O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou na madrugada desta quinta-feira, 2, que sofreu coação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-deputado federal Daniel Silveira para se aliar a eles em um golpe de Estado que envolveria também dois generais. Do Val disse ter negado a proposta, mas horas depois, recuou e culpou Silveira pelo plano. Este foi o episódio mais recente de uma série de movimentos que culminaram nos atos golpistas que depredaram os Três Poderes em 8 de janeiro. Veja a cronologia:
Leia também
30 de outubro
Eleição
Bolsonaro se cala, não admite derrota eleitoral, e apoiadores instalam acampamentos na entrada de quartéis das Forças Armadas pelo País; estradas são bloqueadas.
2 de novembro
Pronunciamento
Pressionado, Bolsonaro grava vídeo pedindo que apoiadores desobstruam estradas por causa de prejuízos à economia.
18 de novembro
Acampamentos
Vice na chapa de Bolsonaro, o ex-ministro e general Braga Netto encontra apoiadores que se aglomeravam em quartel e diz para que não se desmobilizem: ‘Não percam a fé. É tudo o que posso falar para vocês agora. Tem que dar um tempo’
22 de novembro
Relatório
PL, partido de Bolsonaro, apresenta relatório para anular votos em urnas eletrônicas que deram vantagem a Lula no segundo turno.
7 de dezembro
Contato
Segundo reportagem da revista Veja, o senador Marcos Do Val (Podemos-ES) é procurado pelo deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) durante sessão do Congresso. O deputado diz que o presidente Jair Bolsonaro tem um assunto urgente para falar com ele. Um encontro é combinado para dois dias depois.
9 de dezembro
Fim do silêncio
Em sua primeira manifestação após a derrota na eleição, Bolsonaro afirma a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, que “nada está perdido” e que eles são responsáveis por decidir o futuro do País e “para onde vão as Forças Armadas”.
Reunião
Em reunião no Alvorada, conforme a reportagem, Bolsonaro relata a Daniel Silveira e a Marcos do Val um plano para anular o resultado das eleições, impedir a posse de Lula e permanecer no poder. Próximo do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, ao senador caberia a missão de gravar o magistrado e captar algo que pudesse comprometê-lo.
10 de dezembro
Resposta
Silveira envia uma série de mensagens ao senador cobrando uma resposta. Ainda de acordo com Veja, o deputado reafirma que Do Val poderia ficar tranquilo, que a missão é segura.
12 de dezembro
Diplomação
O presidente Lula é diplomado no plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Protestos
Bolsonaristas incendeiam veículos em vias na região central de Brasília e tentam invadir a sede de Polícia Federal, em protesto contra a diplomação do novo presidente. No mesmo dia, Bolsonaro sai do isolamento no Alvorada, encontra e acena a apoiadores.
Ação ‘criminal’
Do Val, segundo Veja, diz em mensagem a Moraes que Bolsonaro e Silveira o convidaram para participar de uma ação “esdrúxula, imoral e até criminal”.
14 de dezembro
Encontro
Do Val se encontra com o ministro Alexandre de Moraes no Supremo; nesse dia, a Corte julgava a legalidade do orçamento secreto. O senador relata ao ministro o teor da reunião no Alvorada, de acordo com a reportagem da revista Veja.
Recusa
O senador Marcos do Val diz a Daniel Silveira que “declina da missão”, ainda de acordo com a reportagem.
24 de dezembro
Bomba
Polícia intercepta tentativa de bolsonaristas explodirem uma bomba no aeroporto de Brasília, para provocar instabilidade institucional.
30 de dezembro
Live
Antes de deixar o País para não passar a faixa ao sucessor, Bolsonaro afirma em live que buscou maneiras, mas não teve apoio necessário para contestar a eleição de Lula e acusa Justiça Eleitoral de parcialidade na eleição.
08 de janeiro
Ataques aos Três Poderes
Uma semana depois da posse de Lula, bolsonaristas radicais invadem e depredam a sede dos três poderes em Brasília.
12 de janeiro
Minuta
Polícia Federal apreende na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres minuta de um decreto golpista para impor Estado de Defesa na Justiça Eleitoral.
02 de fevereiro
Denúncia
Em live nas redes sociais, o senador afirma que sofreu coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado. O plano incluía gravar ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes. Horas depois da revelação, o senador comunicou que apresentaria sua renúncia no Senado Federal.
Silveira preso
O ex-deputado federal Daniel Silveira foi preso por determinação de Moraes após o descumprimento de uma série de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e proibição do uso de redes sociais. Na decisão, Moraes determinou ainda a busca pessoal e a apreensão em imóveis e automóveis do ex-deputado, autorizou o acesso e a análise do conteúdo em computadores, servidores, redes e dispositivos eletrônicos de Silveira e a apreensão de dinheiro em espécie.
Recuo
Depois de receber ligações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos do Val mudou sua versão sobre a denúncia e agora diz que o plano, na verdade, foi do ex-deputado Daniel Silveira. Flávio confirmou que o pai teve uma reunião com o Marcos do Val, mas alegou que a situação não configura “nenhum tipo de crime” e também responsabilizou Silveira.
Depoimento
que foi preso nesta quinta-feira, 2, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) por violação de decisão judicial. O senador é aguardado para depor à Polícia Federal às 17h desta quinta-feira.