, porém, terá de confrontar a ambição do PT com a seguinte indagação: como entregar a segurança pública a um representante do partido que governa a Bahia há 16 anos, mesmo Estado que enfrenta ampla crise no setor?
Realidade da Bahia atrapalha discurso do PT na segurança
Como mostrou o Estadão, a taxa de mortes decorrentes de intervenção policial na Bahia mais que quadruplicaram entre 2015 e 2022, saltando de 2,3 a cada 100 mil habitantes para 10,4. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Nome de Cappelli só aparece em cenário com Dino no Supremo
Mesmo com a pressão petista, o PSB tem seus nomes no caso de Flávio Dino perder o controle da Segurança. O secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, é da sigla, e o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, ligado diretamente ao atual ministro.
Ricardo Cappelli só entra num cenário se Dino for indicado ao STF. Nesse caso, ele teria apoio do próprio ministro para ocupar o cargo. Cappelli conseguiu ter aproximação de Lula, como mostrou a Coluna, ao ser interventor da segurança pública do Distrito Federal e depois nomeado como interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).