Seis futuros ministros estão confirmados, até o momento, no novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Ministério da Fazenda, que durante o governo Bolsonaro foi agregado à pasta da Economia, será comandado pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. A Casa Civil terá como titular o atual governador da Bahia, Rui Costa. Na Defesa, assumirá o ex-ministro e ex-deputado José Múcio Monteiro. Para o Ministério da Justiça, o escolhido é o senador eleito Flávio Dino. Nas Relações Exteriores (Itamaraty), o chanceler será o embaixador Mauro Vieira. Já o Ministério da Cultura, que nos últimos anos foi reduzido ao status de secretaria, será recriado sob o comando da cantora Margareth Menezes.
Os demais ministros para as mais de 30 pastas do primeiro escalão ainda não foram oficializados, embora já se tenha alguns nomes como mais cotados. O deputado federal eleito Luiz Marinho (PT-SP) deve ser anunciado para o Ministério do Trabalho, segundo integrantes da equipe de transição. O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, é o favorito para comandar a Secretaria de Relações Institucionais, cargo que já ocupou, e ajudar na articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso. Filiado ao PT, o ex-chanceler Celso Amorim deverá ficar no Planalto, no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).
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Fernando Haddad
Ex-ministro da Educação (2005 a 2012) e ex-prefeito de São Paulo (2013 a 2016), Haddad é advogado e professor. Ficou em segundo lugar na disputa pelo governo de São Paulo nas eleições deste ano, pelo Partido dos Trabalhadores.
Sua escolha para o cargo seguiu o script desenhado na campanha eleitoral, de que o ministro da Fazenda de Lula 3 seria um político, como foi com Antônio Palocci no seu primeiro mandato, há 20 anos. A indicação também revela o desejo de Lula de ter no comando da economia um nome com quem tenha proximidade, a despeito de fogo amigo dentro do PT enfrentado pelo futuro ministro desde sua campanha à Prefeitura. Uma das principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, Haddad é o candidato natural à sucessão de Lula nas eleições de 2026.
Rui Costa
Economista, Rui Costa está no segundo mandato como governador da Bahia. Considerado dedicado e bom gestor, o chefe do Executivo baiano abriu mão de concorrer ao Senado para compor com aliados na Bahia e eleger seu sucessor, Jerônimo Rodrigues. Aliados e assessores descrevem Rui como uma figura muito hábil em construir parcerias com prefeitos baianos, o que lhe rendeu grande popularidade no interior.
Aos 59 anos, Rui Costa é formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e começou a carreira política no Polo Petroquímico de Camaçari. Dirigiu o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica (Sindiquímica) e ajudou a fundar o PT na Bahia ainda na década de 1980. O governador baiano também já foi vereador de Salvador (2000 e 2004), secretário de Relações Institucionais da Bahia e deputado federal pela Bahia pelo PT.
José Múcio Monteiro
Ex-deputado e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Múcio foi um dos nomes do primeiro escalão antecipados por Lula. Ele assumirá a Defesa. Experiente parlamentar, amigo do petista e ex-articulador político no Palácio do Planalto, Múcio será o elo direto com as Forças Armadas e trabalhará para minar a resistência a Lula nas cúpulas militares e mudar o tratamento a comportamentos partidários.
Múcio, que se diz um “construtor de pontes”, já começou a agir antes mesmo da indicação. Em contato com Lula, participou da escolha nesta quinta-feira, dia 8, dos próximos comandantes-gerais das três Forças. Os escolhidos foram o general Júlio César Arruda (Exército), o almirante Marcos Olsen (Marinha), e o brigadeiro Marcelo Damasceno (Aeronáutica). Os altos comandos das três Forças foram informados extraoficialmente.
Flávio Dino
Senador eleito no Maranhão com mais de 2,1 milhões de votos, Flávio Dino terá como objetivo à frente da Justiça o que ele e petistas classificam como “desbolsonarizar” a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Além disso, em outro foco de ação, Dino pretende revogar decretos de armas assinados pelo atual governo.
Anos 54 anos, o governador tem experiência de atuação nos três Poderes da República: Legislativo, Executivo e Judiciário. Filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Dino foi deputado federal pelo Maranhão entre 2007 e 2010, também atuou como presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), durante o primeiro governo Dilma Rousseff (PT) e foi governador do Maranhão por dois mandatos consecutivos (2014-2022).
Mauro Vieira
Diplomata e embaixador do Brasil na Croácia, Vieira é formado em Direito e ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1973. Possui bom trânsito político e convivência com parlamentares influentes no Congresso Nacional. Previamente, desempenhou as funções de introdutor e chefe de gabinete de Amorim. Nos governos do PT, ocupou as duas embaixadas mais prestigiadas, a de Buenos Aires (2004-2010) e a de Washington (2010-2014), até assumir o cargo de ministro das Relações Exteriores, em 2015, pela primeira vez, no governo Dilma Rousseff.
Aos 71 anos, Vieira retornará ao comando do Itamaraty com a missão recuperar a imagem do País no exterior, concluir negociações de acordos em andamento, como entre Mercosul e União Europeia, e retomar posições tradicionais da política externa brasileira, a exemplo do protagonismo na diplomacia verde.
Margareth Menezes
Cantora e compositora nascida em Salvador, Margareth Menezes tem 60 anos e é considerada um ícone do carnaval baiano e do samba. Ela foi convidada pelo governo eleito para o cargo com a missão de resgatar ações em uma área deixada de lado pelo governo Bolsonaro. Depois de encontro com Lula em Brasília, Margareth disse ter “aceitado a missão” e falou estar empenhada em formar uma força tarefa para “reascender a cultura no Brasil”.
Apesar de não ter experiência na gestão pública, a artista é fundadora e presidente da Associação Fábrica Cultural, focada na economia criativa. A entidade sem fins lucrativos atua há quase duas décadas na Bahia com incentivo à comercialização e divulgação de empreendedores locais, principalmente mulheres, além de promover cursos em áreas como costura, design gráfico, estamparia, artesanato, línguas e literatura para crianças e adultos.