O clima tenso na Venezuela em razão das eleições e das ameaças do presidente Nicolás Maduro já provoca reflexo no fluxo migratório para o Brasil. O número de imigrantes venezuelanos entrando no no País por Roraima, dobrou nesta semana. A constatação foi revelada à Coluna do Estadão pelo governador Antônio Denario (PP).
“Estamos atentos em Pacaraima, onde há um grande número de imigrantes venezuelanos vivendo, e todos os dias entram cerca de 300 novos cidadãos vindos da Venezuela. Temos informações da Operação Acolhida de que, em virtude dos recentes acontecimentos em torno das eleições na Venezuela, esse fluxo aumentou, chegando a mais de 600 imigrantes cruzando a fronteira diariamente”, relatou.
A fronteira da Venezuela com o Brasil, em Pacaraima (RR), foi fechada nesta sexta-feira, 26. A determinação foi do presidente Nicolás Maduro. Segundo fontes na região, apesar do fechamento, é possível passar pelos caminhos verdes, que são as trilhas secas na fronteira.
Denarium ressaltou que o país vizinho passa por um momento delicado, mas tranquilizou a população da região da fronteira. Ele disse que o Estado não teme a ameaça de Maduro de que haveria um banho de sangue e uma guerra civil caso seja derrotado. “Confiamos plenamente nas nossas instituições federais responsáveis pela segurança pública e no monitoramento das nossas fronteiras. Esse trabalho tem sido exitoso até aqui e acreditamos que agora não será diferente”.
Nesta entrevista exclusiva, o governador também destacou a parceria dos agentes estaduais e federais, explicou a renovação da presença da Força de Segurança Nacional em Roraima e disse torcer para que as eleições venezuelanas transcorram de forma pacífica e tranquila, “respeitando o processo democrático com transparência, e que o resultado, fruto do desejo soberano do povo venezuelano, seja respeitado”.
Confira abaixo a íntegra da entrevista
A ameaça de Nicolas Maduro de que haveria banho de sangue e guerra civil em caso de derrota causa temor ao estado de Roraima por estar em fronteira com a Venezuela?
Não. Confiamos plenamente nas nossas instituições federais responsáveis pela segurança pública e no monitoramento das nossas fronteiras. Esse trabalho tem sido exitoso até aqui e acreditamos que agora não será diferente.
A renovação do uso da Força Nacional era necessária também para dar mais segurança em razão das eleições na Venezuela?
O pedido não foi feito em razão da eleição. A presença da Força Nacional em Roraima é constantemente avaliada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e essa parceria com o governo federal tem somado com as nossas forças de segurança e contribuído para a diminuição dos índices de criminalidade em nosso Estado.
O controle de fronteiras é de responsabilidade federal e há agentes de inteligência da Polícia Federal em constante atuação. O governo de Roraima participa de alguma forma ou foi acionado em razão das eleições?
As forças de segurança estaduais trabalham em parceria com os órgãos de segurança federais, sempre que demandados. Estamos atentos em Pacaraima, onde há um grande número de imigrantes venezuelanos vivendo, e todos os dias entram cerca de 300 novos cidadãos vindos da Venezuela.
Temos informações da Operação Acolhida de que esse número aumentou substancialmente nos últimos dias em virtude dos recentes acontecimentos em torno das eleições na Venezuela, chegando a mais de 600 imigrantes cruzando a fronteira diariamente. Caso o nosso apoio seja necessário, estamos prontos para atender.
Que recado o senhor quer passar aos moradores, especialmente de Pacaraima, que estão tensos e temerosos com o resultado das eleições na Venezuela?
É um momento delicado no país vizinho, mas acredito que isso não deva se estender além da fronteira. Então a população brasileira em Pacaraima pode ficar tranquila, pois as nossas forças de segurança presentes na cidade estão trabalhando diuturnamente e prontas para apoiar as forças federais em caso de necessidade.
O senhor acha que havia necessidade desse fechamento de fronteira determinado por Nicolás Maduro?
Já tivemos o fechamento da fronteira em outros momentos, algumas vezes por conta de eleições na Venezuela, outras por motivos diferentes. É uma decisão que não nos cabe tecer comentários, pois se trata de política externa. Mas as populações de Pacaraima, no Brasil, e de Santa Elena de Uairén, na Venezuela, são cidades coirmãs e mantêm um histórico de boas relações ao longo da história.
Qual é a sua expectativa neste momento?
Como estado que faz fronteira com a Venezuela e que é a porta de entrada para turistas e imigrantes daquele país, o nosso desejo é que as eleições transcorram de forma pacífica e tranquila, respeitando o processo democrático com transparência, e que o resultado, fruto do desejo soberano do povo venezuelano, seja respeitado.