BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, ganhou uma sobrevida no cargo. A recusa de Celso Amorim em aceitar a volta ao Itamaraty teria deixado a presidente Dilma Rousseff sem alternativas para substituí-lo. Por enquanto, Figueiredo fica, mas não deve durar até o final deste segundo mandato.
O ministro tem sido criticado dentro e fora do ministério. Diplomatas o consideram sem força ou poder político no governo, o que se reflete na posição de um Itamaraty já desprestigiado. Fora, Figueiredo é contestado pela falta de experiência e conhecimento na área comercial, considerada vital para que o Brasil tente retomar o crescimento econômico.
Apesar dos problemas, o ministro é querido pela presidente, principalmente por não lhe trazer problemas e aceitar as decisões presidenciais sem muito questionamento. Ainda assim, nas últimas semanas, era dada como certa sua saída - se Dilma encontrasse uma alternativa viável, o que estava difícil. Um dos principais advogados da saída de Figueiredo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva advogava por um nome político ou pela volta de seu chanceler, Celso Amorim.
Nos últimos dias, a possibilidade de ter Amorim de volta ao Itamaraty pela terceira vez ganhara força, com o atual embaixador em Washington, Mauro Vieira, voltando ao Brasil para ser secretário-geral e Figueiredo assumindo a embaixada nos Estados Unidos. No entanto, o rearranjo teria esbarrado na falta de interesse de Amorim, que se diz cansado, em assumir o ministério sem poder contar com a liberdade e a carta branca que lhe fora dada por Lula.
O vai e vem sobre o futuro do MRE tem deixado diplomatas nervosos. Mas, a demora para decidir quem comandará o Itamaraty reflete o status do ministério no atual governo. Com orçamento baixo, pouco prestígio e sem cargos políticos para nomear, O Itamaraty não é disputado pelos partidos da base, não entra no xadrez político e deve ser um dos últimos a serem definidos.