Nova York – O presidente da consultoria política Eurasia, Ian Bremmer, classificou o bloqueio do X (ex-Twitter) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil como um “exagero político” e as manifestações de 7 de setembro, quando é celebrado o Dia da Independência no País, como “significativas”. Segundo ele, embora pequenas quando comparadas a outros atos, os protestos foram uma demonstração do que vem pela frente nas eleições presidenciais de 2026.
“As manifestações foram significativas porque mostram que a defesa da liberdade e da democracia é um grito de guerra da oposição na próxima eleição presidencial em 2026″, disse Bremmer, em um vídeo compartilhado em seu perfil no X.
O especialista destacou que tanto o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o da maioria das lideranças da direita no Brasil como, por exemplo, o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fizeram duras críticas à decisão da Suprema Corte e, especificamente, ao ministro Alexandre de Moraes.
Segundo Bremmer, a suspensão do X no Brasil está recebendo muita atenção porque é uma “granada política”. “Isso está ajudando a oposição conservadora no Brasil a dizer que as liberdades individuais estão sendo minadas”, disse.
Ele fez um paralelo com a situação nos Estados Unidos. “O ponto interessante é que isso está relacionado aos Estados Unidos, ambos os lados no Brasil, assim como nos EUA, acreditam que o outro é uma ameaça à democracia”, afirmou. E isso não acontece no Canadá, no Reino Unido, na França, na Alemanha, no Japão ou na Coreia do Sul, listou.
“Eu diria que o Brasil é a única grande democracia que mais se parece com os Estados Unidos em termos desse nível de disfunção política”, reforçou Bremmer.
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Conforme ele, a oposição liderada por Bolsonaro está usando a defesa da democracia e da liberdade para mobilizar sua base antes das eleições de 2026, o que tem sido muito mais um ‘cartão de visita’ da esquerda. “Essa luta que foi iniciada pela Suprema Corte está contribuindo para essa narrativa”, avaliou.
O presidente da consultoria política Eurasia ponderou, contudo, que uma grande diferença entre o Brasil e os Estados Unidos é que nos EUA, a Suprema Corte, embora às vezes tenha uma inclinação liberal e atualmente conservadora, ainda é uma organização independente, separada do Executivo. Já no Brasil, o órgão é “muito mais politizado e corrupto”.
“O esforço para derrubar o Twitter/X no Brasil, bem como congelar as contas da Starlink, também de propriedade de Elon Musk, foi um exagero político e politizado por um membro específico da Suprema Corte”, avaliou Bremmer.
Ele lembrou ainda que o bloqueio do X no País ocorreu após a recusa da rede social de derrubar contas que estavam disseminando desinformação e notícias falsas, enquanto que em outros países como Turquia e Emirados Árabes, a plataforma acatou decisões semelhantes. “O Twitter/X historicamente obedeceu de forma esmagadora e de fato derrubou as contas. Vimos isso em vários países. E esse não foi o caso no Brasil”, pontuou.
Na sua visão, a razão pela qual Elon Musk e o X se recusaram a remover as contas é a sua simpatia com o conteúdo divulgado. “Há uma oportunidade dos conservadores, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, de usar isso e a oposição à liberdade de expressão como um chamado para a mobilização, e foi isso que vimos nessas manifestações no fim de semana”, concluiu.