Ao incluir nas regras de privatização da Sabesp que o investidor estratégico não poderá vender suas ações até 2029, como antecipou a Coluna do Estadão, o governo Tarcísio de Freitas criou uma vacina política. O período é o mesmo determinado para a universalização do saneamento básico. Com isso, o governador reforça o discurso de que a desestatização vai permitir melhorias sociais, para rebater os opositores. A meta é garantir 99% de água potável e 90% de coleta e tratamento de esgoto em cinco anos.
A decisão de relacionar os dois prazos foi bem recebida pelos analistas de mercado. “Condicionar o lockup ao saneamento mitiga os riscos de não investimento e aumenta a expectativa de melhorar a rentabilidade da ação”, afirma Júlia Monteiro analista da MyCap.
”É positivo para o governo e para os investidores. O Brasil tem problema crônico com a falta de saneamento. Então, a medida é uma evolução e uma tendência global”, observa Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos. Para o sócio da Ajax Investimentos, Rafael Passos, a medida abre espaço “para os players estratégicos acelerarem os investimentos”.
A Sabesp se destacou positivamente na Bolsa nesta quinta-feira, 18. O mercado avaliou positivamente os detalhes anunciados pelo Governo do Estado das regras para investidores e à aprovação, em primeiro turno, da adesão do município de São Paulo ao processo de privatização da companhia. As ações fecharam o dia com alta de 1,63%.
O modelo de privatização da Sabesp prevê investidor estratégico e oferta de ações (follow-on) em dois blocos. O primeiro engloba 15% do total de papéis destinado ao investidor estratégico, com a competição pelo maior preço. O valor mínimo, ainda não divulgado, deve ser definido até maio, segundo o governador do Estado de São Paulo, Tarcício de Freitas.