Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Venda da Sabesp tem maior ordem individual em oferta pública na B3


Operação foi desenhada para ter ordem grande na figura do investidor de referência; o formato, nos moldes adotado pelo governo de São Paulo, ainda não havia sido usado no mercado de ações brasileiro

Por Roseann Kennedy e Altamiro Silva Junior
Atualização:

A privatização da Sabesp não terminou, mas já tem um recorde no mercado de capitais brasileiro. A venda da companhia de saneamento de São Paulo recebeu a maior ordem individual em valor absoluto em uma oferta pública no Brasil. A Equatorial propôs pagar R$ 6,9 bilhões por 15% da empresa de saneamento. O recorde, porém, não deveria surpreender. Há uma razão para isso. A operação já foi desenhada para ter uma ordem grande, na figura do investidor de referência. Essa figura ainda não havia sido usada no mercado de ações brasileiro nos moldes como o governo de São Paulo está fazendo.

A ordem de compra da Equatorial, com preço por ação de R$ 67,00, valor abaixo da cotação recente de tela do papel da Sabesp, em torno de R$ 78,00, é superior a todas as ordens individuais de investidores em ofertas públicas de ações conhecidas no Brasil, de acordo com fontes que monitoram o mercado. Mesmo em modelos nos quais a oferta pública tem um investidor âncora, ou uma tranche prioritária para um investidor específico, seja um controlador ou um banco, uma única ordem não chegou perto desse valor.

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Na privatização da Eletrobras, em meados de 2022, não havia a figura do investidor de referência, portanto, todas as ordens foram colocadas na mesma oferta, que movimentou R$ 34 bilhões, mais do que o dobro da venda da Sabesp. Embora com oferta muito maior que a da companhia paulista de saneamento, que deve movimentar um total de R$ 15 bilhões, a operação da empresa do setor elétrico não teve ordens individuais comparáveis aos valores da Equatorial, com a maioria ficando entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.

Na época da privatização da Eletrobras, fontes comentaram que dois grandes investidores, o GIC, fundo soberano de Cingapura, e o CPPIB, fundo de pensão do Canadá, que aliás é acionista da Equatorial, tinham feito pedidos de reserva aos bancos que superavam R$ 4 bilhões cada, mas propondo pagar preços pelos papéis da empresa de energia abaixo de R$ 40,00 por ação - aquém do mínimo que o governo achava necessário. Na oferta pública, a ação saiu a R$ 42,00. Como estes dois investidores não subiram o preço proposto, os pedidos não foram atendidos.

Historicamente, outra ordem individual com valor absoluto relevante, mas em setor bem diferente da Sabesp, foi da empresa de maquininhas de cartões Stone. Em 2021, a empresa comprou uma participação minoritária de 5% no Banco Inter pelo equivalente a R$ 2,5 bilhões, operação que foi zerada no começo do ano passado.

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A proposta da Equatorial sozinha supera ainda o valor total de muitas ofertas de ações no Brasil nos últimos anos. A da privatização da Copel, empresa de saneamento do Paraná, movimentou R$ 5,2 bilhões em agosto do ano passado, sem também ter a figura do investidor de referência.

 Foto: Divulgação Sabesp

Venda da Sabesp incluiu compromissos inéditos

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Para além dos valores inferiores em outras ofertas públicas no Brasil, um interlocutor comenta que em nenhum desses casos o investidor assumiu compromissos similares aos da Equatorial, como o de permanecer no capital social da companhia pelo menos até 2029, no chamado lock-up, onde fica impedido de vender ações. Além disso, aceitar a cláusula de poison-pill de 30% das ações, mecanismo que protege minoritários em troca de controle, impedindo que um sócio se torne majoritário por meio de uma oferta hostil, e que vinha sendo questionado por outros interessados em ser investidor de referência, mas que acabaram desistindo.

A privatização da Sabesp não terminou, mas já tem um recorde no mercado de capitais brasileiro. A venda da companhia de saneamento de São Paulo recebeu a maior ordem individual em valor absoluto em uma oferta pública no Brasil. A Equatorial propôs pagar R$ 6,9 bilhões por 15% da empresa de saneamento. O recorde, porém, não deveria surpreender. Há uma razão para isso. A operação já foi desenhada para ter uma ordem grande, na figura do investidor de referência. Essa figura ainda não havia sido usada no mercado de ações brasileiro nos moldes como o governo de São Paulo está fazendo.

A ordem de compra da Equatorial, com preço por ação de R$ 67,00, valor abaixo da cotação recente de tela do papel da Sabesp, em torno de R$ 78,00, é superior a todas as ordens individuais de investidores em ofertas públicas de ações conhecidas no Brasil, de acordo com fontes que monitoram o mercado. Mesmo em modelos nos quais a oferta pública tem um investidor âncora, ou uma tranche prioritária para um investidor específico, seja um controlador ou um banco, uma única ordem não chegou perto desse valor.

Na privatização da Eletrobras, em meados de 2022, não havia a figura do investidor de referência, portanto, todas as ordens foram colocadas na mesma oferta, que movimentou R$ 34 bilhões, mais do que o dobro da venda da Sabesp. Embora com oferta muito maior que a da companhia paulista de saneamento, que deve movimentar um total de R$ 15 bilhões, a operação da empresa do setor elétrico não teve ordens individuais comparáveis aos valores da Equatorial, com a maioria ficando entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.

Na época da privatização da Eletrobras, fontes comentaram que dois grandes investidores, o GIC, fundo soberano de Cingapura, e o CPPIB, fundo de pensão do Canadá, que aliás é acionista da Equatorial, tinham feito pedidos de reserva aos bancos que superavam R$ 4 bilhões cada, mas propondo pagar preços pelos papéis da empresa de energia abaixo de R$ 40,00 por ação - aquém do mínimo que o governo achava necessário. Na oferta pública, a ação saiu a R$ 42,00. Como estes dois investidores não subiram o preço proposto, os pedidos não foram atendidos.

Historicamente, outra ordem individual com valor absoluto relevante, mas em setor bem diferente da Sabesp, foi da empresa de maquininhas de cartões Stone. Em 2021, a empresa comprou uma participação minoritária de 5% no Banco Inter pelo equivalente a R$ 2,5 bilhões, operação que foi zerada no começo do ano passado.

A proposta da Equatorial sozinha supera ainda o valor total de muitas ofertas de ações no Brasil nos últimos anos. A da privatização da Copel, empresa de saneamento do Paraná, movimentou R$ 5,2 bilhões em agosto do ano passado, sem também ter a figura do investidor de referência.

 Foto: Divulgação Sabesp

Venda da Sabesp incluiu compromissos inéditos

Para além dos valores inferiores em outras ofertas públicas no Brasil, um interlocutor comenta que em nenhum desses casos o investidor assumiu compromissos similares aos da Equatorial, como o de permanecer no capital social da companhia pelo menos até 2029, no chamado lock-up, onde fica impedido de vender ações. Além disso, aceitar a cláusula de poison-pill de 30% das ações, mecanismo que protege minoritários em troca de controle, impedindo que um sócio se torne majoritário por meio de uma oferta hostil, e que vinha sendo questionado por outros interessados em ser investidor de referência, mas que acabaram desistindo.

A privatização da Sabesp não terminou, mas já tem um recorde no mercado de capitais brasileiro. A venda da companhia de saneamento de São Paulo recebeu a maior ordem individual em valor absoluto em uma oferta pública no Brasil. A Equatorial propôs pagar R$ 6,9 bilhões por 15% da empresa de saneamento. O recorde, porém, não deveria surpreender. Há uma razão para isso. A operação já foi desenhada para ter uma ordem grande, na figura do investidor de referência. Essa figura ainda não havia sido usada no mercado de ações brasileiro nos moldes como o governo de São Paulo está fazendo.

A ordem de compra da Equatorial, com preço por ação de R$ 67,00, valor abaixo da cotação recente de tela do papel da Sabesp, em torno de R$ 78,00, é superior a todas as ordens individuais de investidores em ofertas públicas de ações conhecidas no Brasil, de acordo com fontes que monitoram o mercado. Mesmo em modelos nos quais a oferta pública tem um investidor âncora, ou uma tranche prioritária para um investidor específico, seja um controlador ou um banco, uma única ordem não chegou perto desse valor.

Na privatização da Eletrobras, em meados de 2022, não havia a figura do investidor de referência, portanto, todas as ordens foram colocadas na mesma oferta, que movimentou R$ 34 bilhões, mais do que o dobro da venda da Sabesp. Embora com oferta muito maior que a da companhia paulista de saneamento, que deve movimentar um total de R$ 15 bilhões, a operação da empresa do setor elétrico não teve ordens individuais comparáveis aos valores da Equatorial, com a maioria ficando entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.

Na época da privatização da Eletrobras, fontes comentaram que dois grandes investidores, o GIC, fundo soberano de Cingapura, e o CPPIB, fundo de pensão do Canadá, que aliás é acionista da Equatorial, tinham feito pedidos de reserva aos bancos que superavam R$ 4 bilhões cada, mas propondo pagar preços pelos papéis da empresa de energia abaixo de R$ 40,00 por ação - aquém do mínimo que o governo achava necessário. Na oferta pública, a ação saiu a R$ 42,00. Como estes dois investidores não subiram o preço proposto, os pedidos não foram atendidos.

Historicamente, outra ordem individual com valor absoluto relevante, mas em setor bem diferente da Sabesp, foi da empresa de maquininhas de cartões Stone. Em 2021, a empresa comprou uma participação minoritária de 5% no Banco Inter pelo equivalente a R$ 2,5 bilhões, operação que foi zerada no começo do ano passado.

A proposta da Equatorial sozinha supera ainda o valor total de muitas ofertas de ações no Brasil nos últimos anos. A da privatização da Copel, empresa de saneamento do Paraná, movimentou R$ 5,2 bilhões em agosto do ano passado, sem também ter a figura do investidor de referência.

 Foto: Divulgação Sabesp

Venda da Sabesp incluiu compromissos inéditos

Para além dos valores inferiores em outras ofertas públicas no Brasil, um interlocutor comenta que em nenhum desses casos o investidor assumiu compromissos similares aos da Equatorial, como o de permanecer no capital social da companhia pelo menos até 2029, no chamado lock-up, onde fica impedido de vender ações. Além disso, aceitar a cláusula de poison-pill de 30% das ações, mecanismo que protege minoritários em troca de controle, impedindo que um sócio se torne majoritário por meio de uma oferta hostil, e que vinha sendo questionado por outros interessados em ser investidor de referência, mas que acabaram desistindo.

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