Crise política, voto impresso, ‘fora, Lula’ e até depressão levam prefeitos à renúncia


Políticos deixam o cargo alegando descontentamento com derrota de Bolsonaro em 2022

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - Desdobramentos da crise política e da polarização no País levaram prefeitos a abrir mão dos postos para os quais foram eleitos em suas cidades. A aversão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e até uma depressão que teria sido agravada pela não adoção do voto impresso pela Justiça Eleitoral tiraram prefeitos dos cargos.

Os 10 mil habitantes de Chapadão do Céu, cidade goiana na divisa com o Mato Grosso do Sul, tomaram conhecimento da decisão drástica do prefeito no início deste mês. Eduardo Peixoto (União Brasil) deixou a cadeira alegando depressão, doença que mata mais de 800 mil pessoas por ano.

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Segundo ele, o quadro piorou com as “interferências do Judiciário” na política. “Um fator que me afeta muito é o Judiciário do Brasil. Eu sofro muito. Não estou dizendo que isso foi determinante, eu tinha um histórico, mas é um fator que me estressa muito”, disse ao Estadão.

Ele não aponta um fato específico na ação do Judiciário que afetou a saúde e nega que o efeito tenha sido pela derrota de Jair Bolsonaro (PL). “De maneira geral, a Justiça do Brasil não tem mais nada de mérito, de fatores técnicos. O mérito da questão não significa muito”, disse. “Não foi a derrota de Bolsonaro, foi a maneira como o processo se deu. Eu acho que tem que ter voto impresso, é uma garantia, seja para a direita ou para a esquerda”.

Prefeito Eduardo Peixoto, de Chapadão do Céu (GO), deixou o cargo para tratar depressão Foto: Divulgação/Câmara Chapadão do Céu
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O hoje ex-prefeito chegou a se licenciar em dezembro de 2021 e voltou ao cargo no fim do ano passado. Mas viu que o trabalho na prefeitura não lhe fazia bem e decidiu abrir mão para o vice. Eduardo Peixoto estava em seu terceiro mandato, depois de também ter sido vice-prefeito e vereador. Agora, diz ter se afastado por completo da política para se recuperar dedicando seu tempo apenas à agricultura e à família.

Na cidade de Carlinda, a 720 quilômetros de Cuiabá, a prefeita Carmelinda Leal Martines Coelho, a Carmen Martines (União Brasil) também optou por largar o cargo por uma contraposição que ela reputou insuperável. Bolsonarista, disse que não poderia permanecer à frente da administração municipal se Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito para o Executivo federal.

O anúncio da decisão, logo após a consagração do petista nas urnas, em novembro, ganhou contornos de promessa. As redes sociais abraçaram a polêmica e acompanharam a prefeita até a concretização do ato, em 3 de janeiro, quando mandou uma carta à Câmara confirmando a medida.

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“Minhas convicções políticas me colocaram na contramão da administração que se inicia no dia 01/01/2023 pelo novo presidente da República e, por isso, não tenho forças para continuar dando o melhor de mim na frente do Poder Executivo municipal”, escreveu.

Prefeita Carmen Martines, de Carlinda (MT), entregou carta de renúncia à Câmara em 3 de janeiro Foto: Reprodução /Câmara de Carlinda (MT)

Ela havia sido reeleita em 2020 com 90% dos votos. Na disputa do ano passado, em que Bolsonaro perdeu para Lula, os eleitores de Carlinda preferiram o ex-presidente. Ele recebeu 3.357 votos, 58,19% do total. O petista foi a opção de 2.412 eleitores do município, 41,81%.

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Em Brasília, outra renúncia. No Distrito Federal não há prefeitos, mas administradores regionais indicados pelo governador distrital. Ilka Teodoro administrava a região central de Brasília desde agosto de 2019, escolhida por Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado. Renunciou em 9 de janeiro, dia seguinte à invasão e destruição das sedes dos Três Poderes por extremistas apoiadores de Jair Bolsonaro.

“A ausência de um comando firme na segurança pública, coordenando as operações e ordens de missão do dia e garantindo a participação e integração dos demais órgãos, deixou um vácuo doloso e um cenário de terra arrasada”, escreveu ao anunciar a renúncia.

BRASÍLIA - Desdobramentos da crise política e da polarização no País levaram prefeitos a abrir mão dos postos para os quais foram eleitos em suas cidades. A aversão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e até uma depressão que teria sido agravada pela não adoção do voto impresso pela Justiça Eleitoral tiraram prefeitos dos cargos.

Os 10 mil habitantes de Chapadão do Céu, cidade goiana na divisa com o Mato Grosso do Sul, tomaram conhecimento da decisão drástica do prefeito no início deste mês. Eduardo Peixoto (União Brasil) deixou a cadeira alegando depressão, doença que mata mais de 800 mil pessoas por ano.

Segundo ele, o quadro piorou com as “interferências do Judiciário” na política. “Um fator que me afeta muito é o Judiciário do Brasil. Eu sofro muito. Não estou dizendo que isso foi determinante, eu tinha um histórico, mas é um fator que me estressa muito”, disse ao Estadão.

Ele não aponta um fato específico na ação do Judiciário que afetou a saúde e nega que o efeito tenha sido pela derrota de Jair Bolsonaro (PL). “De maneira geral, a Justiça do Brasil não tem mais nada de mérito, de fatores técnicos. O mérito da questão não significa muito”, disse. “Não foi a derrota de Bolsonaro, foi a maneira como o processo se deu. Eu acho que tem que ter voto impresso, é uma garantia, seja para a direita ou para a esquerda”.

Prefeito Eduardo Peixoto, de Chapadão do Céu (GO), deixou o cargo para tratar depressão Foto: Divulgação/Câmara Chapadão do Céu

O hoje ex-prefeito chegou a se licenciar em dezembro de 2021 e voltou ao cargo no fim do ano passado. Mas viu que o trabalho na prefeitura não lhe fazia bem e decidiu abrir mão para o vice. Eduardo Peixoto estava em seu terceiro mandato, depois de também ter sido vice-prefeito e vereador. Agora, diz ter se afastado por completo da política para se recuperar dedicando seu tempo apenas à agricultura e à família.

Na cidade de Carlinda, a 720 quilômetros de Cuiabá, a prefeita Carmelinda Leal Martines Coelho, a Carmen Martines (União Brasil) também optou por largar o cargo por uma contraposição que ela reputou insuperável. Bolsonarista, disse que não poderia permanecer à frente da administração municipal se Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito para o Executivo federal.

O anúncio da decisão, logo após a consagração do petista nas urnas, em novembro, ganhou contornos de promessa. As redes sociais abraçaram a polêmica e acompanharam a prefeita até a concretização do ato, em 3 de janeiro, quando mandou uma carta à Câmara confirmando a medida.

“Minhas convicções políticas me colocaram na contramão da administração que se inicia no dia 01/01/2023 pelo novo presidente da República e, por isso, não tenho forças para continuar dando o melhor de mim na frente do Poder Executivo municipal”, escreveu.

Prefeita Carmen Martines, de Carlinda (MT), entregou carta de renúncia à Câmara em 3 de janeiro Foto: Reprodução /Câmara de Carlinda (MT)

Ela havia sido reeleita em 2020 com 90% dos votos. Na disputa do ano passado, em que Bolsonaro perdeu para Lula, os eleitores de Carlinda preferiram o ex-presidente. Ele recebeu 3.357 votos, 58,19% do total. O petista foi a opção de 2.412 eleitores do município, 41,81%.

Em Brasília, outra renúncia. No Distrito Federal não há prefeitos, mas administradores regionais indicados pelo governador distrital. Ilka Teodoro administrava a região central de Brasília desde agosto de 2019, escolhida por Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado. Renunciou em 9 de janeiro, dia seguinte à invasão e destruição das sedes dos Três Poderes por extremistas apoiadores de Jair Bolsonaro.

“A ausência de um comando firme na segurança pública, coordenando as operações e ordens de missão do dia e garantindo a participação e integração dos demais órgãos, deixou um vácuo doloso e um cenário de terra arrasada”, escreveu ao anunciar a renúncia.

BRASÍLIA - Desdobramentos da crise política e da polarização no País levaram prefeitos a abrir mão dos postos para os quais foram eleitos em suas cidades. A aversão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e até uma depressão que teria sido agravada pela não adoção do voto impresso pela Justiça Eleitoral tiraram prefeitos dos cargos.

Os 10 mil habitantes de Chapadão do Céu, cidade goiana na divisa com o Mato Grosso do Sul, tomaram conhecimento da decisão drástica do prefeito no início deste mês. Eduardo Peixoto (União Brasil) deixou a cadeira alegando depressão, doença que mata mais de 800 mil pessoas por ano.

Segundo ele, o quadro piorou com as “interferências do Judiciário” na política. “Um fator que me afeta muito é o Judiciário do Brasil. Eu sofro muito. Não estou dizendo que isso foi determinante, eu tinha um histórico, mas é um fator que me estressa muito”, disse ao Estadão.

Ele não aponta um fato específico na ação do Judiciário que afetou a saúde e nega que o efeito tenha sido pela derrota de Jair Bolsonaro (PL). “De maneira geral, a Justiça do Brasil não tem mais nada de mérito, de fatores técnicos. O mérito da questão não significa muito”, disse. “Não foi a derrota de Bolsonaro, foi a maneira como o processo se deu. Eu acho que tem que ter voto impresso, é uma garantia, seja para a direita ou para a esquerda”.

Prefeito Eduardo Peixoto, de Chapadão do Céu (GO), deixou o cargo para tratar depressão Foto: Divulgação/Câmara Chapadão do Céu

O hoje ex-prefeito chegou a se licenciar em dezembro de 2021 e voltou ao cargo no fim do ano passado. Mas viu que o trabalho na prefeitura não lhe fazia bem e decidiu abrir mão para o vice. Eduardo Peixoto estava em seu terceiro mandato, depois de também ter sido vice-prefeito e vereador. Agora, diz ter se afastado por completo da política para se recuperar dedicando seu tempo apenas à agricultura e à família.

Na cidade de Carlinda, a 720 quilômetros de Cuiabá, a prefeita Carmelinda Leal Martines Coelho, a Carmen Martines (União Brasil) também optou por largar o cargo por uma contraposição que ela reputou insuperável. Bolsonarista, disse que não poderia permanecer à frente da administração municipal se Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito para o Executivo federal.

O anúncio da decisão, logo após a consagração do petista nas urnas, em novembro, ganhou contornos de promessa. As redes sociais abraçaram a polêmica e acompanharam a prefeita até a concretização do ato, em 3 de janeiro, quando mandou uma carta à Câmara confirmando a medida.

“Minhas convicções políticas me colocaram na contramão da administração que se inicia no dia 01/01/2023 pelo novo presidente da República e, por isso, não tenho forças para continuar dando o melhor de mim na frente do Poder Executivo municipal”, escreveu.

Prefeita Carmen Martines, de Carlinda (MT), entregou carta de renúncia à Câmara em 3 de janeiro Foto: Reprodução /Câmara de Carlinda (MT)

Ela havia sido reeleita em 2020 com 90% dos votos. Na disputa do ano passado, em que Bolsonaro perdeu para Lula, os eleitores de Carlinda preferiram o ex-presidente. Ele recebeu 3.357 votos, 58,19% do total. O petista foi a opção de 2.412 eleitores do município, 41,81%.

Em Brasília, outra renúncia. No Distrito Federal não há prefeitos, mas administradores regionais indicados pelo governador distrital. Ilka Teodoro administrava a região central de Brasília desde agosto de 2019, escolhida por Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado. Renunciou em 9 de janeiro, dia seguinte à invasão e destruição das sedes dos Três Poderes por extremistas apoiadores de Jair Bolsonaro.

“A ausência de um comando firme na segurança pública, coordenando as operações e ordens de missão do dia e garantindo a participação e integração dos demais órgãos, deixou um vácuo doloso e um cenário de terra arrasada”, escreveu ao anunciar a renúncia.

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