O processo de refundação do PTB é motivo de otimismo entre getulistas históricos, como o ex-senador Roberto Requião (PT). Em crise com o PT, Requião afirmou à Coluna que “estimula” a volta do PTB, cujo processo de formação foi protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é liderado pelo ex-deputado federal Vivaldo Barbosa.
Criado por Getúlio Vargas em 1945 e extinto pela ditadura militar, o PTB fez uma guinada à direita nas últimas décadas sob a presidência de Roberto Jefferson, preso desde outubro de 2022 após atirar granadas contra policiais federais. Em novembro deste ano, deixou de existir após a fusão com o Patriota que criou o PRD, Partido da Renovação Democrática. Agora, pelas mãos de Vivaldo Barbosa, tenta voltar à cena política com a raiz trabalhista de sua fundação, sem a influência da direita de Jeffeson e seu grupo.
“Acho interessante termos o PTB getulista, desenvolvimentista, nacionalista. Mas como esse partido vai ser montado? Quais serão as características? Se seguir a doutrina do PTB, vai ser interessante. Estou acompanhando”, afirmou Requião à Coluna. O ex-senador evitou, no entanto, dizer se vai deixar o PT se o novo PTB sair do papel.
Vivaldo Barbosa diz que o novo PTB será trabalhista “de verdade”. “Estamos muito animados. A espera foi longa”, diz à Coluna.
Com o processo de redemocratização e volta do regime pluripartidário, o TSE entregou, em 1980, comando do PTB a Ivete Vargas, sobrinha-neta de Getúlio. Ela disputou na Justiça o direito à legenda com o ex-governador do Rio Leonel Brizola, outro getulista histórico. Derrotado, Brizola formou o PDT, que abrigou Vivaldo Barbosa no período da Constituinte.
Atualmente, o PDT tem como principal liderança o ministro da Previdência, Carlos Lupi, que se afastou da sigla após entrar no governo Lula. O deputado André Figueiredo (PDT-CE) está no comando do partido. Para Vivaldo Barbosa, o PDT tornou-se fisiologista após a morte de Brizola e não representa mais o trabalhismo.
Requião elogia novo PTB enquanto vive crise com o PT
Candidato derrotado ao governo do Paraná em 2022, Requião está em crise com o PT. Critica a política econômica do governo Lula e não tem apoio interno para disputar a eventual eleição suplementar ao Senado pelo Estado, se Sergio Moro (União Brasil-PR) for condenado no processo de cassação que corre na Justiça Eleitoral. Caso haja a disputa, o PT deve lançar à vaga a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente da sigla.
Como revelou a Coluna, Roberto Requião já recebeu convites para se entrar na Rede e no Solidariedade.