Criado com o objetivo de ser uma frente suprapartidária de oposição ao governo Jair Bolsonaro (sem partido), o movimento Direitos Já, Fórum da Democracia instalou nesta segunda-feira, 11, um conselho político com representantes de 14 partidos. O coletivo, que é coordenado pelo sociólogo Fernando Guimarães, vai elaborar manifestos e promover atos de protesto contra ações do governo que, segundo eles, atentem contra “a democracia e os direitos fundamentais”.
O primeiro evento do ano organizado pela frente está marcado para 30 de março, em São Luís, no Maranhão, véspera do aniversário do golpe militar de 1964. O ato terá como tema educação e o principal alvo será o ministro Abraham Weintraub, titular da pasta. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), faz a oposição a Bolsonaro e é apontado entre líderes da esquerda como presidenciável em 2022 ou vice em uma chapa liderada pelo PT.“O ato é em defesa da educação. É inaceitável que a condução da área fique nas mãos de um ministro da ideologia”, disse Guimarães.
Integrante do conselho, o professor Nabil Bonduki, pré-candidato do PT a Prefeitura de São Paulo, disse que a ideia do grupo é fazer uma “articulação” com vistas a 2022. “O fórum é uma articulação para formar uma frente democrática para evitar o risco da continuação de um governo autoritário”, afirmou.
O Direitos Já também se apresenta como um “laboratório” que pretende consolidar uma frente ampla anti-Bolsonaro para a próxima eleição presidencial. A reunião desta segunda teve um caráter “ecumênico” e reuniu antigos adversários políticos.
Estavam presentes, entre outros, o deputado federal Vinícius Poit (Novo-SP), o senador Armando Monteiro (PTB-PE), o deputado federal Raul Henry (MDB-PE), a vereadora Soninha Francine (Cidadania-SP), o presidente nacional do PV, José Luiz Penna (SP) e o ex-presidenciável da sigla Eduardo Jorge (SP), o porta-voz nacional da Rede, Pedro Ivo (DF), o ex-senador José Aníbal (PSDB), o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (sem partido).
Também estavam presentes representantes do PSD, Podemos, Solidariedade, PDT e PSB.
Na reunião de lançamento do movimento, em maio do ano passado, Guimarães reuniu cerca de 40 convidados, incluindo o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-ministro da Justiça José Gregori (PSDB). A ex-prefeita e ex-ministro Marta Suplicy (sem partido) aderiu mais tarde ao grupo para, segundo ela, ajudar a formar uma frente ampla de centro-esquerda.
No sábado, 8, a direção nacional do PT aprovou uma resolução política que privilegia a formação de frentes com partidos de esquerda, mas permite “alianças táticas”, pontuais, com outros setores do espectro político que tenham “contradições reais” com o governo Bolsonaro. Em setembro do ano passado o partido, por ordem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, boicotou o ato do Direitos Já no Tuca. O motivo foi a não inclusão na pauta da defesa da liberdade do ex-presidente.
Na resolução aprovada sábado o partido diz que qualquer frente que não conteste a política econômica do ministro Paulo Guedes “fará muito pouco pela democracia no Brasil e nada por sua população”.