BRASÍLIA - As luzes foram apagadas e a iluminação era feita com lanternas quando os policiais chegaram à casa usada por Francisco Wanderley Luiz, na Ceilândia, no entorno de Brasília. Por cerca de três meses, o local serviu para planejamento do atentado a bombas cometido por ele na Praça dos Três Poderes, na quarta-feira, 13. A recomendação aos policiais na abordagem era de cautela redobrada porque havia chances de o extremista ter deixado materiais explosivos no albergue que alugava.
Em meio a uma apreensão geral sobre o que poderia haver no cubículo localizado na periferia do Distrito Federal, o primeiro a entrar no imóvel foi Eros, um cachorro de 1 ano e 1 mês treinado pela Polícia Militar distrital para detectar explosivos em missões como esta. Cães como ele são preparados para entrar em locais sem pisar em áreas que podem ser sensíveis e para não esbarrar patas ou focinho na mobília.
O soldado “operador” de Eros estava de férias, mas seguiu imediatamente para a ocorrência assim que acionado pela chefia. Nem com uniforme completo e com a barba feita estava, mas se colocou à disposição para trabalhar na Praça dos Três Poderes em busca de explosivos que poderiam estar espalhados pela cidade.
Eros entrou na casa e, em poucos segundos, sentou diante de um armário e ficou imobilizado. Era o sinal de que ali havia material que poderia ser detonado. A dúvida era se dentro teria só algum item guardado despretensiosamente ou algum dispositivo pronto para explodir.
Com o sinal do cachorro, as equipes se afastaram e colocaram na cena um robô que entrou na casa para abrir a gaveta. O equipamento é operado por um computador e tem estrutura que recebe braço mecânico e uma pinça, úteis para manuseio de objetos. Assim que a gaveta foi aberta pelo robô, um estrondo.
Leia Também:
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, definiu como uma “gravíssima explosão” que poderia ter matado policiais. Para a PF, Francisco Luiz tentou matar policiais com a armadilha por saber que certamente o imóvel usado por ele seria vasculhado por peritos depois do atentado que vinha planejando em Brasília.
Dois robôs foram usados na operação de quarta-feira. Um da Polícia Militar do DF, na Praça dos Três Poderes, e outro, menor, da Polícia Federal, na casa em Ceilândia. O equipamento é construído para suportar explosões. O robô, o cachorro e os policiais não sofreram danos.
Como mostrou o Estadão, três tipos de equipamentos robotizados foram usados nos trabalhos com as bombas na Ceilândia e na Praça dos Três Poderes. Além do robô multiuso usado na gaveta, havia ainda um raio-x portátil e um “canhão disruptor” que dispara um tiro de água em alta pressão para inutilizar explosivos.