Delações citam beneficiários de R$ 1,68 bilhão


Depoimentos de executivos da Odebrecht permitem rastrear pagamentos ilegais a quase 500 políticos, lobistas e servidores

Por Daniel Bramatti e Marcelo Godoy

As delações que a Odebrecht apresentou à Justiça indicam os beneficiários de pelo menos R$ 1,68 bilhão pago em propinas e contribuições ilegais de campanha. Os recursos foram distribuídos a quase 500 políticos, lobistas, empresários e dirigentes de estatais no Brasil e no exterior. 

Trata-se de um quadro parcial, já que a máquina montada pela empreiteira para garantir o superfaturamento de obras e o desvio de recursos públicos movimentou valores muito maiores. Segundo delação do ex-executivo Hilberto Mascarenhas, o chamado Setor de Operações Estruturadas – departamento de propinas da Odebrecht – fez pagamentos de US$ 3,37 bilhões entre 2006 e 2014. Em valores atuais, isso equivale a cerca de R$ 10,6 bilhões.

Hilberto Mascarenhas chefiava o 'departamento de propinas' da Odebrecht Foto: Suellen Lima/Frame Photo
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O rastreamento de R$ 1,68 bilhão foi feito pelo Estado com base no cruzamento de dados de três fontes de informação: os 337 pedidos de abertura de inquérito e petições assinadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF); os depoimentos que executivos da Odebrecht prestaram, como parte de seus acordos de delação premiada; e a planilha de pagamentos entregue aos procuradores por Benedicto Júnior, um dos delatores.

Nem sempre é possível contabilizar valores. Em muitas das operações citadas pelos executivos da empresa em seus depoimentos, por exemplo, não há detalhamento de quanto foi pago para os agentes públicos envolvidos.

Da fatia dos recursos em que é possível identificar o beneficiário, a maior parte foi para representantes do PT e do PMDB, partidos que dividiram o poder nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas uma parcela expressiva foi destinada a líderes do PSDB, principal partido de oposição durante as gestões petistas.

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Os desembolsos bilionários eram vistos pela Odebrecht como um investimento. O grupo empresarial negociou favores com políticos em todas as esferas de poder – de vereadores em cidades pequenas, como Santa Gertrudes (SP), a ocupantes do Palácio do Planalto. Com o dinheiro distribuído, a empresa comprou a aprovação de medidas tributárias que a beneficiaram. Pagou ainda comissões para obter benesses em contratos de infraestrutura. 

A empreiteira atendeu a pedidos e também foi proativa, ao oferecer contribuições a políticos que se alinhavam a seus interesses. Procurou ainda quebrar resistências de indivíduos e grupos que identificou como potenciais obstáculos. Quanto mais influentes os políticos, maiores eram os valores com os quais eram contemplados.

Ranking. No topo do ranking de pagamentos compilado pelo Estado – cujas posições ainda podem variar, a depender das investigações e da revelação de novos documentos – estão, além de representantes do PT, do PMDB e do PSDB, um ex-diretor da Petrobrás e nomes ligados aos governos de Angola e Venezuela.

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Dos políticos brasileiros, estão em posição de destaque o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP) e o ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). 

As delações que a Odebrecht apresentou à Justiça indicam os beneficiários de pelo menos R$ 1,68 bilhão pago em propinas e contribuições ilegais de campanha. Os recursos foram distribuídos a quase 500 políticos, lobistas, empresários e dirigentes de estatais no Brasil e no exterior. 

Trata-se de um quadro parcial, já que a máquina montada pela empreiteira para garantir o superfaturamento de obras e o desvio de recursos públicos movimentou valores muito maiores. Segundo delação do ex-executivo Hilberto Mascarenhas, o chamado Setor de Operações Estruturadas – departamento de propinas da Odebrecht – fez pagamentos de US$ 3,37 bilhões entre 2006 e 2014. Em valores atuais, isso equivale a cerca de R$ 10,6 bilhões.

Hilberto Mascarenhas chefiava o 'departamento de propinas' da Odebrecht Foto: Suellen Lima/Frame Photo

O rastreamento de R$ 1,68 bilhão foi feito pelo Estado com base no cruzamento de dados de três fontes de informação: os 337 pedidos de abertura de inquérito e petições assinadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF); os depoimentos que executivos da Odebrecht prestaram, como parte de seus acordos de delação premiada; e a planilha de pagamentos entregue aos procuradores por Benedicto Júnior, um dos delatores.

Nem sempre é possível contabilizar valores. Em muitas das operações citadas pelos executivos da empresa em seus depoimentos, por exemplo, não há detalhamento de quanto foi pago para os agentes públicos envolvidos.

Da fatia dos recursos em que é possível identificar o beneficiário, a maior parte foi para representantes do PT e do PMDB, partidos que dividiram o poder nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas uma parcela expressiva foi destinada a líderes do PSDB, principal partido de oposição durante as gestões petistas.

Os desembolsos bilionários eram vistos pela Odebrecht como um investimento. O grupo empresarial negociou favores com políticos em todas as esferas de poder – de vereadores em cidades pequenas, como Santa Gertrudes (SP), a ocupantes do Palácio do Planalto. Com o dinheiro distribuído, a empresa comprou a aprovação de medidas tributárias que a beneficiaram. Pagou ainda comissões para obter benesses em contratos de infraestrutura. 

A empreiteira atendeu a pedidos e também foi proativa, ao oferecer contribuições a políticos que se alinhavam a seus interesses. Procurou ainda quebrar resistências de indivíduos e grupos que identificou como potenciais obstáculos. Quanto mais influentes os políticos, maiores eram os valores com os quais eram contemplados.

Ranking. No topo do ranking de pagamentos compilado pelo Estado – cujas posições ainda podem variar, a depender das investigações e da revelação de novos documentos – estão, além de representantes do PT, do PMDB e do PSDB, um ex-diretor da Petrobrás e nomes ligados aos governos de Angola e Venezuela.

Dos políticos brasileiros, estão em posição de destaque o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP) e o ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). 

As delações que a Odebrecht apresentou à Justiça indicam os beneficiários de pelo menos R$ 1,68 bilhão pago em propinas e contribuições ilegais de campanha. Os recursos foram distribuídos a quase 500 políticos, lobistas, empresários e dirigentes de estatais no Brasil e no exterior. 

Trata-se de um quadro parcial, já que a máquina montada pela empreiteira para garantir o superfaturamento de obras e o desvio de recursos públicos movimentou valores muito maiores. Segundo delação do ex-executivo Hilberto Mascarenhas, o chamado Setor de Operações Estruturadas – departamento de propinas da Odebrecht – fez pagamentos de US$ 3,37 bilhões entre 2006 e 2014. Em valores atuais, isso equivale a cerca de R$ 10,6 bilhões.

Hilberto Mascarenhas chefiava o 'departamento de propinas' da Odebrecht Foto: Suellen Lima/Frame Photo

O rastreamento de R$ 1,68 bilhão foi feito pelo Estado com base no cruzamento de dados de três fontes de informação: os 337 pedidos de abertura de inquérito e petições assinadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF); os depoimentos que executivos da Odebrecht prestaram, como parte de seus acordos de delação premiada; e a planilha de pagamentos entregue aos procuradores por Benedicto Júnior, um dos delatores.

Nem sempre é possível contabilizar valores. Em muitas das operações citadas pelos executivos da empresa em seus depoimentos, por exemplo, não há detalhamento de quanto foi pago para os agentes públicos envolvidos.

Da fatia dos recursos em que é possível identificar o beneficiário, a maior parte foi para representantes do PT e do PMDB, partidos que dividiram o poder nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Mas uma parcela expressiva foi destinada a líderes do PSDB, principal partido de oposição durante as gestões petistas.

Os desembolsos bilionários eram vistos pela Odebrecht como um investimento. O grupo empresarial negociou favores com políticos em todas as esferas de poder – de vereadores em cidades pequenas, como Santa Gertrudes (SP), a ocupantes do Palácio do Planalto. Com o dinheiro distribuído, a empresa comprou a aprovação de medidas tributárias que a beneficiaram. Pagou ainda comissões para obter benesses em contratos de infraestrutura. 

A empreiteira atendeu a pedidos e também foi proativa, ao oferecer contribuições a políticos que se alinhavam a seus interesses. Procurou ainda quebrar resistências de indivíduos e grupos que identificou como potenciais obstáculos. Quanto mais influentes os políticos, maiores eram os valores com os quais eram contemplados.

Ranking. No topo do ranking de pagamentos compilado pelo Estado – cujas posições ainda podem variar, a depender das investigações e da revelação de novos documentos – estão, além de representantes do PT, do PMDB e do PSDB, um ex-diretor da Petrobrás e nomes ligados aos governos de Angola e Venezuela.

Dos políticos brasileiros, estão em posição de destaque o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (PT), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP) e o ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). 

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