O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), cobrou nesta segunda-feira, 2, que a secretária de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, seja afastada do cargo. Em entrevista à Rádio Eldorado, o parlamentar ainda recomendou ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que afaste a servidora do cargo. “Se você pensa com a ciência, não pode manter uma pessoa que é contra a ciência”, afirmou.
Em relação ao pedido de convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, Aziz disse não ver motivo "concreto" para a medida. “Eu, até hoje, não vejo alguma coisa concreta para convocar o ministro Braga Netto, agora, qualquer senador que é membro da CPI tem o direito de fazer o requerimento que quiser”, disse. “Eu, pessoalmente, não investigo pessoas, sempre digo que investigamos fatos. Se tiver um fato concreto e se chegar às pessoas, eu espero que seja responsabilizado por isso”, completou.
Na próxima terça-feira, 3, data em que a CPI volta do recesso parlamentar, o colegiado vai votar um requerimento apresentado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que pede o afastamento da secretária, conhecida como “capitã cloroquina”. A justificativa é de que ela estaria obstruindo as investigações do grupo. A convocação de Braga Netto, apresentada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), também está na pauta da comissão, junto a outros 133 requerimentos.
Braga Netto entrou em conflito com a cúpula da CPI ao assinar uma nota em conjunto com os comandantes das Forças Armadas criticando Omar Aziz que, durante depoimento do ex-diretor do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde Roberto Dias, afirmou que o "lado podre das Forças Armadas" estava envolvido em "falcatruas" do governo.
Vacina indiana
Segundo o presidente da CPI, na volta dos trabalhos da comissão, membros do colegiado vão entrar em contato com o embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, para solicitar informações do governo do país sobre o laboratório Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin. A negociação de doses do imunizante com o governo brasileiro por intermédio da Precisa Medicamentos está sob investigação da CPI.
“Essa empresa juntamente com a Precisa chegaram dentro do governo, foram pra dentro do Ministério da Saúde em tempo recorde”, disse Aziz.
Na última quinta-feira, 29, o governo federal anunciou que o contrato de compra da vacina Covaxin será cancelado. Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a decisão foi tomada após a Controladoria-Geral da União (CGU) analisar o processo de aquisição de 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão.
Flávio Bolsonaro na CPI
Com a entrada do senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) no governo, o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) passou a fazer parte da CPI da Covid como suplente. Na avaliação de Aziz, a mudança não gera nenhum efeito direto na atuação do colegiado.
“Para nósnão muda nada”, afirmou. “Não há nehuma possibilidade de haver mudança do ponto de vista de investigar, sem politizar, e mostrar a verdade para o povo brasileiro”, completou.