Debate da Globo: último encontro entre candidatos em SP se torna decisivo, avaliam especialistas


Empate técnico entre os três principais candidatos à Prefeitura de São Paulo torna o debate promovido pela Globo decisivo na reta final das eleições, além de encerrar um ciclo de eventos marcado por ofensas pessoais, brigas, cadeiradas e propostas de governo em segundo plano

Por Hugo Henud

O debate promovido pela TV Globo nesta quinta-feira, 3, às 22h, ganhou contornos decisivos para os candidatos à Prefeitura de São Paulo, não apenas por ser o último antes da votação do primeiro turno, no domingo, 6, mas também pelo cenário de indefinição apontado pelos institutos de pesquisa, entre eles o Datafolha, que mostra Ricardo Nunes (MDB) liderando numericamente com 27% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, e Pablo Marçal (PRTB), com 21%. No debate da Globo, estarão presentes, além dos três, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB).

Até o momento, foram 10 ocasiões nas quais os principais candidatos da corrida eleitoral estiveram frente a frente. Os debates – marcados por ataques entre adversários, confusões envolvendo assessores, cadeiradas e poucas propostas para a capital paulista – serviram tanto para alavancar algumas candidaturas quanto para desconstruir outras.

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Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Fotos: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

O primeiro, promovido pela Band em agosto, já indicava o tom dos encontros subsequentes: troca de farpas, ofensas pessoais, Marçal como o fator ‘novidade’ — esgarçando a dinâmica do formato a partir dali — e propostas de governo em segundo plano. O desempenho aquém do esperado de José Luiz Datena (PSDB) também mostrou que, se por um lado a exposição na TV tem o poder de impulsionar nomes para o grande público, como foi o caso do ex-coach; por outro, desidrata candidatos que, inicialmente, pareciam competitivos, como o tucano. Após o debate, o Datafolha mostrou que Datena recuou de 14% para 10%, enquanto Marçal subiu de 14% para 21%.

Na sequência, no debate promovido pelo Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Marçal e Boulos protagonizaram uma das cenas que, posteriormente, se tornaria um dos recortes mais visualizados nas redes sociais.Nela, o ex-coach provoca o psolista ao exibir uma carteira de trabalho, ao que este, ato contínuo, reage dando um tapa no item. O episódio, além de servir de munição para os adversários políticos reforçarem a pecha de ‘destemperado’ e ‘radical’ do candidato do PSOL, ainda alertou os responsáveis pelos debates, que foram obrigados a endurecer as regras para os eventos seguintes.

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Pouco mais de um mês depois, a tensão entre os candidatos ultrapassou os limites do civilizado, culminando em um ato inimaginável, especialmente em se tratando da disputa pela administração da maior cidade do País. Datena, que já havia deixado seu lugar durante um debate na TV Gazeta para ameaçar Marçal, dessa vez foi além e partiu para as vias de fato, desferindo uma cadeirada no ex-coach após ser acusado, sem provas, de assediar uma colega de trabalho.

A escalada de violência, porém, não se limitou aos candidatos. No debate promovido pelo Grupo Flow, em 23 de setembro, o assessor de Marçal, Nahuel Gomez Medina, agrediu com um soco o marqueteiro Duda Lima, da equipe de Nunes, logo depois que o ex-coach foi expulso por descumprir as regras acordadas com a organização do evento.

Na avaliação do cientista político Antonio Lavareda, a despeito do aumento da rejeição, a estratégia agressiva adotada por Marçal conseguiu monopolizar a repercussão dos debates em torno de sua figura, compensando o fato de o candidato do PRTB não contar com o horário eleitoral gratuito e transformando a eleição em uma espécie de referendo sobre o ex-coach.

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“Ele elevou bastante sua rejeição, mas conseguiu demonstrar resiliência, mesmo após o início da propaganda de TV e rádio, da qual está excluído. Os debates acabaram, de certa forma, compensando a ausência de Marçal na propaganda eleitoral”, explica.

Último debate será decisivo

Agora, a expectativa é que o cenário de indefinição apontado pelo último Datafolha dê contornos decisivos ao debate promovido pela TV Globo, conforme pontua Lavareda. “Poucas vezes um debate eleitoral terá sido tão dramaticamente importante quanto este. No cenário de empate triplo, inédito nas eleições municipais de São Paulo, o debate será o último momento de grande exposição simultânea dos candidatos na campanha eleitoral”, ressalta.

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Da mesma forma, o cientista político e diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) Analítica, Vinicius Alves, avalia que o debate será crucial tanto para a definição do voto dos eleitores que já possuem uma opção, mas ainda não estão convictos, quanto para aqueles que continuam indecisos – grupo que representa 45% no cenário espontâneo, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, de acordo com a última pesquisa da Quaest.

“Em geral, consideramos que os debates têm potencial limitado para o convencimento do eleitorado. Mas o cenário da eleição em SP esse ano é atípico. Nessa reta final, as pesquisas indicam um contexto que combina indecisão, alta rejeição e muita proximidade entre os três primeiros colocados. Por isso não há evidências que nos permitam antecipar quem vai ao segundo turno com precisão”, explica.

O professor da FGV e cientista político Cláudio Couto aposta em um debate acirrado, com Nunes sendo o alvo natural e preferencial dos demais candidatos por ser o atual prefeito, assim como ocorreu nos embates anteriores. Couto destaca que o emedebista será especialmente atacado por Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.

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“Os bolsonaristas que migraram para Nunes podem, eventualmente, acabar migrando para Marçal depois desse debate, dependendo do que vier a ocorrer nele”, explica.

Em sua avaliação, o ex-coach manterá o comportamento agressivo que fortaleceu sua imagem de antissistema e disruptivo, mantendo-o competitivo até o momento – postura que pressiona diretamente Nunes.

“Nunes acaba ficando ‘ensanduichado’ pelo comportamento de Marçal porque ele tem que se mostrar também um sujeito sensato, mas tem se mostrado mais agressivo do que seria bom para a imagem que tenta construir de moderado. E, ao mesmo tempo, não consegue ser tão radical quanto precisaria para atrair o eleitorado bolsonarista, aquele eleitorado de extrema-direita”, completa.

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Quanto a Boulos, o professor ressalta que o debate é uma oportunidade para o candidato do PSOL reforçar mais uma vez sua imagem de sensatez e moderação, um movimento que o psolista vem tentando construir desde o início da campanha, com o objetivo de desconstruir a figura de radical que seus adversários lhe imputaram.

Regras

No debate, os candidatos estarão lado a lado no estúdio, e não haverá plateia. A transmissão será dividida em quatro blocos, sendo o primeiro e o terceiro com temas livres e o segundo e o quarto com temas determinados. Em cada bloco, um candidato, escolhido por sorteio, fará uma pergunta a um adversário que ainda não tiver respondido no determinado bloco. Cada participante deve fazer e responder a uma pergunta em cada bloco.

Os tempos designados são 40 segundos para perguntas, um minuto e 40 segundos para respostas, um minuto e 15 segundos para réplicas e um minuto para tréplicas. A Globo informou pode alterar esses tempos conforme julgar necessário. Ao final do debate, cada candidato terá dois minutos para considerações finais.

O debate promovido pela TV Globo nesta quinta-feira, 3, às 22h, ganhou contornos decisivos para os candidatos à Prefeitura de São Paulo, não apenas por ser o último antes da votação do primeiro turno, no domingo, 6, mas também pelo cenário de indefinição apontado pelos institutos de pesquisa, entre eles o Datafolha, que mostra Ricardo Nunes (MDB) liderando numericamente com 27% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, e Pablo Marçal (PRTB), com 21%. No debate da Globo, estarão presentes, além dos três, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB).

Até o momento, foram 10 ocasiões nas quais os principais candidatos da corrida eleitoral estiveram frente a frente. Os debates – marcados por ataques entre adversários, confusões envolvendo assessores, cadeiradas e poucas propostas para a capital paulista – serviram tanto para alavancar algumas candidaturas quanto para desconstruir outras.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Fotos: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

O primeiro, promovido pela Band em agosto, já indicava o tom dos encontros subsequentes: troca de farpas, ofensas pessoais, Marçal como o fator ‘novidade’ — esgarçando a dinâmica do formato a partir dali — e propostas de governo em segundo plano. O desempenho aquém do esperado de José Luiz Datena (PSDB) também mostrou que, se por um lado a exposição na TV tem o poder de impulsionar nomes para o grande público, como foi o caso do ex-coach; por outro, desidrata candidatos que, inicialmente, pareciam competitivos, como o tucano. Após o debate, o Datafolha mostrou que Datena recuou de 14% para 10%, enquanto Marçal subiu de 14% para 21%.

Na sequência, no debate promovido pelo Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Marçal e Boulos protagonizaram uma das cenas que, posteriormente, se tornaria um dos recortes mais visualizados nas redes sociais.Nela, o ex-coach provoca o psolista ao exibir uma carteira de trabalho, ao que este, ato contínuo, reage dando um tapa no item. O episódio, além de servir de munição para os adversários políticos reforçarem a pecha de ‘destemperado’ e ‘radical’ do candidato do PSOL, ainda alertou os responsáveis pelos debates, que foram obrigados a endurecer as regras para os eventos seguintes.

Pouco mais de um mês depois, a tensão entre os candidatos ultrapassou os limites do civilizado, culminando em um ato inimaginável, especialmente em se tratando da disputa pela administração da maior cidade do País. Datena, que já havia deixado seu lugar durante um debate na TV Gazeta para ameaçar Marçal, dessa vez foi além e partiu para as vias de fato, desferindo uma cadeirada no ex-coach após ser acusado, sem provas, de assediar uma colega de trabalho.

A escalada de violência, porém, não se limitou aos candidatos. No debate promovido pelo Grupo Flow, em 23 de setembro, o assessor de Marçal, Nahuel Gomez Medina, agrediu com um soco o marqueteiro Duda Lima, da equipe de Nunes, logo depois que o ex-coach foi expulso por descumprir as regras acordadas com a organização do evento.

Na avaliação do cientista político Antonio Lavareda, a despeito do aumento da rejeição, a estratégia agressiva adotada por Marçal conseguiu monopolizar a repercussão dos debates em torno de sua figura, compensando o fato de o candidato do PRTB não contar com o horário eleitoral gratuito e transformando a eleição em uma espécie de referendo sobre o ex-coach.

“Ele elevou bastante sua rejeição, mas conseguiu demonstrar resiliência, mesmo após o início da propaganda de TV e rádio, da qual está excluído. Os debates acabaram, de certa forma, compensando a ausência de Marçal na propaganda eleitoral”, explica.

Último debate será decisivo

Agora, a expectativa é que o cenário de indefinição apontado pelo último Datafolha dê contornos decisivos ao debate promovido pela TV Globo, conforme pontua Lavareda. “Poucas vezes um debate eleitoral terá sido tão dramaticamente importante quanto este. No cenário de empate triplo, inédito nas eleições municipais de São Paulo, o debate será o último momento de grande exposição simultânea dos candidatos na campanha eleitoral”, ressalta.

Da mesma forma, o cientista político e diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) Analítica, Vinicius Alves, avalia que o debate será crucial tanto para a definição do voto dos eleitores que já possuem uma opção, mas ainda não estão convictos, quanto para aqueles que continuam indecisos – grupo que representa 45% no cenário espontâneo, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, de acordo com a última pesquisa da Quaest.

“Em geral, consideramos que os debates têm potencial limitado para o convencimento do eleitorado. Mas o cenário da eleição em SP esse ano é atípico. Nessa reta final, as pesquisas indicam um contexto que combina indecisão, alta rejeição e muita proximidade entre os três primeiros colocados. Por isso não há evidências que nos permitam antecipar quem vai ao segundo turno com precisão”, explica.

O professor da FGV e cientista político Cláudio Couto aposta em um debate acirrado, com Nunes sendo o alvo natural e preferencial dos demais candidatos por ser o atual prefeito, assim como ocorreu nos embates anteriores. Couto destaca que o emedebista será especialmente atacado por Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.

“Os bolsonaristas que migraram para Nunes podem, eventualmente, acabar migrando para Marçal depois desse debate, dependendo do que vier a ocorrer nele”, explica.

Em sua avaliação, o ex-coach manterá o comportamento agressivo que fortaleceu sua imagem de antissistema e disruptivo, mantendo-o competitivo até o momento – postura que pressiona diretamente Nunes.

“Nunes acaba ficando ‘ensanduichado’ pelo comportamento de Marçal porque ele tem que se mostrar também um sujeito sensato, mas tem se mostrado mais agressivo do que seria bom para a imagem que tenta construir de moderado. E, ao mesmo tempo, não consegue ser tão radical quanto precisaria para atrair o eleitorado bolsonarista, aquele eleitorado de extrema-direita”, completa.

Quanto a Boulos, o professor ressalta que o debate é uma oportunidade para o candidato do PSOL reforçar mais uma vez sua imagem de sensatez e moderação, um movimento que o psolista vem tentando construir desde o início da campanha, com o objetivo de desconstruir a figura de radical que seus adversários lhe imputaram.

Regras

No debate, os candidatos estarão lado a lado no estúdio, e não haverá plateia. A transmissão será dividida em quatro blocos, sendo o primeiro e o terceiro com temas livres e o segundo e o quarto com temas determinados. Em cada bloco, um candidato, escolhido por sorteio, fará uma pergunta a um adversário que ainda não tiver respondido no determinado bloco. Cada participante deve fazer e responder a uma pergunta em cada bloco.

Os tempos designados são 40 segundos para perguntas, um minuto e 40 segundos para respostas, um minuto e 15 segundos para réplicas e um minuto para tréplicas. A Globo informou pode alterar esses tempos conforme julgar necessário. Ao final do debate, cada candidato terá dois minutos para considerações finais.

O debate promovido pela TV Globo nesta quinta-feira, 3, às 22h, ganhou contornos decisivos para os candidatos à Prefeitura de São Paulo, não apenas por ser o último antes da votação do primeiro turno, no domingo, 6, mas também pelo cenário de indefinição apontado pelos institutos de pesquisa, entre eles o Datafolha, que mostra Ricardo Nunes (MDB) liderando numericamente com 27% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, e Pablo Marçal (PRTB), com 21%. No debate da Globo, estarão presentes, além dos três, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB).

Até o momento, foram 10 ocasiões nas quais os principais candidatos da corrida eleitoral estiveram frente a frente. Os debates – marcados por ataques entre adversários, confusões envolvendo assessores, cadeiradas e poucas propostas para a capital paulista – serviram tanto para alavancar algumas candidaturas quanto para desconstruir outras.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Fotos: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

O primeiro, promovido pela Band em agosto, já indicava o tom dos encontros subsequentes: troca de farpas, ofensas pessoais, Marçal como o fator ‘novidade’ — esgarçando a dinâmica do formato a partir dali — e propostas de governo em segundo plano. O desempenho aquém do esperado de José Luiz Datena (PSDB) também mostrou que, se por um lado a exposição na TV tem o poder de impulsionar nomes para o grande público, como foi o caso do ex-coach; por outro, desidrata candidatos que, inicialmente, pareciam competitivos, como o tucano. Após o debate, o Datafolha mostrou que Datena recuou de 14% para 10%, enquanto Marçal subiu de 14% para 21%.

Na sequência, no debate promovido pelo Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Marçal e Boulos protagonizaram uma das cenas que, posteriormente, se tornaria um dos recortes mais visualizados nas redes sociais.Nela, o ex-coach provoca o psolista ao exibir uma carteira de trabalho, ao que este, ato contínuo, reage dando um tapa no item. O episódio, além de servir de munição para os adversários políticos reforçarem a pecha de ‘destemperado’ e ‘radical’ do candidato do PSOL, ainda alertou os responsáveis pelos debates, que foram obrigados a endurecer as regras para os eventos seguintes.

Pouco mais de um mês depois, a tensão entre os candidatos ultrapassou os limites do civilizado, culminando em um ato inimaginável, especialmente em se tratando da disputa pela administração da maior cidade do País. Datena, que já havia deixado seu lugar durante um debate na TV Gazeta para ameaçar Marçal, dessa vez foi além e partiu para as vias de fato, desferindo uma cadeirada no ex-coach após ser acusado, sem provas, de assediar uma colega de trabalho.

A escalada de violência, porém, não se limitou aos candidatos. No debate promovido pelo Grupo Flow, em 23 de setembro, o assessor de Marçal, Nahuel Gomez Medina, agrediu com um soco o marqueteiro Duda Lima, da equipe de Nunes, logo depois que o ex-coach foi expulso por descumprir as regras acordadas com a organização do evento.

Na avaliação do cientista político Antonio Lavareda, a despeito do aumento da rejeição, a estratégia agressiva adotada por Marçal conseguiu monopolizar a repercussão dos debates em torno de sua figura, compensando o fato de o candidato do PRTB não contar com o horário eleitoral gratuito e transformando a eleição em uma espécie de referendo sobre o ex-coach.

“Ele elevou bastante sua rejeição, mas conseguiu demonstrar resiliência, mesmo após o início da propaganda de TV e rádio, da qual está excluído. Os debates acabaram, de certa forma, compensando a ausência de Marçal na propaganda eleitoral”, explica.

Último debate será decisivo

Agora, a expectativa é que o cenário de indefinição apontado pelo último Datafolha dê contornos decisivos ao debate promovido pela TV Globo, conforme pontua Lavareda. “Poucas vezes um debate eleitoral terá sido tão dramaticamente importante quanto este. No cenário de empate triplo, inédito nas eleições municipais de São Paulo, o debate será o último momento de grande exposição simultânea dos candidatos na campanha eleitoral”, ressalta.

Da mesma forma, o cientista político e diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) Analítica, Vinicius Alves, avalia que o debate será crucial tanto para a definição do voto dos eleitores que já possuem uma opção, mas ainda não estão convictos, quanto para aqueles que continuam indecisos – grupo que representa 45% no cenário espontâneo, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, de acordo com a última pesquisa da Quaest.

“Em geral, consideramos que os debates têm potencial limitado para o convencimento do eleitorado. Mas o cenário da eleição em SP esse ano é atípico. Nessa reta final, as pesquisas indicam um contexto que combina indecisão, alta rejeição e muita proximidade entre os três primeiros colocados. Por isso não há evidências que nos permitam antecipar quem vai ao segundo turno com precisão”, explica.

O professor da FGV e cientista político Cláudio Couto aposta em um debate acirrado, com Nunes sendo o alvo natural e preferencial dos demais candidatos por ser o atual prefeito, assim como ocorreu nos embates anteriores. Couto destaca que o emedebista será especialmente atacado por Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.

“Os bolsonaristas que migraram para Nunes podem, eventualmente, acabar migrando para Marçal depois desse debate, dependendo do que vier a ocorrer nele”, explica.

Em sua avaliação, o ex-coach manterá o comportamento agressivo que fortaleceu sua imagem de antissistema e disruptivo, mantendo-o competitivo até o momento – postura que pressiona diretamente Nunes.

“Nunes acaba ficando ‘ensanduichado’ pelo comportamento de Marçal porque ele tem que se mostrar também um sujeito sensato, mas tem se mostrado mais agressivo do que seria bom para a imagem que tenta construir de moderado. E, ao mesmo tempo, não consegue ser tão radical quanto precisaria para atrair o eleitorado bolsonarista, aquele eleitorado de extrema-direita”, completa.

Quanto a Boulos, o professor ressalta que o debate é uma oportunidade para o candidato do PSOL reforçar mais uma vez sua imagem de sensatez e moderação, um movimento que o psolista vem tentando construir desde o início da campanha, com o objetivo de desconstruir a figura de radical que seus adversários lhe imputaram.

Regras

No debate, os candidatos estarão lado a lado no estúdio, e não haverá plateia. A transmissão será dividida em quatro blocos, sendo o primeiro e o terceiro com temas livres e o segundo e o quarto com temas determinados. Em cada bloco, um candidato, escolhido por sorteio, fará uma pergunta a um adversário que ainda não tiver respondido no determinado bloco. Cada participante deve fazer e responder a uma pergunta em cada bloco.

Os tempos designados são 40 segundos para perguntas, um minuto e 40 segundos para respostas, um minuto e 15 segundos para réplicas e um minuto para tréplicas. A Globo informou pode alterar esses tempos conforme julgar necessário. Ao final do debate, cada candidato terá dois minutos para considerações finais.

O debate promovido pela TV Globo nesta quinta-feira, 3, às 22h, ganhou contornos decisivos para os candidatos à Prefeitura de São Paulo, não apenas por ser o último antes da votação do primeiro turno, no domingo, 6, mas também pelo cenário de indefinição apontado pelos institutos de pesquisa, entre eles o Datafolha, que mostra Ricardo Nunes (MDB) liderando numericamente com 27% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, e Pablo Marçal (PRTB), com 21%. No debate da Globo, estarão presentes, além dos três, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB).

Até o momento, foram 10 ocasiões nas quais os principais candidatos da corrida eleitoral estiveram frente a frente. Os debates – marcados por ataques entre adversários, confusões envolvendo assessores, cadeiradas e poucas propostas para a capital paulista – serviram tanto para alavancar algumas candidaturas quanto para desconstruir outras.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Fotos: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

O primeiro, promovido pela Band em agosto, já indicava o tom dos encontros subsequentes: troca de farpas, ofensas pessoais, Marçal como o fator ‘novidade’ — esgarçando a dinâmica do formato a partir dali — e propostas de governo em segundo plano. O desempenho aquém do esperado de José Luiz Datena (PSDB) também mostrou que, se por um lado a exposição na TV tem o poder de impulsionar nomes para o grande público, como foi o caso do ex-coach; por outro, desidrata candidatos que, inicialmente, pareciam competitivos, como o tucano. Após o debate, o Datafolha mostrou que Datena recuou de 14% para 10%, enquanto Marçal subiu de 14% para 21%.

Na sequência, no debate promovido pelo Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Marçal e Boulos protagonizaram uma das cenas que, posteriormente, se tornaria um dos recortes mais visualizados nas redes sociais.Nela, o ex-coach provoca o psolista ao exibir uma carteira de trabalho, ao que este, ato contínuo, reage dando um tapa no item. O episódio, além de servir de munição para os adversários políticos reforçarem a pecha de ‘destemperado’ e ‘radical’ do candidato do PSOL, ainda alertou os responsáveis pelos debates, que foram obrigados a endurecer as regras para os eventos seguintes.

Pouco mais de um mês depois, a tensão entre os candidatos ultrapassou os limites do civilizado, culminando em um ato inimaginável, especialmente em se tratando da disputa pela administração da maior cidade do País. Datena, que já havia deixado seu lugar durante um debate na TV Gazeta para ameaçar Marçal, dessa vez foi além e partiu para as vias de fato, desferindo uma cadeirada no ex-coach após ser acusado, sem provas, de assediar uma colega de trabalho.

A escalada de violência, porém, não se limitou aos candidatos. No debate promovido pelo Grupo Flow, em 23 de setembro, o assessor de Marçal, Nahuel Gomez Medina, agrediu com um soco o marqueteiro Duda Lima, da equipe de Nunes, logo depois que o ex-coach foi expulso por descumprir as regras acordadas com a organização do evento.

Na avaliação do cientista político Antonio Lavareda, a despeito do aumento da rejeição, a estratégia agressiva adotada por Marçal conseguiu monopolizar a repercussão dos debates em torno de sua figura, compensando o fato de o candidato do PRTB não contar com o horário eleitoral gratuito e transformando a eleição em uma espécie de referendo sobre o ex-coach.

“Ele elevou bastante sua rejeição, mas conseguiu demonstrar resiliência, mesmo após o início da propaganda de TV e rádio, da qual está excluído. Os debates acabaram, de certa forma, compensando a ausência de Marçal na propaganda eleitoral”, explica.

Último debate será decisivo

Agora, a expectativa é que o cenário de indefinição apontado pelo último Datafolha dê contornos decisivos ao debate promovido pela TV Globo, conforme pontua Lavareda. “Poucas vezes um debate eleitoral terá sido tão dramaticamente importante quanto este. No cenário de empate triplo, inédito nas eleições municipais de São Paulo, o debate será o último momento de grande exposição simultânea dos candidatos na campanha eleitoral”, ressalta.

Da mesma forma, o cientista político e diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) Analítica, Vinicius Alves, avalia que o debate será crucial tanto para a definição do voto dos eleitores que já possuem uma opção, mas ainda não estão convictos, quanto para aqueles que continuam indecisos – grupo que representa 45% no cenário espontâneo, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, de acordo com a última pesquisa da Quaest.

“Em geral, consideramos que os debates têm potencial limitado para o convencimento do eleitorado. Mas o cenário da eleição em SP esse ano é atípico. Nessa reta final, as pesquisas indicam um contexto que combina indecisão, alta rejeição e muita proximidade entre os três primeiros colocados. Por isso não há evidências que nos permitam antecipar quem vai ao segundo turno com precisão”, explica.

O professor da FGV e cientista político Cláudio Couto aposta em um debate acirrado, com Nunes sendo o alvo natural e preferencial dos demais candidatos por ser o atual prefeito, assim como ocorreu nos embates anteriores. Couto destaca que o emedebista será especialmente atacado por Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.

“Os bolsonaristas que migraram para Nunes podem, eventualmente, acabar migrando para Marçal depois desse debate, dependendo do que vier a ocorrer nele”, explica.

Em sua avaliação, o ex-coach manterá o comportamento agressivo que fortaleceu sua imagem de antissistema e disruptivo, mantendo-o competitivo até o momento – postura que pressiona diretamente Nunes.

“Nunes acaba ficando ‘ensanduichado’ pelo comportamento de Marçal porque ele tem que se mostrar também um sujeito sensato, mas tem se mostrado mais agressivo do que seria bom para a imagem que tenta construir de moderado. E, ao mesmo tempo, não consegue ser tão radical quanto precisaria para atrair o eleitorado bolsonarista, aquele eleitorado de extrema-direita”, completa.

Quanto a Boulos, o professor ressalta que o debate é uma oportunidade para o candidato do PSOL reforçar mais uma vez sua imagem de sensatez e moderação, um movimento que o psolista vem tentando construir desde o início da campanha, com o objetivo de desconstruir a figura de radical que seus adversários lhe imputaram.

Regras

No debate, os candidatos estarão lado a lado no estúdio, e não haverá plateia. A transmissão será dividida em quatro blocos, sendo o primeiro e o terceiro com temas livres e o segundo e o quarto com temas determinados. Em cada bloco, um candidato, escolhido por sorteio, fará uma pergunta a um adversário que ainda não tiver respondido no determinado bloco. Cada participante deve fazer e responder a uma pergunta em cada bloco.

Os tempos designados são 40 segundos para perguntas, um minuto e 40 segundos para respostas, um minuto e 15 segundos para réplicas e um minuto para tréplicas. A Globo informou pode alterar esses tempos conforme julgar necessário. Ao final do debate, cada candidato terá dois minutos para considerações finais.

O debate promovido pela TV Globo nesta quinta-feira, 3, às 22h, ganhou contornos decisivos para os candidatos à Prefeitura de São Paulo, não apenas por ser o último antes da votação do primeiro turno, no domingo, 6, mas também pelo cenário de indefinição apontado pelos institutos de pesquisa, entre eles o Datafolha, que mostra Ricardo Nunes (MDB) liderando numericamente com 27% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, e Pablo Marçal (PRTB), com 21%. No debate da Globo, estarão presentes, além dos três, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB).

Até o momento, foram 10 ocasiões nas quais os principais candidatos da corrida eleitoral estiveram frente a frente. Os debates – marcados por ataques entre adversários, confusões envolvendo assessores, cadeiradas e poucas propostas para a capital paulista – serviram tanto para alavancar algumas candidaturas quanto para desconstruir outras.

Os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena. Fotos: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão e Werther Santana/Estadão

O primeiro, promovido pela Band em agosto, já indicava o tom dos encontros subsequentes: troca de farpas, ofensas pessoais, Marçal como o fator ‘novidade’ — esgarçando a dinâmica do formato a partir dali — e propostas de governo em segundo plano. O desempenho aquém do esperado de José Luiz Datena (PSDB) também mostrou que, se por um lado a exposição na TV tem o poder de impulsionar nomes para o grande público, como foi o caso do ex-coach; por outro, desidrata candidatos que, inicialmente, pareciam competitivos, como o tucano. Após o debate, o Datafolha mostrou que Datena recuou de 14% para 10%, enquanto Marçal subiu de 14% para 21%.

Na sequência, no debate promovido pelo Estadão, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Marçal e Boulos protagonizaram uma das cenas que, posteriormente, se tornaria um dos recortes mais visualizados nas redes sociais.Nela, o ex-coach provoca o psolista ao exibir uma carteira de trabalho, ao que este, ato contínuo, reage dando um tapa no item. O episódio, além de servir de munição para os adversários políticos reforçarem a pecha de ‘destemperado’ e ‘radical’ do candidato do PSOL, ainda alertou os responsáveis pelos debates, que foram obrigados a endurecer as regras para os eventos seguintes.

Pouco mais de um mês depois, a tensão entre os candidatos ultrapassou os limites do civilizado, culminando em um ato inimaginável, especialmente em se tratando da disputa pela administração da maior cidade do País. Datena, que já havia deixado seu lugar durante um debate na TV Gazeta para ameaçar Marçal, dessa vez foi além e partiu para as vias de fato, desferindo uma cadeirada no ex-coach após ser acusado, sem provas, de assediar uma colega de trabalho.

A escalada de violência, porém, não se limitou aos candidatos. No debate promovido pelo Grupo Flow, em 23 de setembro, o assessor de Marçal, Nahuel Gomez Medina, agrediu com um soco o marqueteiro Duda Lima, da equipe de Nunes, logo depois que o ex-coach foi expulso por descumprir as regras acordadas com a organização do evento.

Na avaliação do cientista político Antonio Lavareda, a despeito do aumento da rejeição, a estratégia agressiva adotada por Marçal conseguiu monopolizar a repercussão dos debates em torno de sua figura, compensando o fato de o candidato do PRTB não contar com o horário eleitoral gratuito e transformando a eleição em uma espécie de referendo sobre o ex-coach.

“Ele elevou bastante sua rejeição, mas conseguiu demonstrar resiliência, mesmo após o início da propaganda de TV e rádio, da qual está excluído. Os debates acabaram, de certa forma, compensando a ausência de Marçal na propaganda eleitoral”, explica.

Último debate será decisivo

Agora, a expectativa é que o cenário de indefinição apontado pelo último Datafolha dê contornos decisivos ao debate promovido pela TV Globo, conforme pontua Lavareda. “Poucas vezes um debate eleitoral terá sido tão dramaticamente importante quanto este. No cenário de empate triplo, inédito nas eleições municipais de São Paulo, o debate será o último momento de grande exposição simultânea dos candidatos na campanha eleitoral”, ressalta.

Da mesma forma, o cientista político e diretor do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) Analítica, Vinicius Alves, avalia que o debate será crucial tanto para a definição do voto dos eleitores que já possuem uma opção, mas ainda não estão convictos, quanto para aqueles que continuam indecisos – grupo que representa 45% no cenário espontâneo, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, de acordo com a última pesquisa da Quaest.

“Em geral, consideramos que os debates têm potencial limitado para o convencimento do eleitorado. Mas o cenário da eleição em SP esse ano é atípico. Nessa reta final, as pesquisas indicam um contexto que combina indecisão, alta rejeição e muita proximidade entre os três primeiros colocados. Por isso não há evidências que nos permitam antecipar quem vai ao segundo turno com precisão”, explica.

O professor da FGV e cientista político Cláudio Couto aposta em um debate acirrado, com Nunes sendo o alvo natural e preferencial dos demais candidatos por ser o atual prefeito, assim como ocorreu nos embates anteriores. Couto destaca que o emedebista será especialmente atacado por Marçal, já que ambos disputam o mesmo eleitorado.

“Os bolsonaristas que migraram para Nunes podem, eventualmente, acabar migrando para Marçal depois desse debate, dependendo do que vier a ocorrer nele”, explica.

Em sua avaliação, o ex-coach manterá o comportamento agressivo que fortaleceu sua imagem de antissistema e disruptivo, mantendo-o competitivo até o momento – postura que pressiona diretamente Nunes.

“Nunes acaba ficando ‘ensanduichado’ pelo comportamento de Marçal porque ele tem que se mostrar também um sujeito sensato, mas tem se mostrado mais agressivo do que seria bom para a imagem que tenta construir de moderado. E, ao mesmo tempo, não consegue ser tão radical quanto precisaria para atrair o eleitorado bolsonarista, aquele eleitorado de extrema-direita”, completa.

Quanto a Boulos, o professor ressalta que o debate é uma oportunidade para o candidato do PSOL reforçar mais uma vez sua imagem de sensatez e moderação, um movimento que o psolista vem tentando construir desde o início da campanha, com o objetivo de desconstruir a figura de radical que seus adversários lhe imputaram.

Regras

No debate, os candidatos estarão lado a lado no estúdio, e não haverá plateia. A transmissão será dividida em quatro blocos, sendo o primeiro e o terceiro com temas livres e o segundo e o quarto com temas determinados. Em cada bloco, um candidato, escolhido por sorteio, fará uma pergunta a um adversário que ainda não tiver respondido no determinado bloco. Cada participante deve fazer e responder a uma pergunta em cada bloco.

Os tempos designados são 40 segundos para perguntas, um minuto e 40 segundos para respostas, um minuto e 15 segundos para réplicas e um minuto para tréplicas. A Globo informou pode alterar esses tempos conforme julgar necessário. Ao final do debate, cada candidato terá dois minutos para considerações finais.

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