Posse de Zanin, depoimentos nas CPIs e retorno do Congresso: veja a agenda política desta semana


Advogado indicado por Lula assume oficialmente cadeira do STF na quinta-feira; veja quem depõe nas comissões que investigam o 8 de janeiro e o MST

Por Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA – Depois de 15 dias de recesso no Congresso, a agenda política voltará a ficar movimentada nesta semana, com retomada dos depoimentos nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), votações das pautas econômicas e expectativa de reuniões entre Centrão e governo Lula para mudanças nos ministérios. No Judiciário, haverá a posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira, 3, em uma solenidade com 350 convidados.

Cristiano Zanin será empossado como novo ministro do STF nesta quinta, 3. Saulo Cunha, ex-diretor da Abin, vai depor na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça, 1º Foto: Wilton Junior/Estadão & Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

O recesso legislativo se encerra nesta segunda-feira, 31. Na terça-feira, 1º, o primeiro dia de retorno dos congressistas, há depoimentos marcados nas três principais Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em andamento. A CPMI do 8 de Janeiro vai ouvir o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Informação (Abin) Saulo Mora da Cunha. Já o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI no governo Lula, foi convocado a depor como testemunha na CPI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o ex-diretor-executivo da Americanas Miguel Gutierrez foi intimado a comparecer na próxima sessão da CPI das Americanas.

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CPMI do 8 de janeiro volta após vazamento dos relatórios do Coaf

No primeiro dia de retorno dos parlamentares às sessões legislativas, na terça, às 9 horas, a CPMI do 8 de Janeiro vai ouvir o ex-diretor-adjunto da Abin. Saulo Moura da Cunha comandava o órgão de inteligência no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os atos de vandalismo nos prédios das Praça dos Três Poderes.

Os parlamentares acreditam que o depoimento do ex-diretor vai ajudar a entender se a Abin emitiu, ou não, alertas sobre o risco de atentados contra o patrimônio público e autoridades nos dias anteriores ao 8 de janeiro.

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Saulo Cunha, ex-diretor da Abin, será ouvido na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça-feira, 1º Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

A sessão da terça-feira será a primeira a ser realizada após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelar, a pedido da CPMI, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões de reais em transferências bancárias por Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano.

O Coaf também registrou que Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro e o último depoente a ser ouvido pela CPMI antes do recesso, recebeu depósitos de R$ 1,6 milhão entre junho de 2022 e maio de 2023.

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G. Dias presta depoimento na CPI do MST

Outro depoimento marcado para esta terça é o do general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que vai depor, como testemunha, na CPI do MST. A sessão está marcada para iniciar às 14 horas.

Nesta sexta-feira, 28, o ministro do STF André Mendonça negou o pedido de Dias para não comparecer ao depoimento. O magistrado interpretou que, como o ex-chefe do GSI irá depor como testemunha, a sua ida à comissão era impositiva. Mendonça garantiu ao general o direito de permanecer em silêncio e da assistência de um advogado, além de certificar que o ex-ministro não pode ser “sofrer constrangimentos físicos ou morais” na CPI.

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Gonçalves Dias vai depor na CPI do MST para falar sobre ações da Abin para impedir invasões de terras Foto: WILTON JUNIOR

Os integrantes da comissão parlamentar convocaram G.Dias a depor para que ele possa relatar ações realizadas pela Abin “no monitoramento de invasões de terra ocorridas de 1º de janeiro até 2 de março de 2023″. O ex-chefe do GSI interpretou o chamamento de outra forma, considerando que a sua intimação tinha como objetivo constrangê-lo ”notadamente em virtude do que ocorrido nos atos do último dia 8 de janeiro”.

CPI das Americanas ouve ex-diretor executivo da empresa

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A partir das 15h da terça-feira, a CPI das Americanas vai ouvir o ex-diretor executivo da empresa Miguel Gutierrez, um dos investigados pelo escândalo de fraude com valores bilionários. Assim como no caso de G. Dias, o ministro do STF André Mendonça permitiu que Gutierrez permaneça em silêncio durante o depoimento, mas determinou a sua ida como testemunha à sessão.

Em seguida, a CPI deve ouvir o depoimento de Fábio da Silva Abrate, ex-diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas. Abrate é ligado a Gutierrez e foi afastado do seu cargo em fevereiro deste ano após a revelação das inconsistências contábeis na empresa.

Na quinta-feira, 3, às 10h, está previsto que a CPI recolha o depoimento Francisley Valdevino da Silva, mais conhecido como o “Sheik das Criptomoedas”. Em novembro de 2022, Valdevino foi preso preventivamente após ser acusado de chefiar um golpe com criptoativos que teria movimentado ilegalmente R$ 4 bilhões. No último dia 3 de julho, ele teve a liberdade provisória concedida pela 23º Vara Federal de Curitiba.

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Votações no Congresso e mudanças nos ministérios

Além das comissões, o Congresso retoma as atividades com prioridade na agenda econômica. A reforma tributária está pendente de análise pelos senadores, enquanto o projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal está na Câmara.

Este interfere em outro ponto prioritário de discussão, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. O tema é uma preocupação para o Planalto, porque há ameaça de a Câmara tornar impositivas as emendas do antigo orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão. A consequência seria corroer ainda mais o poder de fogo do governo nas articulações políticas no Congresso, como mostrou a Coluna do Estadão.

Somam-se aos desafios impostos ao presidente Lula neste semestre a necessidade de deflagrar, ainda em agosto, uma reforma ministerial que melhore a relação com parlamentares e possibilite a aprovação das pautas de interesse do governo. A expectativa é que o presidente se reúna com partidos do Centrão para conversar sobre as mudanças na Esplanada.

Zanin será empossado no cargo de ministro do STF

O advogado Cristiano Zanin Martins, 47, será empossado como o novo ministro do STF na quinta-feira, 3. A cerimônia ocorre após a indicação de Zanin ser aprovada pelo Senado, por 50 votos a 18, no dia 21 de junho. O advogado atuou na defesa de Lula durante a Operação Lava Jato e poderá ficar na Suprema Corte até 2050, quando terá que se aposentar compulsoriamente ao atingir a idade limite de 75 anos.

Indicação de Zanin ao STF foi aprovada pelo Senado em junho Foto: WILTON JUNIOR

O regulamento interno do STF prevê que, na sessão solene, Zanin se comprometa a realizar “bem cumprir” dos deveres do cargo, agindo em conformidade com a Constituição e as leis da República. Também será seguida a tradição de o novo ministro ser levado ao plenário da Corte por Gilmar Mendes e André Mendonça, os magistrados que ocupam as suas cadeiras há mais e menos tempo, respectivamente.

Além dos outros ministros do STF, é previsto que o presidente Lula e o diretor-geral do STF, Miguel Ricardo de Oliveira Piazzi, participem da cerimônia e assinem o termo de posse de Zanin. O início da sessão está marcado para as 16 horas.

STF volta a julgar descriminalização de drogas

Na agenda da semana do STF, está previsto que os ministros retomem, nesta terça-feira, o julgamento da inconstitucionalidade do uso da tese da legítima defesa da honra em casos de feminicídio. Já há maioria formada para proibir o uso do argumento.

Na quarta-feira, 2, está marcado o retorno do julgamento da descriminalização do porte de drogas. Os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Gilmar Mendes já votaram a favor de algum tipo de absolvição de penas por posse de entorpecentes. A Corte julga o tema desde 2015, quando a Defensoria Pública de São Paulo contestou a punição prevista especificamente para quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal”.

O recesso do STF começou no dia 2 de julho e termina nesta segunda-feira. Durante o período, estavam suspensos os prazos processuais – tempo para realização de ações durante um processo judicial –, sendo automaticamente retomados a partir desta terça.

BRASÍLIA – Depois de 15 dias de recesso no Congresso, a agenda política voltará a ficar movimentada nesta semana, com retomada dos depoimentos nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), votações das pautas econômicas e expectativa de reuniões entre Centrão e governo Lula para mudanças nos ministérios. No Judiciário, haverá a posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira, 3, em uma solenidade com 350 convidados.

Cristiano Zanin será empossado como novo ministro do STF nesta quinta, 3. Saulo Cunha, ex-diretor da Abin, vai depor na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça, 1º Foto: Wilton Junior/Estadão & Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

O recesso legislativo se encerra nesta segunda-feira, 31. Na terça-feira, 1º, o primeiro dia de retorno dos congressistas, há depoimentos marcados nas três principais Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em andamento. A CPMI do 8 de Janeiro vai ouvir o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Informação (Abin) Saulo Mora da Cunha. Já o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI no governo Lula, foi convocado a depor como testemunha na CPI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o ex-diretor-executivo da Americanas Miguel Gutierrez foi intimado a comparecer na próxima sessão da CPI das Americanas.

CPMI do 8 de janeiro volta após vazamento dos relatórios do Coaf

No primeiro dia de retorno dos parlamentares às sessões legislativas, na terça, às 9 horas, a CPMI do 8 de Janeiro vai ouvir o ex-diretor-adjunto da Abin. Saulo Moura da Cunha comandava o órgão de inteligência no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os atos de vandalismo nos prédios das Praça dos Três Poderes.

Os parlamentares acreditam que o depoimento do ex-diretor vai ajudar a entender se a Abin emitiu, ou não, alertas sobre o risco de atentados contra o patrimônio público e autoridades nos dias anteriores ao 8 de janeiro.

Saulo Cunha, ex-diretor da Abin, será ouvido na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça-feira, 1º Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

A sessão da terça-feira será a primeira a ser realizada após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelar, a pedido da CPMI, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões de reais em transferências bancárias por Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano.

O Coaf também registrou que Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro e o último depoente a ser ouvido pela CPMI antes do recesso, recebeu depósitos de R$ 1,6 milhão entre junho de 2022 e maio de 2023.

G. Dias presta depoimento na CPI do MST

Outro depoimento marcado para esta terça é o do general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que vai depor, como testemunha, na CPI do MST. A sessão está marcada para iniciar às 14 horas.

Nesta sexta-feira, 28, o ministro do STF André Mendonça negou o pedido de Dias para não comparecer ao depoimento. O magistrado interpretou que, como o ex-chefe do GSI irá depor como testemunha, a sua ida à comissão era impositiva. Mendonça garantiu ao general o direito de permanecer em silêncio e da assistência de um advogado, além de certificar que o ex-ministro não pode ser “sofrer constrangimentos físicos ou morais” na CPI.

Gonçalves Dias vai depor na CPI do MST para falar sobre ações da Abin para impedir invasões de terras Foto: WILTON JUNIOR

Os integrantes da comissão parlamentar convocaram G.Dias a depor para que ele possa relatar ações realizadas pela Abin “no monitoramento de invasões de terra ocorridas de 1º de janeiro até 2 de março de 2023″. O ex-chefe do GSI interpretou o chamamento de outra forma, considerando que a sua intimação tinha como objetivo constrangê-lo ”notadamente em virtude do que ocorrido nos atos do último dia 8 de janeiro”.

CPI das Americanas ouve ex-diretor executivo da empresa

A partir das 15h da terça-feira, a CPI das Americanas vai ouvir o ex-diretor executivo da empresa Miguel Gutierrez, um dos investigados pelo escândalo de fraude com valores bilionários. Assim como no caso de G. Dias, o ministro do STF André Mendonça permitiu que Gutierrez permaneça em silêncio durante o depoimento, mas determinou a sua ida como testemunha à sessão.

Em seguida, a CPI deve ouvir o depoimento de Fábio da Silva Abrate, ex-diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas. Abrate é ligado a Gutierrez e foi afastado do seu cargo em fevereiro deste ano após a revelação das inconsistências contábeis na empresa.

Na quinta-feira, 3, às 10h, está previsto que a CPI recolha o depoimento Francisley Valdevino da Silva, mais conhecido como o “Sheik das Criptomoedas”. Em novembro de 2022, Valdevino foi preso preventivamente após ser acusado de chefiar um golpe com criptoativos que teria movimentado ilegalmente R$ 4 bilhões. No último dia 3 de julho, ele teve a liberdade provisória concedida pela 23º Vara Federal de Curitiba.

Votações no Congresso e mudanças nos ministérios

Além das comissões, o Congresso retoma as atividades com prioridade na agenda econômica. A reforma tributária está pendente de análise pelos senadores, enquanto o projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal está na Câmara.

Este interfere em outro ponto prioritário de discussão, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. O tema é uma preocupação para o Planalto, porque há ameaça de a Câmara tornar impositivas as emendas do antigo orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão. A consequência seria corroer ainda mais o poder de fogo do governo nas articulações políticas no Congresso, como mostrou a Coluna do Estadão.

Somam-se aos desafios impostos ao presidente Lula neste semestre a necessidade de deflagrar, ainda em agosto, uma reforma ministerial que melhore a relação com parlamentares e possibilite a aprovação das pautas de interesse do governo. A expectativa é que o presidente se reúna com partidos do Centrão para conversar sobre as mudanças na Esplanada.

Zanin será empossado no cargo de ministro do STF

O advogado Cristiano Zanin Martins, 47, será empossado como o novo ministro do STF na quinta-feira, 3. A cerimônia ocorre após a indicação de Zanin ser aprovada pelo Senado, por 50 votos a 18, no dia 21 de junho. O advogado atuou na defesa de Lula durante a Operação Lava Jato e poderá ficar na Suprema Corte até 2050, quando terá que se aposentar compulsoriamente ao atingir a idade limite de 75 anos.

Indicação de Zanin ao STF foi aprovada pelo Senado em junho Foto: WILTON JUNIOR

O regulamento interno do STF prevê que, na sessão solene, Zanin se comprometa a realizar “bem cumprir” dos deveres do cargo, agindo em conformidade com a Constituição e as leis da República. Também será seguida a tradição de o novo ministro ser levado ao plenário da Corte por Gilmar Mendes e André Mendonça, os magistrados que ocupam as suas cadeiras há mais e menos tempo, respectivamente.

Além dos outros ministros do STF, é previsto que o presidente Lula e o diretor-geral do STF, Miguel Ricardo de Oliveira Piazzi, participem da cerimônia e assinem o termo de posse de Zanin. O início da sessão está marcado para as 16 horas.

STF volta a julgar descriminalização de drogas

Na agenda da semana do STF, está previsto que os ministros retomem, nesta terça-feira, o julgamento da inconstitucionalidade do uso da tese da legítima defesa da honra em casos de feminicídio. Já há maioria formada para proibir o uso do argumento.

Na quarta-feira, 2, está marcado o retorno do julgamento da descriminalização do porte de drogas. Os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Gilmar Mendes já votaram a favor de algum tipo de absolvição de penas por posse de entorpecentes. A Corte julga o tema desde 2015, quando a Defensoria Pública de São Paulo contestou a punição prevista especificamente para quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal”.

O recesso do STF começou no dia 2 de julho e termina nesta segunda-feira. Durante o período, estavam suspensos os prazos processuais – tempo para realização de ações durante um processo judicial –, sendo automaticamente retomados a partir desta terça.

BRASÍLIA – Depois de 15 dias de recesso no Congresso, a agenda política voltará a ficar movimentada nesta semana, com retomada dos depoimentos nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), votações das pautas econômicas e expectativa de reuniões entre Centrão e governo Lula para mudanças nos ministérios. No Judiciário, haverá a posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira, 3, em uma solenidade com 350 convidados.

Cristiano Zanin será empossado como novo ministro do STF nesta quinta, 3. Saulo Cunha, ex-diretor da Abin, vai depor na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça, 1º Foto: Wilton Junior/Estadão & Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

O recesso legislativo se encerra nesta segunda-feira, 31. Na terça-feira, 1º, o primeiro dia de retorno dos congressistas, há depoimentos marcados nas três principais Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em andamento. A CPMI do 8 de Janeiro vai ouvir o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Informação (Abin) Saulo Mora da Cunha. Já o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI no governo Lula, foi convocado a depor como testemunha na CPI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o ex-diretor-executivo da Americanas Miguel Gutierrez foi intimado a comparecer na próxima sessão da CPI das Americanas.

CPMI do 8 de janeiro volta após vazamento dos relatórios do Coaf

No primeiro dia de retorno dos parlamentares às sessões legislativas, na terça, às 9 horas, a CPMI do 8 de Janeiro vai ouvir o ex-diretor-adjunto da Abin. Saulo Moura da Cunha comandava o órgão de inteligência no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os atos de vandalismo nos prédios das Praça dos Três Poderes.

Os parlamentares acreditam que o depoimento do ex-diretor vai ajudar a entender se a Abin emitiu, ou não, alertas sobre o risco de atentados contra o patrimônio público e autoridades nos dias anteriores ao 8 de janeiro.

Saulo Cunha, ex-diretor da Abin, será ouvido na CPMI do 8 de Janeiro nesta terça-feira, 1º Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

A sessão da terça-feira será a primeira a ser realizada após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelar, a pedido da CPMI, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões de reais em transferências bancárias por Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano.

O Coaf também registrou que Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro e o último depoente a ser ouvido pela CPMI antes do recesso, recebeu depósitos de R$ 1,6 milhão entre junho de 2022 e maio de 2023.

G. Dias presta depoimento na CPI do MST

Outro depoimento marcado para esta terça é o do general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que vai depor, como testemunha, na CPI do MST. A sessão está marcada para iniciar às 14 horas.

Nesta sexta-feira, 28, o ministro do STF André Mendonça negou o pedido de Dias para não comparecer ao depoimento. O magistrado interpretou que, como o ex-chefe do GSI irá depor como testemunha, a sua ida à comissão era impositiva. Mendonça garantiu ao general o direito de permanecer em silêncio e da assistência de um advogado, além de certificar que o ex-ministro não pode ser “sofrer constrangimentos físicos ou morais” na CPI.

Gonçalves Dias vai depor na CPI do MST para falar sobre ações da Abin para impedir invasões de terras Foto: WILTON JUNIOR

Os integrantes da comissão parlamentar convocaram G.Dias a depor para que ele possa relatar ações realizadas pela Abin “no monitoramento de invasões de terra ocorridas de 1º de janeiro até 2 de março de 2023″. O ex-chefe do GSI interpretou o chamamento de outra forma, considerando que a sua intimação tinha como objetivo constrangê-lo ”notadamente em virtude do que ocorrido nos atos do último dia 8 de janeiro”.

CPI das Americanas ouve ex-diretor executivo da empresa

A partir das 15h da terça-feira, a CPI das Americanas vai ouvir o ex-diretor executivo da empresa Miguel Gutierrez, um dos investigados pelo escândalo de fraude com valores bilionários. Assim como no caso de G. Dias, o ministro do STF André Mendonça permitiu que Gutierrez permaneça em silêncio durante o depoimento, mas determinou a sua ida como testemunha à sessão.

Em seguida, a CPI deve ouvir o depoimento de Fábio da Silva Abrate, ex-diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas. Abrate é ligado a Gutierrez e foi afastado do seu cargo em fevereiro deste ano após a revelação das inconsistências contábeis na empresa.

Na quinta-feira, 3, às 10h, está previsto que a CPI recolha o depoimento Francisley Valdevino da Silva, mais conhecido como o “Sheik das Criptomoedas”. Em novembro de 2022, Valdevino foi preso preventivamente após ser acusado de chefiar um golpe com criptoativos que teria movimentado ilegalmente R$ 4 bilhões. No último dia 3 de julho, ele teve a liberdade provisória concedida pela 23º Vara Federal de Curitiba.

Votações no Congresso e mudanças nos ministérios

Além das comissões, o Congresso retoma as atividades com prioridade na agenda econômica. A reforma tributária está pendente de análise pelos senadores, enquanto o projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal está na Câmara.

Este interfere em outro ponto prioritário de discussão, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. O tema é uma preocupação para o Planalto, porque há ameaça de a Câmara tornar impositivas as emendas do antigo orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão. A consequência seria corroer ainda mais o poder de fogo do governo nas articulações políticas no Congresso, como mostrou a Coluna do Estadão.

Somam-se aos desafios impostos ao presidente Lula neste semestre a necessidade de deflagrar, ainda em agosto, uma reforma ministerial que melhore a relação com parlamentares e possibilite a aprovação das pautas de interesse do governo. A expectativa é que o presidente se reúna com partidos do Centrão para conversar sobre as mudanças na Esplanada.

Zanin será empossado no cargo de ministro do STF

O advogado Cristiano Zanin Martins, 47, será empossado como o novo ministro do STF na quinta-feira, 3. A cerimônia ocorre após a indicação de Zanin ser aprovada pelo Senado, por 50 votos a 18, no dia 21 de junho. O advogado atuou na defesa de Lula durante a Operação Lava Jato e poderá ficar na Suprema Corte até 2050, quando terá que se aposentar compulsoriamente ao atingir a idade limite de 75 anos.

Indicação de Zanin ao STF foi aprovada pelo Senado em junho Foto: WILTON JUNIOR

O regulamento interno do STF prevê que, na sessão solene, Zanin se comprometa a realizar “bem cumprir” dos deveres do cargo, agindo em conformidade com a Constituição e as leis da República. Também será seguida a tradição de o novo ministro ser levado ao plenário da Corte por Gilmar Mendes e André Mendonça, os magistrados que ocupam as suas cadeiras há mais e menos tempo, respectivamente.

Além dos outros ministros do STF, é previsto que o presidente Lula e o diretor-geral do STF, Miguel Ricardo de Oliveira Piazzi, participem da cerimônia e assinem o termo de posse de Zanin. O início da sessão está marcado para as 16 horas.

STF volta a julgar descriminalização de drogas

Na agenda da semana do STF, está previsto que os ministros retomem, nesta terça-feira, o julgamento da inconstitucionalidade do uso da tese da legítima defesa da honra em casos de feminicídio. Já há maioria formada para proibir o uso do argumento.

Na quarta-feira, 2, está marcado o retorno do julgamento da descriminalização do porte de drogas. Os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Gilmar Mendes já votaram a favor de algum tipo de absolvição de penas por posse de entorpecentes. A Corte julga o tema desde 2015, quando a Defensoria Pública de São Paulo contestou a punição prevista especificamente para quem “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal”.

O recesso do STF começou no dia 2 de julho e termina nesta segunda-feira. Durante o período, estavam suspensos os prazos processuais – tempo para realização de ações durante um processo judicial –, sendo automaticamente retomados a partir desta terça.

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