Tarcísio na campanha de Nunes: governador sai dos bastidores e vai às ruas para ajudar seu candidato


Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, deve intensificar agendas de rua ao lado do governador, que se consolidou como o principal articulador de sua reeleição ao comando da capital paulista; Chefe do Executivo paulista também terá papel de destaque no horário eleitoral

Por Bianca Gomes e Pedro Augusto Figueiredo

Na primeira eleição em que será testado como cabo eleitoral, Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu a disputa na capital paulista como sua prioridade número um nas eleições municipais. O governador de São Paulo tornou-se o principal articulador da candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB), atuando nos bastidores para manter os partidos de sua base na coligação do emedebista e evitar a fragmentação da direita na capital – um plano que sofreu forte baque com a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral. Tarcísio, inclusive, atuou para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse a flertar com a candidatura do ex-coach. Agora, além de reforçar a atuação nos bastidores, também ajudará a dar uma cara ao programa eleitoral de Nunes.

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O governador e o prefeito se conhecem desde a época em que o governador era ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Aliados contam que Tarcísio participou, inclusive, da negociação do acordo que, em 2021, extinguiu a dívida de São Paulo com a União em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. Com a posse de Tarcísio como governador, os dois se aproximaram e passaram a cumprir agendas institucionais juntos. Inicialmente, Tarcísio evitou declarar apoio a Nunes, aguardando um alinhamento com o ex-presidente.

Nunes e Tarcísio em caminhada no Mercadão Municipal de São Paulo Foto: Campanha do prefeito Ricardo Nunes/Divulgação

Com o passar dos meses, a relação entre o governador e o prefeito se estreitou, e eles passaram a trocar elogios públicos, referindo-se um ao outro como “irmão”. Em novembro, no dia de seu aniversário, Nunes foi surpreendido com uma festa organizada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, onde fez questão de entregar o primeiro pedaço de bolo ao governador.

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A confirmação pública do apoio de Tarcísio à reeleição de Nunes ocorreu em janeiro deste ano. Desde então, o governador passou a se envolver pessoalmente na campanha, participando de discussões que vão da escolha do vice até o programa de governo, consolidando-se como um dos aliados mais próximos de Nunes.

Na prática, o governador se tornou o principal defensor de Nunes dentro do bolsonarismo, sendo também o mais vocal em expressar seu apoio. Tarcísio tem utilizado suas entrevistas para falar sobre a importância da colaboração entre Estado e município e, nas redes sociais, defende ativamente a administração de Nunes — o que Bolsonaro ainda reluta em fazer.

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Tarcísio também mobilizou seus principais interlocutores para fortalecer a campanha, incluindo seu assessor pessoal, Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o chefe da Casa Civil, Arthur Lima.

Tanto Tarcísio quanto Nunes sugerem compromissos de campanha que os dois podem fazer juntos, mas cabe a Torres e a Diogo Soares alinharem os detalhes com as agendas institucionais do governador e do prefeito. Soares era secretário-executivo do gabinete de Nunes, mas pediu exoneração em 31 de julho para atuar na campanha eleitoral.

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Lima, braço-direito de Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, contribuiu com o plano de governo, liderado pelo ex-governador tucano Rodrigo Garcia (sem partido), que disputou a reeleição em 2022, mas foi derrotado. O secretário repassou informações sobre o andamento de ações conjuntas entre o governo do Estado e a Prefeitura, como obras de habitação e de combate às enchentes.

Tietagem no Mercadão

Tarcísio estreou na campanha na terça-feira, 27, em uma caminhada ao lado do prefeito no Mercadão Municipal. O governador foi mais tietado que Nunes pelas pessoas que passavam pelo local e exaltou a importância de ter um aliado no comando da Prefeitura da mais populosa cidade do País.

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“O meu papel [na campanha] será mostrar o quanto a cooperação do governo do Estado com a Prefeitura está produzindo fruto”, disse o governador. “Hoje existe uma harmonia muito grande do governo com a Prefeitura. A gente consegue se acertar por música e isso dá agilidade nas tomadas de decisão e na execução das ações”, continuou.

Tarcísio disse ainda que, sem a parceria, não haverá revitalização do Centro de São Paulo. Ao ser questionado sobre qual será sua postura se outros candidatos vencerem a eleição, respondeu que “nem raciocina com essa hipótese”, pois acredita que Nunes será reeleito.

O governador esteve diretamente envolvido na escolha do vice de Nunes. Em 5 de abril, último dia da janela partidária, Tarcísio tentou filiar o então secretário municipal de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, ao Republicanos. Ele acreditava que o ex-ministro dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) seria o nome ideal para compor a chapa do prefeito, mas Aldo rejeitou a oferta.

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Embora não apoiasse de início a escolha do coronel Ricardo Mello Araújo como vice, foi Tarcísio quem acabou incentivando o prefeito a aceitar a indicação de seu nome, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo pessoas próximas, essa movimentação ocorreu logo após Bolsonaro se reunir com Marçal e entregar a ele a medalha de “imbrochável”, “imorrível” e “incomível”. Depois do episódio, o governador avaliou que a indicação seria um importante gesto de Nunes em direção a Bolsonaro.

Tarcísio também organizou um jantar para alinhar a escolha de Mello Araújo com os demais partidos da coligação. Embora filiado ao Republicanos, coube ao governador a tarefa de anunciar a escolha do coronel da reserva da Polícia Militar, filiado ao PL, para a chapa, durante um evento inicialmente destinado à assinatura do aditivo do contrato para a expansão da Linha 5-Lilás.

Coube a Tarcísio o anúncio do vice do prefeito Ricardo Nunes  Foto: Tiago Queiroz/ES

Trabalho para convencer Bolsonaro a se afastar de Marçal

Correligionários contam que Tarcísio ainda trabalhou para convencer Bolsonaro de que Marçal, embora se apresente como um candidato mais alinhado ao bolsonarismo, não é a melhor escolha para a Prefeitura de São Paulo. O governador tem atuado para alertar bolsonaristas que estariam deslumbrados com a popularidade digital do influenciador e querem surfar a onda de curtidas do candidato do PRTB nas redes sociais.

Na visão de Tarcísio, se eleito, o ex-coach não faria uma boa administração, abrindo caminho para um governo de esquerda na capital paulista em 2028. Tarcísio sustenta que tudo aquilo que acontece em São Paulo impacta diretamente a região metropolitana e pode prejudicar o grupo em eleições futuras. Embora seja cotado para disputar a Presidência em 2026, o governador manifesta a preferência em disputar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Tarcísio considera que a direita está mal orientada e questiona o argumento de que Marçal representa a “direita de verdade”. Ele repete nos bastidores que, na eleição de 2022, o ex-coach dizia que não era nem de direita nem de esquerda e sim “governalista”, e brinca que tem curiosidade em saber o que o termo significa. Por fim, Tarcísio também tem dito que uma eventual ida de Marçal para o segundo turno abre espaço para a eleição de Boulos, o que dificultaria a reedição de uma parceria nos moldes da que têm com Nunes.

Governador vai participar das inserções de Nunes na TV

Uma das sugestões recentes do governador foi intensificar as agendas conjuntas com o prefeito e concentrar os programas do horário eleitoral nas obras e realizações da gestão, numa tentativa de destacar a grandeza da administração.

A campanha de Nunes aposta em Tarcísio como seu principal cabo eleitoral, e, segundo aliados, o governador deve aparecer com frequência nas inserções do horário eleitoral gratuito, provavelmente mais que Bolsonaro.

Além de ressaltar a parceria entre eles, aliados de Nunes afirmam que Tarcísio mencionará na televisão e no rádio qualidades que enxerga no prefeito. A avaliação é que há necessidade de transmitir aos eleitores características pessoais de Nunes, já que Marçal transformou a eleição em uma discussão sobre os valores morais dos candidatos.

Aliados relatam que Tarcísio demonstrou entusiasmo com a gravação dos programas eleitorais e pediu que Nunes enviasse o material para ele assistir antes que os vídeos entrem no ar a partir de sexta-feira, 30.

Segundo aliados de Nunes, o governador também opina sobre os rumos e estratégia da campanha. Uma das sugestões de Tarcísio foi que o prefeito procurasse o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que fez a campanha dele em 2022 e ajudou na campanha de Javier Milei em 2023. A avaliação de Tarcísio é que Nobel pode ajudar no planejamento de campanha e melhorar as redes sociais de Nunes. O argentino tem contribuindo informalmente com a campanha, mas sem interferir na estratégia de Duda Lima, marqueteiro oficial do candidato à reeleição.

Na primeira eleição em que será testado como cabo eleitoral, Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu a disputa na capital paulista como sua prioridade número um nas eleições municipais. O governador de São Paulo tornou-se o principal articulador da candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB), atuando nos bastidores para manter os partidos de sua base na coligação do emedebista e evitar a fragmentação da direita na capital – um plano que sofreu forte baque com a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral. Tarcísio, inclusive, atuou para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse a flertar com a candidatura do ex-coach. Agora, além de reforçar a atuação nos bastidores, também ajudará a dar uma cara ao programa eleitoral de Nunes.

O governador e o prefeito se conhecem desde a época em que o governador era ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Aliados contam que Tarcísio participou, inclusive, da negociação do acordo que, em 2021, extinguiu a dívida de São Paulo com a União em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. Com a posse de Tarcísio como governador, os dois se aproximaram e passaram a cumprir agendas institucionais juntos. Inicialmente, Tarcísio evitou declarar apoio a Nunes, aguardando um alinhamento com o ex-presidente.

Nunes e Tarcísio em caminhada no Mercadão Municipal de São Paulo Foto: Campanha do prefeito Ricardo Nunes/Divulgação

Com o passar dos meses, a relação entre o governador e o prefeito se estreitou, e eles passaram a trocar elogios públicos, referindo-se um ao outro como “irmão”. Em novembro, no dia de seu aniversário, Nunes foi surpreendido com uma festa organizada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, onde fez questão de entregar o primeiro pedaço de bolo ao governador.

A confirmação pública do apoio de Tarcísio à reeleição de Nunes ocorreu em janeiro deste ano. Desde então, o governador passou a se envolver pessoalmente na campanha, participando de discussões que vão da escolha do vice até o programa de governo, consolidando-se como um dos aliados mais próximos de Nunes.

Na prática, o governador se tornou o principal defensor de Nunes dentro do bolsonarismo, sendo também o mais vocal em expressar seu apoio. Tarcísio tem utilizado suas entrevistas para falar sobre a importância da colaboração entre Estado e município e, nas redes sociais, defende ativamente a administração de Nunes — o que Bolsonaro ainda reluta em fazer.

Tarcísio também mobilizou seus principais interlocutores para fortalecer a campanha, incluindo seu assessor pessoal, Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o chefe da Casa Civil, Arthur Lima.

Tanto Tarcísio quanto Nunes sugerem compromissos de campanha que os dois podem fazer juntos, mas cabe a Torres e a Diogo Soares alinharem os detalhes com as agendas institucionais do governador e do prefeito. Soares era secretário-executivo do gabinete de Nunes, mas pediu exoneração em 31 de julho para atuar na campanha eleitoral.

Lima, braço-direito de Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, contribuiu com o plano de governo, liderado pelo ex-governador tucano Rodrigo Garcia (sem partido), que disputou a reeleição em 2022, mas foi derrotado. O secretário repassou informações sobre o andamento de ações conjuntas entre o governo do Estado e a Prefeitura, como obras de habitação e de combate às enchentes.

Tietagem no Mercadão

Tarcísio estreou na campanha na terça-feira, 27, em uma caminhada ao lado do prefeito no Mercadão Municipal. O governador foi mais tietado que Nunes pelas pessoas que passavam pelo local e exaltou a importância de ter um aliado no comando da Prefeitura da mais populosa cidade do País.

“O meu papel [na campanha] será mostrar o quanto a cooperação do governo do Estado com a Prefeitura está produzindo fruto”, disse o governador. “Hoje existe uma harmonia muito grande do governo com a Prefeitura. A gente consegue se acertar por música e isso dá agilidade nas tomadas de decisão e na execução das ações”, continuou.

Tarcísio disse ainda que, sem a parceria, não haverá revitalização do Centro de São Paulo. Ao ser questionado sobre qual será sua postura se outros candidatos vencerem a eleição, respondeu que “nem raciocina com essa hipótese”, pois acredita que Nunes será reeleito.

O governador esteve diretamente envolvido na escolha do vice de Nunes. Em 5 de abril, último dia da janela partidária, Tarcísio tentou filiar o então secretário municipal de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, ao Republicanos. Ele acreditava que o ex-ministro dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) seria o nome ideal para compor a chapa do prefeito, mas Aldo rejeitou a oferta.

Embora não apoiasse de início a escolha do coronel Ricardo Mello Araújo como vice, foi Tarcísio quem acabou incentivando o prefeito a aceitar a indicação de seu nome, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo pessoas próximas, essa movimentação ocorreu logo após Bolsonaro se reunir com Marçal e entregar a ele a medalha de “imbrochável”, “imorrível” e “incomível”. Depois do episódio, o governador avaliou que a indicação seria um importante gesto de Nunes em direção a Bolsonaro.

Tarcísio também organizou um jantar para alinhar a escolha de Mello Araújo com os demais partidos da coligação. Embora filiado ao Republicanos, coube ao governador a tarefa de anunciar a escolha do coronel da reserva da Polícia Militar, filiado ao PL, para a chapa, durante um evento inicialmente destinado à assinatura do aditivo do contrato para a expansão da Linha 5-Lilás.

Coube a Tarcísio o anúncio do vice do prefeito Ricardo Nunes  Foto: Tiago Queiroz/ES

Trabalho para convencer Bolsonaro a se afastar de Marçal

Correligionários contam que Tarcísio ainda trabalhou para convencer Bolsonaro de que Marçal, embora se apresente como um candidato mais alinhado ao bolsonarismo, não é a melhor escolha para a Prefeitura de São Paulo. O governador tem atuado para alertar bolsonaristas que estariam deslumbrados com a popularidade digital do influenciador e querem surfar a onda de curtidas do candidato do PRTB nas redes sociais.

Na visão de Tarcísio, se eleito, o ex-coach não faria uma boa administração, abrindo caminho para um governo de esquerda na capital paulista em 2028. Tarcísio sustenta que tudo aquilo que acontece em São Paulo impacta diretamente a região metropolitana e pode prejudicar o grupo em eleições futuras. Embora seja cotado para disputar a Presidência em 2026, o governador manifesta a preferência em disputar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Tarcísio considera que a direita está mal orientada e questiona o argumento de que Marçal representa a “direita de verdade”. Ele repete nos bastidores que, na eleição de 2022, o ex-coach dizia que não era nem de direita nem de esquerda e sim “governalista”, e brinca que tem curiosidade em saber o que o termo significa. Por fim, Tarcísio também tem dito que uma eventual ida de Marçal para o segundo turno abre espaço para a eleição de Boulos, o que dificultaria a reedição de uma parceria nos moldes da que têm com Nunes.

Governador vai participar das inserções de Nunes na TV

Uma das sugestões recentes do governador foi intensificar as agendas conjuntas com o prefeito e concentrar os programas do horário eleitoral nas obras e realizações da gestão, numa tentativa de destacar a grandeza da administração.

A campanha de Nunes aposta em Tarcísio como seu principal cabo eleitoral, e, segundo aliados, o governador deve aparecer com frequência nas inserções do horário eleitoral gratuito, provavelmente mais que Bolsonaro.

Além de ressaltar a parceria entre eles, aliados de Nunes afirmam que Tarcísio mencionará na televisão e no rádio qualidades que enxerga no prefeito. A avaliação é que há necessidade de transmitir aos eleitores características pessoais de Nunes, já que Marçal transformou a eleição em uma discussão sobre os valores morais dos candidatos.

Aliados relatam que Tarcísio demonstrou entusiasmo com a gravação dos programas eleitorais e pediu que Nunes enviasse o material para ele assistir antes que os vídeos entrem no ar a partir de sexta-feira, 30.

Segundo aliados de Nunes, o governador também opina sobre os rumos e estratégia da campanha. Uma das sugestões de Tarcísio foi que o prefeito procurasse o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que fez a campanha dele em 2022 e ajudou na campanha de Javier Milei em 2023. A avaliação de Tarcísio é que Nobel pode ajudar no planejamento de campanha e melhorar as redes sociais de Nunes. O argentino tem contribuindo informalmente com a campanha, mas sem interferir na estratégia de Duda Lima, marqueteiro oficial do candidato à reeleição.

Na primeira eleição em que será testado como cabo eleitoral, Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu a disputa na capital paulista como sua prioridade número um nas eleições municipais. O governador de São Paulo tornou-se o principal articulador da candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB), atuando nos bastidores para manter os partidos de sua base na coligação do emedebista e evitar a fragmentação da direita na capital – um plano que sofreu forte baque com a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral. Tarcísio, inclusive, atuou para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse a flertar com a candidatura do ex-coach. Agora, além de reforçar a atuação nos bastidores, também ajudará a dar uma cara ao programa eleitoral de Nunes.

O governador e o prefeito se conhecem desde a época em que o governador era ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Aliados contam que Tarcísio participou, inclusive, da negociação do acordo que, em 2021, extinguiu a dívida de São Paulo com a União em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. Com a posse de Tarcísio como governador, os dois se aproximaram e passaram a cumprir agendas institucionais juntos. Inicialmente, Tarcísio evitou declarar apoio a Nunes, aguardando um alinhamento com o ex-presidente.

Nunes e Tarcísio em caminhada no Mercadão Municipal de São Paulo Foto: Campanha do prefeito Ricardo Nunes/Divulgação

Com o passar dos meses, a relação entre o governador e o prefeito se estreitou, e eles passaram a trocar elogios públicos, referindo-se um ao outro como “irmão”. Em novembro, no dia de seu aniversário, Nunes foi surpreendido com uma festa organizada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, onde fez questão de entregar o primeiro pedaço de bolo ao governador.

A confirmação pública do apoio de Tarcísio à reeleição de Nunes ocorreu em janeiro deste ano. Desde então, o governador passou a se envolver pessoalmente na campanha, participando de discussões que vão da escolha do vice até o programa de governo, consolidando-se como um dos aliados mais próximos de Nunes.

Na prática, o governador se tornou o principal defensor de Nunes dentro do bolsonarismo, sendo também o mais vocal em expressar seu apoio. Tarcísio tem utilizado suas entrevistas para falar sobre a importância da colaboração entre Estado e município e, nas redes sociais, defende ativamente a administração de Nunes — o que Bolsonaro ainda reluta em fazer.

Tarcísio também mobilizou seus principais interlocutores para fortalecer a campanha, incluindo seu assessor pessoal, Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o chefe da Casa Civil, Arthur Lima.

Tanto Tarcísio quanto Nunes sugerem compromissos de campanha que os dois podem fazer juntos, mas cabe a Torres e a Diogo Soares alinharem os detalhes com as agendas institucionais do governador e do prefeito. Soares era secretário-executivo do gabinete de Nunes, mas pediu exoneração em 31 de julho para atuar na campanha eleitoral.

Lima, braço-direito de Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, contribuiu com o plano de governo, liderado pelo ex-governador tucano Rodrigo Garcia (sem partido), que disputou a reeleição em 2022, mas foi derrotado. O secretário repassou informações sobre o andamento de ações conjuntas entre o governo do Estado e a Prefeitura, como obras de habitação e de combate às enchentes.

Tietagem no Mercadão

Tarcísio estreou na campanha na terça-feira, 27, em uma caminhada ao lado do prefeito no Mercadão Municipal. O governador foi mais tietado que Nunes pelas pessoas que passavam pelo local e exaltou a importância de ter um aliado no comando da Prefeitura da mais populosa cidade do País.

“O meu papel [na campanha] será mostrar o quanto a cooperação do governo do Estado com a Prefeitura está produzindo fruto”, disse o governador. “Hoje existe uma harmonia muito grande do governo com a Prefeitura. A gente consegue se acertar por música e isso dá agilidade nas tomadas de decisão e na execução das ações”, continuou.

Tarcísio disse ainda que, sem a parceria, não haverá revitalização do Centro de São Paulo. Ao ser questionado sobre qual será sua postura se outros candidatos vencerem a eleição, respondeu que “nem raciocina com essa hipótese”, pois acredita que Nunes será reeleito.

O governador esteve diretamente envolvido na escolha do vice de Nunes. Em 5 de abril, último dia da janela partidária, Tarcísio tentou filiar o então secretário municipal de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, ao Republicanos. Ele acreditava que o ex-ministro dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) seria o nome ideal para compor a chapa do prefeito, mas Aldo rejeitou a oferta.

Embora não apoiasse de início a escolha do coronel Ricardo Mello Araújo como vice, foi Tarcísio quem acabou incentivando o prefeito a aceitar a indicação de seu nome, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo pessoas próximas, essa movimentação ocorreu logo após Bolsonaro se reunir com Marçal e entregar a ele a medalha de “imbrochável”, “imorrível” e “incomível”. Depois do episódio, o governador avaliou que a indicação seria um importante gesto de Nunes em direção a Bolsonaro.

Tarcísio também organizou um jantar para alinhar a escolha de Mello Araújo com os demais partidos da coligação. Embora filiado ao Republicanos, coube ao governador a tarefa de anunciar a escolha do coronel da reserva da Polícia Militar, filiado ao PL, para a chapa, durante um evento inicialmente destinado à assinatura do aditivo do contrato para a expansão da Linha 5-Lilás.

Coube a Tarcísio o anúncio do vice do prefeito Ricardo Nunes  Foto: Tiago Queiroz/ES

Trabalho para convencer Bolsonaro a se afastar de Marçal

Correligionários contam que Tarcísio ainda trabalhou para convencer Bolsonaro de que Marçal, embora se apresente como um candidato mais alinhado ao bolsonarismo, não é a melhor escolha para a Prefeitura de São Paulo. O governador tem atuado para alertar bolsonaristas que estariam deslumbrados com a popularidade digital do influenciador e querem surfar a onda de curtidas do candidato do PRTB nas redes sociais.

Na visão de Tarcísio, se eleito, o ex-coach não faria uma boa administração, abrindo caminho para um governo de esquerda na capital paulista em 2028. Tarcísio sustenta que tudo aquilo que acontece em São Paulo impacta diretamente a região metropolitana e pode prejudicar o grupo em eleições futuras. Embora seja cotado para disputar a Presidência em 2026, o governador manifesta a preferência em disputar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Tarcísio considera que a direita está mal orientada e questiona o argumento de que Marçal representa a “direita de verdade”. Ele repete nos bastidores que, na eleição de 2022, o ex-coach dizia que não era nem de direita nem de esquerda e sim “governalista”, e brinca que tem curiosidade em saber o que o termo significa. Por fim, Tarcísio também tem dito que uma eventual ida de Marçal para o segundo turno abre espaço para a eleição de Boulos, o que dificultaria a reedição de uma parceria nos moldes da que têm com Nunes.

Governador vai participar das inserções de Nunes na TV

Uma das sugestões recentes do governador foi intensificar as agendas conjuntas com o prefeito e concentrar os programas do horário eleitoral nas obras e realizações da gestão, numa tentativa de destacar a grandeza da administração.

A campanha de Nunes aposta em Tarcísio como seu principal cabo eleitoral, e, segundo aliados, o governador deve aparecer com frequência nas inserções do horário eleitoral gratuito, provavelmente mais que Bolsonaro.

Além de ressaltar a parceria entre eles, aliados de Nunes afirmam que Tarcísio mencionará na televisão e no rádio qualidades que enxerga no prefeito. A avaliação é que há necessidade de transmitir aos eleitores características pessoais de Nunes, já que Marçal transformou a eleição em uma discussão sobre os valores morais dos candidatos.

Aliados relatam que Tarcísio demonstrou entusiasmo com a gravação dos programas eleitorais e pediu que Nunes enviasse o material para ele assistir antes que os vídeos entrem no ar a partir de sexta-feira, 30.

Segundo aliados de Nunes, o governador também opina sobre os rumos e estratégia da campanha. Uma das sugestões de Tarcísio foi que o prefeito procurasse o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que fez a campanha dele em 2022 e ajudou na campanha de Javier Milei em 2023. A avaliação de Tarcísio é que Nobel pode ajudar no planejamento de campanha e melhorar as redes sociais de Nunes. O argentino tem contribuindo informalmente com a campanha, mas sem interferir na estratégia de Duda Lima, marqueteiro oficial do candidato à reeleição.

Na primeira eleição em que será testado como cabo eleitoral, Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu a disputa na capital paulista como sua prioridade número um nas eleições municipais. O governador de São Paulo tornou-se o principal articulador da candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB), atuando nos bastidores para manter os partidos de sua base na coligação do emedebista e evitar a fragmentação da direita na capital – um plano que sofreu forte baque com a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral. Tarcísio, inclusive, atuou para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse a flertar com a candidatura do ex-coach. Agora, além de reforçar a atuação nos bastidores, também ajudará a dar uma cara ao programa eleitoral de Nunes.

O governador e o prefeito se conhecem desde a época em que o governador era ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Aliados contam que Tarcísio participou, inclusive, da negociação do acordo que, em 2021, extinguiu a dívida de São Paulo com a União em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. Com a posse de Tarcísio como governador, os dois se aproximaram e passaram a cumprir agendas institucionais juntos. Inicialmente, Tarcísio evitou declarar apoio a Nunes, aguardando um alinhamento com o ex-presidente.

Nunes e Tarcísio em caminhada no Mercadão Municipal de São Paulo Foto: Campanha do prefeito Ricardo Nunes/Divulgação

Com o passar dos meses, a relação entre o governador e o prefeito se estreitou, e eles passaram a trocar elogios públicos, referindo-se um ao outro como “irmão”. Em novembro, no dia de seu aniversário, Nunes foi surpreendido com uma festa organizada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, onde fez questão de entregar o primeiro pedaço de bolo ao governador.

A confirmação pública do apoio de Tarcísio à reeleição de Nunes ocorreu em janeiro deste ano. Desde então, o governador passou a se envolver pessoalmente na campanha, participando de discussões que vão da escolha do vice até o programa de governo, consolidando-se como um dos aliados mais próximos de Nunes.

Na prática, o governador se tornou o principal defensor de Nunes dentro do bolsonarismo, sendo também o mais vocal em expressar seu apoio. Tarcísio tem utilizado suas entrevistas para falar sobre a importância da colaboração entre Estado e município e, nas redes sociais, defende ativamente a administração de Nunes — o que Bolsonaro ainda reluta em fazer.

Tarcísio também mobilizou seus principais interlocutores para fortalecer a campanha, incluindo seu assessor pessoal, Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o chefe da Casa Civil, Arthur Lima.

Tanto Tarcísio quanto Nunes sugerem compromissos de campanha que os dois podem fazer juntos, mas cabe a Torres e a Diogo Soares alinharem os detalhes com as agendas institucionais do governador e do prefeito. Soares era secretário-executivo do gabinete de Nunes, mas pediu exoneração em 31 de julho para atuar na campanha eleitoral.

Lima, braço-direito de Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, contribuiu com o plano de governo, liderado pelo ex-governador tucano Rodrigo Garcia (sem partido), que disputou a reeleição em 2022, mas foi derrotado. O secretário repassou informações sobre o andamento de ações conjuntas entre o governo do Estado e a Prefeitura, como obras de habitação e de combate às enchentes.

Tietagem no Mercadão

Tarcísio estreou na campanha na terça-feira, 27, em uma caminhada ao lado do prefeito no Mercadão Municipal. O governador foi mais tietado que Nunes pelas pessoas que passavam pelo local e exaltou a importância de ter um aliado no comando da Prefeitura da mais populosa cidade do País.

“O meu papel [na campanha] será mostrar o quanto a cooperação do governo do Estado com a Prefeitura está produzindo fruto”, disse o governador. “Hoje existe uma harmonia muito grande do governo com a Prefeitura. A gente consegue se acertar por música e isso dá agilidade nas tomadas de decisão e na execução das ações”, continuou.

Tarcísio disse ainda que, sem a parceria, não haverá revitalização do Centro de São Paulo. Ao ser questionado sobre qual será sua postura se outros candidatos vencerem a eleição, respondeu que “nem raciocina com essa hipótese”, pois acredita que Nunes será reeleito.

O governador esteve diretamente envolvido na escolha do vice de Nunes. Em 5 de abril, último dia da janela partidária, Tarcísio tentou filiar o então secretário municipal de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, ao Republicanos. Ele acreditava que o ex-ministro dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) seria o nome ideal para compor a chapa do prefeito, mas Aldo rejeitou a oferta.

Embora não apoiasse de início a escolha do coronel Ricardo Mello Araújo como vice, foi Tarcísio quem acabou incentivando o prefeito a aceitar a indicação de seu nome, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo pessoas próximas, essa movimentação ocorreu logo após Bolsonaro se reunir com Marçal e entregar a ele a medalha de “imbrochável”, “imorrível” e “incomível”. Depois do episódio, o governador avaliou que a indicação seria um importante gesto de Nunes em direção a Bolsonaro.

Tarcísio também organizou um jantar para alinhar a escolha de Mello Araújo com os demais partidos da coligação. Embora filiado ao Republicanos, coube ao governador a tarefa de anunciar a escolha do coronel da reserva da Polícia Militar, filiado ao PL, para a chapa, durante um evento inicialmente destinado à assinatura do aditivo do contrato para a expansão da Linha 5-Lilás.

Coube a Tarcísio o anúncio do vice do prefeito Ricardo Nunes  Foto: Tiago Queiroz/ES

Trabalho para convencer Bolsonaro a se afastar de Marçal

Correligionários contam que Tarcísio ainda trabalhou para convencer Bolsonaro de que Marçal, embora se apresente como um candidato mais alinhado ao bolsonarismo, não é a melhor escolha para a Prefeitura de São Paulo. O governador tem atuado para alertar bolsonaristas que estariam deslumbrados com a popularidade digital do influenciador e querem surfar a onda de curtidas do candidato do PRTB nas redes sociais.

Na visão de Tarcísio, se eleito, o ex-coach não faria uma boa administração, abrindo caminho para um governo de esquerda na capital paulista em 2028. Tarcísio sustenta que tudo aquilo que acontece em São Paulo impacta diretamente a região metropolitana e pode prejudicar o grupo em eleições futuras. Embora seja cotado para disputar a Presidência em 2026, o governador manifesta a preferência em disputar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Tarcísio considera que a direita está mal orientada e questiona o argumento de que Marçal representa a “direita de verdade”. Ele repete nos bastidores que, na eleição de 2022, o ex-coach dizia que não era nem de direita nem de esquerda e sim “governalista”, e brinca que tem curiosidade em saber o que o termo significa. Por fim, Tarcísio também tem dito que uma eventual ida de Marçal para o segundo turno abre espaço para a eleição de Boulos, o que dificultaria a reedição de uma parceria nos moldes da que têm com Nunes.

Governador vai participar das inserções de Nunes na TV

Uma das sugestões recentes do governador foi intensificar as agendas conjuntas com o prefeito e concentrar os programas do horário eleitoral nas obras e realizações da gestão, numa tentativa de destacar a grandeza da administração.

A campanha de Nunes aposta em Tarcísio como seu principal cabo eleitoral, e, segundo aliados, o governador deve aparecer com frequência nas inserções do horário eleitoral gratuito, provavelmente mais que Bolsonaro.

Além de ressaltar a parceria entre eles, aliados de Nunes afirmam que Tarcísio mencionará na televisão e no rádio qualidades que enxerga no prefeito. A avaliação é que há necessidade de transmitir aos eleitores características pessoais de Nunes, já que Marçal transformou a eleição em uma discussão sobre os valores morais dos candidatos.

Aliados relatam que Tarcísio demonstrou entusiasmo com a gravação dos programas eleitorais e pediu que Nunes enviasse o material para ele assistir antes que os vídeos entrem no ar a partir de sexta-feira, 30.

Segundo aliados de Nunes, o governador também opina sobre os rumos e estratégia da campanha. Uma das sugestões de Tarcísio foi que o prefeito procurasse o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que fez a campanha dele em 2022 e ajudou na campanha de Javier Milei em 2023. A avaliação de Tarcísio é que Nobel pode ajudar no planejamento de campanha e melhorar as redes sociais de Nunes. O argentino tem contribuindo informalmente com a campanha, mas sem interferir na estratégia de Duda Lima, marqueteiro oficial do candidato à reeleição.

Na primeira eleição em que será testado como cabo eleitoral, Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu a disputa na capital paulista como sua prioridade número um nas eleições municipais. O governador de São Paulo tornou-se o principal articulador da candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB), atuando nos bastidores para manter os partidos de sua base na coligação do emedebista e evitar a fragmentação da direita na capital – um plano que sofreu forte baque com a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral. Tarcísio, inclusive, atuou para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continuasse a flertar com a candidatura do ex-coach. Agora, além de reforçar a atuação nos bastidores, também ajudará a dar uma cara ao programa eleitoral de Nunes.

O governador e o prefeito se conhecem desde a época em que o governador era ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Aliados contam que Tarcísio participou, inclusive, da negociação do acordo que, em 2021, extinguiu a dívida de São Paulo com a União em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. Com a posse de Tarcísio como governador, os dois se aproximaram e passaram a cumprir agendas institucionais juntos. Inicialmente, Tarcísio evitou declarar apoio a Nunes, aguardando um alinhamento com o ex-presidente.

Nunes e Tarcísio em caminhada no Mercadão Municipal de São Paulo Foto: Campanha do prefeito Ricardo Nunes/Divulgação

Com o passar dos meses, a relação entre o governador e o prefeito se estreitou, e eles passaram a trocar elogios públicos, referindo-se um ao outro como “irmão”. Em novembro, no dia de seu aniversário, Nunes foi surpreendido com uma festa organizada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, onde fez questão de entregar o primeiro pedaço de bolo ao governador.

A confirmação pública do apoio de Tarcísio à reeleição de Nunes ocorreu em janeiro deste ano. Desde então, o governador passou a se envolver pessoalmente na campanha, participando de discussões que vão da escolha do vice até o programa de governo, consolidando-se como um dos aliados mais próximos de Nunes.

Na prática, o governador se tornou o principal defensor de Nunes dentro do bolsonarismo, sendo também o mais vocal em expressar seu apoio. Tarcísio tem utilizado suas entrevistas para falar sobre a importância da colaboração entre Estado e município e, nas redes sociais, defende ativamente a administração de Nunes — o que Bolsonaro ainda reluta em fazer.

Tarcísio também mobilizou seus principais interlocutores para fortalecer a campanha, incluindo seu assessor pessoal, Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o chefe da Casa Civil, Arthur Lima.

Tanto Tarcísio quanto Nunes sugerem compromissos de campanha que os dois podem fazer juntos, mas cabe a Torres e a Diogo Soares alinharem os detalhes com as agendas institucionais do governador e do prefeito. Soares era secretário-executivo do gabinete de Nunes, mas pediu exoneração em 31 de julho para atuar na campanha eleitoral.

Lima, braço-direito de Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes, contribuiu com o plano de governo, liderado pelo ex-governador tucano Rodrigo Garcia (sem partido), que disputou a reeleição em 2022, mas foi derrotado. O secretário repassou informações sobre o andamento de ações conjuntas entre o governo do Estado e a Prefeitura, como obras de habitação e de combate às enchentes.

Tietagem no Mercadão

Tarcísio estreou na campanha na terça-feira, 27, em uma caminhada ao lado do prefeito no Mercadão Municipal. O governador foi mais tietado que Nunes pelas pessoas que passavam pelo local e exaltou a importância de ter um aliado no comando da Prefeitura da mais populosa cidade do País.

“O meu papel [na campanha] será mostrar o quanto a cooperação do governo do Estado com a Prefeitura está produzindo fruto”, disse o governador. “Hoje existe uma harmonia muito grande do governo com a Prefeitura. A gente consegue se acertar por música e isso dá agilidade nas tomadas de decisão e na execução das ações”, continuou.

Tarcísio disse ainda que, sem a parceria, não haverá revitalização do Centro de São Paulo. Ao ser questionado sobre qual será sua postura se outros candidatos vencerem a eleição, respondeu que “nem raciocina com essa hipótese”, pois acredita que Nunes será reeleito.

O governador esteve diretamente envolvido na escolha do vice de Nunes. Em 5 de abril, último dia da janela partidária, Tarcísio tentou filiar o então secretário municipal de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, ao Republicanos. Ele acreditava que o ex-ministro dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) seria o nome ideal para compor a chapa do prefeito, mas Aldo rejeitou a oferta.

Embora não apoiasse de início a escolha do coronel Ricardo Mello Araújo como vice, foi Tarcísio quem acabou incentivando o prefeito a aceitar a indicação de seu nome, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo pessoas próximas, essa movimentação ocorreu logo após Bolsonaro se reunir com Marçal e entregar a ele a medalha de “imbrochável”, “imorrível” e “incomível”. Depois do episódio, o governador avaliou que a indicação seria um importante gesto de Nunes em direção a Bolsonaro.

Tarcísio também organizou um jantar para alinhar a escolha de Mello Araújo com os demais partidos da coligação. Embora filiado ao Republicanos, coube ao governador a tarefa de anunciar a escolha do coronel da reserva da Polícia Militar, filiado ao PL, para a chapa, durante um evento inicialmente destinado à assinatura do aditivo do contrato para a expansão da Linha 5-Lilás.

Coube a Tarcísio o anúncio do vice do prefeito Ricardo Nunes  Foto: Tiago Queiroz/ES

Trabalho para convencer Bolsonaro a se afastar de Marçal

Correligionários contam que Tarcísio ainda trabalhou para convencer Bolsonaro de que Marçal, embora se apresente como um candidato mais alinhado ao bolsonarismo, não é a melhor escolha para a Prefeitura de São Paulo. O governador tem atuado para alertar bolsonaristas que estariam deslumbrados com a popularidade digital do influenciador e querem surfar a onda de curtidas do candidato do PRTB nas redes sociais.

Na visão de Tarcísio, se eleito, o ex-coach não faria uma boa administração, abrindo caminho para um governo de esquerda na capital paulista em 2028. Tarcísio sustenta que tudo aquilo que acontece em São Paulo impacta diretamente a região metropolitana e pode prejudicar o grupo em eleições futuras. Embora seja cotado para disputar a Presidência em 2026, o governador manifesta a preferência em disputar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Tarcísio considera que a direita está mal orientada e questiona o argumento de que Marçal representa a “direita de verdade”. Ele repete nos bastidores que, na eleição de 2022, o ex-coach dizia que não era nem de direita nem de esquerda e sim “governalista”, e brinca que tem curiosidade em saber o que o termo significa. Por fim, Tarcísio também tem dito que uma eventual ida de Marçal para o segundo turno abre espaço para a eleição de Boulos, o que dificultaria a reedição de uma parceria nos moldes da que têm com Nunes.

Governador vai participar das inserções de Nunes na TV

Uma das sugestões recentes do governador foi intensificar as agendas conjuntas com o prefeito e concentrar os programas do horário eleitoral nas obras e realizações da gestão, numa tentativa de destacar a grandeza da administração.

A campanha de Nunes aposta em Tarcísio como seu principal cabo eleitoral, e, segundo aliados, o governador deve aparecer com frequência nas inserções do horário eleitoral gratuito, provavelmente mais que Bolsonaro.

Além de ressaltar a parceria entre eles, aliados de Nunes afirmam que Tarcísio mencionará na televisão e no rádio qualidades que enxerga no prefeito. A avaliação é que há necessidade de transmitir aos eleitores características pessoais de Nunes, já que Marçal transformou a eleição em uma discussão sobre os valores morais dos candidatos.

Aliados relatam que Tarcísio demonstrou entusiasmo com a gravação dos programas eleitorais e pediu que Nunes enviasse o material para ele assistir antes que os vídeos entrem no ar a partir de sexta-feira, 30.

Segundo aliados de Nunes, o governador também opina sobre os rumos e estratégia da campanha. Uma das sugestões de Tarcísio foi que o prefeito procurasse o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que fez a campanha dele em 2022 e ajudou na campanha de Javier Milei em 2023. A avaliação de Tarcísio é que Nobel pode ajudar no planejamento de campanha e melhorar as redes sociais de Nunes. O argentino tem contribuindo informalmente com a campanha, mas sem interferir na estratégia de Duda Lima, marqueteiro oficial do candidato à reeleição.

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