BRASÍLIA - O coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni virou réu por injúria na Justiça Militar. A denúncia do Ministério Público Militar (MPM) foi aceita na terça-feira, 13. O militar ficou conhecido por gravar, com camisa verde e amarela, vídeos repletos de xingamentos e ofensas à cúpula das Forças Armadas durante o ataque golpista do 8 de Janeiro. Como a acusação considera que o crime foi praticado de forma agravada e continuada, ele pode ser condenado a até dois anos de prisão.
Na ocasião, Testoni atuava como assessor da Divisão de Coordenação Administrativa e Financeira do Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Foi exonerado dois dias depois de comparecer à cena dos ataques contra os prédios públicos.
O ato que reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em ações de vandalismo e tentativa de golpe de Estado, na Praça dos Três Poderes. O Estadão identificou dezenas de golpistas e mostrou que a violência foi premeditada.
“Forças Armadas filhas da p... Bando de generais filhos da p... Vanguardeiros de m... Covardes. Olha o que está acontecendo com a gente. Freire Gomes (ex-comandante do Exército), filho da p... Alto Comando do c.... Olha aqui o povo, minha esposa. Esse nosso Exército é um m... Vão tudo tomar no c...”, esbravejou o coronel após a PM usar gás lacrimogêneo contra os extremistas. O oficial aparecia abraçado a sua mulher.
A denúncia contra o coronel, obtida pelo Estadão, leva em conta declarações dele gravadas em dois vídeos e enviadas em grupos de WhatsApp do qual também participavam outros oficiais. Entre eles, três superiores hierárquicos diretamente citados pelo militar: os generais de divisão Carlos Duarte Pontual de Lemos, Cristiano Pinto Sampaio e Pedro Celso Coelho Montenegro.
Em um segundo vídeo, Testoni diz ter “vergonha” de ser militar e prossegue os ataques. “Os filhos da p... da nossa força devem estar com o c... tomando whisky em casa agora no domingo”, disse, no vídeo. Manda agora aqui, ô Pontual, manda a PE (Polícia Especial). Montenegro, manda o BGP (Batalhão da Guarda Presidencial) dar porrada na gente aqui. Que p... de vanguardeira é essa? Familiar militar o c... Vocês são tudo filha da p... mesmo. P... Vai tudo tomar no c....”, afirmou.
O inquérito do Comando Militar do Planalto foi concluído em janeiro e encaminhado ao Ministério Público Militar. O órgão ofereceu a denúncia em 12 de maio à Justiça. Ela foi recebida em 13 de junho, quando o coronel passou a ser considerado réu no caso.
Os três advogados relacionados por Adriano Testoni na ação penal foram procurados por meio dos telefones que informam à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como funcionais, mas não responderam. Em depoimento ao Ministério Público, o coronel confirmou ter feito os xingamentos, mas justificou a agressão alegando circunstâncias das “ações repressivas do policiamento” durante o ataque.