Como superar a polarização destrutiva?


Falta de consenso sobre suas causas dificulta debate sobre como lidar com ela

Por Oliver Stuenkel

Uma das tendências políticas mais marcantes ao longo da última década tem sido o crescimento da polarização em democracias mundo afora. Apesar da vasta literatura acadêmica recente sobre o tema, ainda não há consenso sobre o que causa a polarização nem qual é a melhor forma de mensurá-la. No debate público, o termo é usado muitas vezes de forma vaga: afinal, a polarização ideológica – que descreve uma diferença expressiva entre posições políticas dos principais partidos – é diferente da polarização afetiva, termo que descreve uma forte aversão a pessoas com outras convicções políticas. Da mesma forma, há países com forte polarização das elites políticas, enquanto outros têm eleitorado profundamente polarizado.

Não surpreende, portanto, a ausência de respostas sobre como lidar com o fenômeno, até mesmo porque algum grau de polarização é fundamental para o bom funcionamento da democracia: cidadãos devem poder escolher entre opções políticas claramente distintas na hora de escolher seus representantes. Sem discordâncias e rivalidades políticas, não há democracia. O foco, talvez, deva estar em saber como gerenciar essas discordâncias e garantir que elas não se transformem em polarização destrutiva, a qual inibe um debate público racional e produtivo – afinal, não há dúvida de que excesso de polarização representa perigo à democracia, aumentando o risco de violência política e de escaladas autoritárias.

O caso da Turquia sugere que os principais responsáveis pela polarização foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Foto: Reuters
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Um dos riscos do debate sobre as causas da polarização é que o termo às vezes dá a entender que a culpa sempre é, na mesma medida, dos dois lados. Porém, casos como os da Turquia, da Índia e da Venezuela – três países onde a polarização parece ter sido um fator importante na degradação democrática – sugerem que os principais responsáveis foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Da mesma forma, nos EUA, a polarização não ocorre entre dois pólos extremos, mas entre um Partido Republicano radicalizado e um Partido Democrata liderado por Joe Biden, justamente um representante da ala mais moderada da agremiação. Nos quatro casos, a forte polarização afetiva – e a aposta na retórica “nós contra eles” e na descrição dos rivais como “inimigos da pátria” por líderes como Erdogan, Modi, Chávez e Trump – parece ser um elemento-chave para criar uma “democracia de torcedores”, onde o senso crítico é substituído por uma filiação permanente, acrítica e quase religiosa.

Mesmo assim, seria um erro olhar apenas para lideranças nacionalistas com ambições autoritárias como única causa da polarização. A fragmentação do debate público e o surgimento de bolhas dentro das quais pessoas não são mais expostas a opiniões divergentes, bem como algoritmos nas redes sociais que favorecem opiniões radicais, contribuem para a polarização destrutiva. Superá-la é fundamental, pois ela ameaça tirar das democracias uma de suas grandes vantagens em comparação com sistemas autoritários: um debate político construtivo que ajuda a gerir discordâncias políticas entre grupos com interesses divergentes, pautado pela aceitação da legitimidade do outro lado e pelo reconhecimento de que a alternância de poder pode ser positiva para que o perdedor tenha a chance de se renovar – certo de que terá, no próximo ciclo eleitoral, uma nova oportunidade de governar.

Uma das tendências políticas mais marcantes ao longo da última década tem sido o crescimento da polarização em democracias mundo afora. Apesar da vasta literatura acadêmica recente sobre o tema, ainda não há consenso sobre o que causa a polarização nem qual é a melhor forma de mensurá-la. No debate público, o termo é usado muitas vezes de forma vaga: afinal, a polarização ideológica – que descreve uma diferença expressiva entre posições políticas dos principais partidos – é diferente da polarização afetiva, termo que descreve uma forte aversão a pessoas com outras convicções políticas. Da mesma forma, há países com forte polarização das elites políticas, enquanto outros têm eleitorado profundamente polarizado.

Não surpreende, portanto, a ausência de respostas sobre como lidar com o fenômeno, até mesmo porque algum grau de polarização é fundamental para o bom funcionamento da democracia: cidadãos devem poder escolher entre opções políticas claramente distintas na hora de escolher seus representantes. Sem discordâncias e rivalidades políticas, não há democracia. O foco, talvez, deva estar em saber como gerenciar essas discordâncias e garantir que elas não se transformem em polarização destrutiva, a qual inibe um debate público racional e produtivo – afinal, não há dúvida de que excesso de polarização representa perigo à democracia, aumentando o risco de violência política e de escaladas autoritárias.

O caso da Turquia sugere que os principais responsáveis pela polarização foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Foto: Reuters

Um dos riscos do debate sobre as causas da polarização é que o termo às vezes dá a entender que a culpa sempre é, na mesma medida, dos dois lados. Porém, casos como os da Turquia, da Índia e da Venezuela – três países onde a polarização parece ter sido um fator importante na degradação democrática – sugerem que os principais responsáveis foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Da mesma forma, nos EUA, a polarização não ocorre entre dois pólos extremos, mas entre um Partido Republicano radicalizado e um Partido Democrata liderado por Joe Biden, justamente um representante da ala mais moderada da agremiação. Nos quatro casos, a forte polarização afetiva – e a aposta na retórica “nós contra eles” e na descrição dos rivais como “inimigos da pátria” por líderes como Erdogan, Modi, Chávez e Trump – parece ser um elemento-chave para criar uma “democracia de torcedores”, onde o senso crítico é substituído por uma filiação permanente, acrítica e quase religiosa.

Mesmo assim, seria um erro olhar apenas para lideranças nacionalistas com ambições autoritárias como única causa da polarização. A fragmentação do debate público e o surgimento de bolhas dentro das quais pessoas não são mais expostas a opiniões divergentes, bem como algoritmos nas redes sociais que favorecem opiniões radicais, contribuem para a polarização destrutiva. Superá-la é fundamental, pois ela ameaça tirar das democracias uma de suas grandes vantagens em comparação com sistemas autoritários: um debate político construtivo que ajuda a gerir discordâncias políticas entre grupos com interesses divergentes, pautado pela aceitação da legitimidade do outro lado e pelo reconhecimento de que a alternância de poder pode ser positiva para que o perdedor tenha a chance de se renovar – certo de que terá, no próximo ciclo eleitoral, uma nova oportunidade de governar.

Uma das tendências políticas mais marcantes ao longo da última década tem sido o crescimento da polarização em democracias mundo afora. Apesar da vasta literatura acadêmica recente sobre o tema, ainda não há consenso sobre o que causa a polarização nem qual é a melhor forma de mensurá-la. No debate público, o termo é usado muitas vezes de forma vaga: afinal, a polarização ideológica – que descreve uma diferença expressiva entre posições políticas dos principais partidos – é diferente da polarização afetiva, termo que descreve uma forte aversão a pessoas com outras convicções políticas. Da mesma forma, há países com forte polarização das elites políticas, enquanto outros têm eleitorado profundamente polarizado.

Não surpreende, portanto, a ausência de respostas sobre como lidar com o fenômeno, até mesmo porque algum grau de polarização é fundamental para o bom funcionamento da democracia: cidadãos devem poder escolher entre opções políticas claramente distintas na hora de escolher seus representantes. Sem discordâncias e rivalidades políticas, não há democracia. O foco, talvez, deva estar em saber como gerenciar essas discordâncias e garantir que elas não se transformem em polarização destrutiva, a qual inibe um debate público racional e produtivo – afinal, não há dúvida de que excesso de polarização representa perigo à democracia, aumentando o risco de violência política e de escaladas autoritárias.

O caso da Turquia sugere que os principais responsáveis pela polarização foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Foto: Reuters

Um dos riscos do debate sobre as causas da polarização é que o termo às vezes dá a entender que a culpa sempre é, na mesma medida, dos dois lados. Porém, casos como os da Turquia, da Índia e da Venezuela – três países onde a polarização parece ter sido um fator importante na degradação democrática – sugerem que os principais responsáveis foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Da mesma forma, nos EUA, a polarização não ocorre entre dois pólos extremos, mas entre um Partido Republicano radicalizado e um Partido Democrata liderado por Joe Biden, justamente um representante da ala mais moderada da agremiação. Nos quatro casos, a forte polarização afetiva – e a aposta na retórica “nós contra eles” e na descrição dos rivais como “inimigos da pátria” por líderes como Erdogan, Modi, Chávez e Trump – parece ser um elemento-chave para criar uma “democracia de torcedores”, onde o senso crítico é substituído por uma filiação permanente, acrítica e quase religiosa.

Mesmo assim, seria um erro olhar apenas para lideranças nacionalistas com ambições autoritárias como única causa da polarização. A fragmentação do debate público e o surgimento de bolhas dentro das quais pessoas não são mais expostas a opiniões divergentes, bem como algoritmos nas redes sociais que favorecem opiniões radicais, contribuem para a polarização destrutiva. Superá-la é fundamental, pois ela ameaça tirar das democracias uma de suas grandes vantagens em comparação com sistemas autoritários: um debate político construtivo que ajuda a gerir discordâncias políticas entre grupos com interesses divergentes, pautado pela aceitação da legitimidade do outro lado e pelo reconhecimento de que a alternância de poder pode ser positiva para que o perdedor tenha a chance de se renovar – certo de que terá, no próximo ciclo eleitoral, uma nova oportunidade de governar.

Uma das tendências políticas mais marcantes ao longo da última década tem sido o crescimento da polarização em democracias mundo afora. Apesar da vasta literatura acadêmica recente sobre o tema, ainda não há consenso sobre o que causa a polarização nem qual é a melhor forma de mensurá-la. No debate público, o termo é usado muitas vezes de forma vaga: afinal, a polarização ideológica – que descreve uma diferença expressiva entre posições políticas dos principais partidos – é diferente da polarização afetiva, termo que descreve uma forte aversão a pessoas com outras convicções políticas. Da mesma forma, há países com forte polarização das elites políticas, enquanto outros têm eleitorado profundamente polarizado.

Não surpreende, portanto, a ausência de respostas sobre como lidar com o fenômeno, até mesmo porque algum grau de polarização é fundamental para o bom funcionamento da democracia: cidadãos devem poder escolher entre opções políticas claramente distintas na hora de escolher seus representantes. Sem discordâncias e rivalidades políticas, não há democracia. O foco, talvez, deva estar em saber como gerenciar essas discordâncias e garantir que elas não se transformem em polarização destrutiva, a qual inibe um debate público racional e produtivo – afinal, não há dúvida de que excesso de polarização representa perigo à democracia, aumentando o risco de violência política e de escaladas autoritárias.

O caso da Turquia sugere que os principais responsáveis pela polarização foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Foto: Reuters

Um dos riscos do debate sobre as causas da polarização é que o termo às vezes dá a entender que a culpa sempre é, na mesma medida, dos dois lados. Porém, casos como os da Turquia, da Índia e da Venezuela – três países onde a polarização parece ter sido um fator importante na degradação democrática – sugerem que os principais responsáveis foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Da mesma forma, nos EUA, a polarização não ocorre entre dois pólos extremos, mas entre um Partido Republicano radicalizado e um Partido Democrata liderado por Joe Biden, justamente um representante da ala mais moderada da agremiação. Nos quatro casos, a forte polarização afetiva – e a aposta na retórica “nós contra eles” e na descrição dos rivais como “inimigos da pátria” por líderes como Erdogan, Modi, Chávez e Trump – parece ser um elemento-chave para criar uma “democracia de torcedores”, onde o senso crítico é substituído por uma filiação permanente, acrítica e quase religiosa.

Mesmo assim, seria um erro olhar apenas para lideranças nacionalistas com ambições autoritárias como única causa da polarização. A fragmentação do debate público e o surgimento de bolhas dentro das quais pessoas não são mais expostas a opiniões divergentes, bem como algoritmos nas redes sociais que favorecem opiniões radicais, contribuem para a polarização destrutiva. Superá-la é fundamental, pois ela ameaça tirar das democracias uma de suas grandes vantagens em comparação com sistemas autoritários: um debate político construtivo que ajuda a gerir discordâncias políticas entre grupos com interesses divergentes, pautado pela aceitação da legitimidade do outro lado e pelo reconhecimento de que a alternância de poder pode ser positiva para que o perdedor tenha a chance de se renovar – certo de que terá, no próximo ciclo eleitoral, uma nova oportunidade de governar.

Uma das tendências políticas mais marcantes ao longo da última década tem sido o crescimento da polarização em democracias mundo afora. Apesar da vasta literatura acadêmica recente sobre o tema, ainda não há consenso sobre o que causa a polarização nem qual é a melhor forma de mensurá-la. No debate público, o termo é usado muitas vezes de forma vaga: afinal, a polarização ideológica – que descreve uma diferença expressiva entre posições políticas dos principais partidos – é diferente da polarização afetiva, termo que descreve uma forte aversão a pessoas com outras convicções políticas. Da mesma forma, há países com forte polarização das elites políticas, enquanto outros têm eleitorado profundamente polarizado.

Não surpreende, portanto, a ausência de respostas sobre como lidar com o fenômeno, até mesmo porque algum grau de polarização é fundamental para o bom funcionamento da democracia: cidadãos devem poder escolher entre opções políticas claramente distintas na hora de escolher seus representantes. Sem discordâncias e rivalidades políticas, não há democracia. O foco, talvez, deva estar em saber como gerenciar essas discordâncias e garantir que elas não se transformem em polarização destrutiva, a qual inibe um debate público racional e produtivo – afinal, não há dúvida de que excesso de polarização representa perigo à democracia, aumentando o risco de violência política e de escaladas autoritárias.

O caso da Turquia sugere que os principais responsáveis pela polarização foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Foto: Reuters

Um dos riscos do debate sobre as causas da polarização é que o termo às vezes dá a entender que a culpa sempre é, na mesma medida, dos dois lados. Porém, casos como os da Turquia, da Índia e da Venezuela – três países onde a polarização parece ter sido um fator importante na degradação democrática – sugerem que os principais responsáveis foram líderes com ambições autoritárias que apostaram na demonização de seus oponentes, para depois justificar medidas antidemocráticas. Da mesma forma, nos EUA, a polarização não ocorre entre dois pólos extremos, mas entre um Partido Republicano radicalizado e um Partido Democrata liderado por Joe Biden, justamente um representante da ala mais moderada da agremiação. Nos quatro casos, a forte polarização afetiva – e a aposta na retórica “nós contra eles” e na descrição dos rivais como “inimigos da pátria” por líderes como Erdogan, Modi, Chávez e Trump – parece ser um elemento-chave para criar uma “democracia de torcedores”, onde o senso crítico é substituído por uma filiação permanente, acrítica e quase religiosa.

Mesmo assim, seria um erro olhar apenas para lideranças nacionalistas com ambições autoritárias como única causa da polarização. A fragmentação do debate público e o surgimento de bolhas dentro das quais pessoas não são mais expostas a opiniões divergentes, bem como algoritmos nas redes sociais que favorecem opiniões radicais, contribuem para a polarização destrutiva. Superá-la é fundamental, pois ela ameaça tirar das democracias uma de suas grandes vantagens em comparação com sistemas autoritários: um debate político construtivo que ajuda a gerir discordâncias políticas entre grupos com interesses divergentes, pautado pela aceitação da legitimidade do outro lado e pelo reconhecimento de que a alternância de poder pode ser positiva para que o perdedor tenha a chance de se renovar – certo de que terá, no próximo ciclo eleitoral, uma nova oportunidade de governar.

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